terça-feira, 29 de julho de 2014

CAJUZINHOS DA DONANA

Há muito tempo tenho sido solicitada a postar a receita do meu cajuzinho, que, modéstia à parte, é uma delicinha. Na verdade a receita não é minha, mas de minha querida e inesquecível irmã, Ana, que tinha mãos delicadas para muitas coisas, entre elas comidinhas e flores. Sendo a boa e cuidadosa mãe que foi, caprichava nas festinhas de aniversário dos filhos e a receita vem desses tempos. Não sei de onde ela a descobriu, nem mesmo se foi um experimento dela que deu certo. O nosso famoso e premiado doce de leite estava sendo lançado por aquela época e acredito muito na possibilidade de ter sido uma descoberta dela, essa receita saborosa e fácil que sequer precisa ir ao fogo. 
Demorei na postagem porque sempre que  fazia os cajuzinhos, acabava esquecendo de fotografar e hoje, aniversário de uma amiga querida, levei-os de presente a ela, tendo, no entanto o cuidado de tirar fotos, porque a experiência tem indicado que postagens sem fotos raramente são lidas e todos que escrevem e publicam, almejam ser lidos.
Os cajuzinhos não servem apenas como sobremesa. Como ficam pouco doces, principalmente nesses dias muito frios, podem fazer bonito em  um chá da tarde, ou um café. 

CAJUZINHOS DA DONANA

INGREDIENTES
500 gr de amendoim. 
400 gr de doce de leite em pasta, de boa qualidade.
300 gr de achocolatado, de preferência dos menos açucarados.
Um pires de açúcar refinado.


MODO DE PREPARO
Torre e retire as cascas do amendoim. Reserve meia xícara  e triture o restante no liquidificador;
Separe duas colheres  das de sopa, bem cheias do achocolatado e misture o restante ao amendoim.
Vá acrescentando o doce de leite, às colheradas e misturando, até obter a consistência de enrolar. A massa deve ficar bem macia e isso vai depender da consistência do doce de leite. Se for necessário ajuste a quantidade de achocolatado, acrescentando o que foi reservado. Enrole os cajuzinhos umedecendo as palmas das mãos. Passe-os em açúcar refinado e espete os amendoins na bundinha dos doces.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

FESTAS EM GUARACIABA - SANTANA E SÃO CRISTÓVAO

Quem é de Guaraciaba,  (morada do sol, em tupi guarani), provavelmente  nesses dias deve está por lá. Se não literalmente, pelo menos em pensamento.  Neste momento em que escrevo, certamente está acontecendo na cidade, a bonita procissão de São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas, cuja lenda relata que teria transportado nos ombros o Menino Jesus,  em uma travessia de rio.
São Cristóvao, protetor dos motoristas
 Seu dia é celebrado hoje, 25 de julho, um dia antes de Santana, a padroeira da cidade.
Santana padroeira de Guaraciaba, protetora das avós
Como se sabe, Santana era a avó de Jesus, mãe de Nossa Senhora. Amanhã é o auge da festa que dura uma semana inteira e, para os guaraciabenses é motivo de muito orgulho por atrair pessoas de muitos lugares e por ser essa a época escolhida pelos que moram fora, para visitar a cidade. Tenho parentes que residem longe e que deixam de vir no Natal e no Ano Novo, mas em julho, religiosamente estão na cidade.
É uma festa linda, não somente por seu aspecto religioso,  de resgate das tradições locais. Mas principalmente pelo encontro. Nesses dias as famílias se reúnem e recebem os parentes de perto ou de longe, com toda a alegria. O povo do lugar, como a maioria dos mineiros, é muito hospitaleiro e oferece ao visitante o que há de melhor. Os fogões a  lenha, ainda presentes em muitas casas, são acesos bem cedinho. O frio, nessa época do ano, é de rachar, mas café quentinho sai a toda hora; biscoitos de polvilho, brevidade, cabeça de macaco, broas e bolos variados, e queijo Minas e leite quentinho, muitas vezes ainda vindo da roça, complementam o lanche farto e saboroso, aquecendo o peito e a alma.
No almoço e no jantar, as famílias aproveitam a presença dos parentes de longe e praticam sua melhor culinária. “Suã com Arroz”, “Tutu de Feijão, lombo e couve”, “Frango ao molho pardo”, “Galinhada”, “Feijão tropeiro”, “Pato com macarrão” e muitas outras delícias estão presentes na maioria das mesas nesses dias.
Quanto às sobremesas, desculpem a pouca modéstia, pois sou da terra: em nenhum outro lugar se fazem pudins como em Guaraciaba. O rocambole de doce de leite feito em casa é de comer rezando, o pão dourado, o biscoito embriagado - nunca ouvi falar desse biscoito em outros lugares, acho que só os guaraciabenses conhecem e sabem fazer, são de comer rezando. 

Os estandartes de Santana e São Cristóvão que ilustram essa postagem foram feitos no ano passado e são dos primeiros da minha coleção que está tomando corpo. Agora com o prêmio que ganhei no SUEC (Salão Universitário de Expressão e Criatividade), estou pensando na possibilidade de expô-lo. A resolver. 

sábado, 19 de julho de 2014

O OUTRO LADO DA BAHIA

Difícil não gostar da Bahia. Rico em tradições e cultura, terra de Castro Alves, Caymmi e Caetano, para citar apenas alguns, provavelmente dono de um dos litorais mais bonitos do Brasil, o estado da Bahia  oferece muitos motivo para nos apaixonar.
Foi o que aconteceu comigo, recentemente ao visitar o oeste do estado, esse outro lado da Bahia, pouco conhecido por nós aqui do Sudeste. A região de Barreiras, próxima às divisas com o Piauí, Maranhão e Tocantins, embora  bastante seca, é cortada pelo Rio Grande, um dos importantes afluentes do Rio São Francisco. O estado  é riquíssimo em belezas naturais, e não somente em seu litoral.
Buritis ao lado do rio de Ondas em Barreiras-Ba

A região a que me refiro é  uma área de transição entre o Cerrado e a Caatinga. Fui surpreendida ao descobrir como é variada e bonita a vegetação do lugar. Espantou-me também a beleza dos rios, que, para minha alegria, na região, apresentam-se limpos e com suas matas ciliares bem preservadas.
Enfim, uma viagem que imaginei ser apenas para visitar familiares, transformou-se em um passeio repleto de oportunidades de lazer, de descobertas culinárias interessantes e outros prazeres.
Lagoa Azul, beleza deslumbrante
Trilha rumo à Gruta do Catão

Além da curiosa "galinha de mulher parida" e das variadas opções de peixes (saboreados nos bonitos restaurantes à beira do rio de Ondas), descobri uma encantadora diversidade de frutas e biscoitos saborosíssimos.
Orquídeas oncídios agarradas ao pé de juazeiro em plena Caatinga

Há atrativos turísticos inesquecíveis como a visita às trilhas, grutas e cânions da região de São Desidério, onde se encontram sítios arqueológicos que remontam a épocas pré-históricas.
Sapotizeiro carregado de frutas
Fazer uma trilha no meio da Caatinga, para visitar a Lagoa Azul e a Gruta do Catão, que situam-se em uma bem cuidada área de preservação ambiental, constituiu-se em um dos atrativos mais interessantes dessa surpreendente viagem ao outro lado da Bahia.
Barriguda na Caatinga
Rio de Ondas 
Paredões de Pedras no Rio Grande em São Desidério
Saco de Bode ou Algodão de Seda
Em plena Caatinga
Descer de bote o Rio de Ondas é uma aventura

E para terminar já que falei tanto em belezas, no dia em que perdemos nosso grande Rubem Alves, encerro com suas lindas palavras:

“Uns acham que eu não acredito em Deus. Como não acreditar em Deus se há jardins? Um jardim é a face visível de Deus e essa face me basta”

segunda-feira, 14 de julho de 2014

DELÍCIAS DE UMA VIAGEM DE CARRO

Posso ser suspeita por fazer uma exaltação às maravilhas e belezas de uma viagem de carro, já que o meu medo de avião acaba levando-me a preferir o automóvel como meio de transporte, sempre que  a distância e o tempo permitem.
O trajeto é, em minha opinião, dependendo das estradas, parte significativa da viagem, principalmente quando temos o privilégio de fazê-lo em bons carros e com motoristas habilidosos e prudentes.
Na semana passada, como já disse aqui no Blog, fomos parar em Barreiras, na Bahia, para uma visita à família do meu irmão que mora lá há cerca de dez anos. Lamento ter adiado a viagem por tanto tempo. A região, ao contrário do que se pensa, além de constituir-se em um polo de cultivo de grãos e frutas, possui atrativos turísticos muito interessantes.
Mas disso vou falar em outro post. Hoje a minha intenção é mostrar a beleza da viagem que  incluiu o norte de Minas, parte de Goiás e um bom pedaço da Bahia.
De Belo Horizonte até a divisa de Goiás, trafegamos primeiramente por Sete lagoas, Curvelo e Três Marias, região marcada por vegetação exuberante, com predomínio de árvores de médio porte, com alternância entre restos de Mata Atlântica e maior parte de cerrado.
Ponte sobre o Rio São Francisco
Depois de atravessar o Rio São Francisco, a seca fica mais evidente e surgem, em abundâncias, as veredas, pequenos riachos  e lagoas, rodeados pela palmeira buriti, uma lindeza.
Vereda e buritis
Inevitavelmente vem à lembrança o grande romance de Guimarães Rosa. À direita, na ida, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas e várias chapadas imensas, uma topografia bem diferente da que estamos acostumados, com predomínio de montanhas. As estradas que passam por João Pinheiro, Paracatu e Unaí são quase sempre retas e planas e a viagem rende. Nesse trecho, além de faixas de cerrado, começam a surgir as grandes culturas irrigadas, especialmente as de milho.
Lindo o cultivo de algodão
Sorgo a perder de vista: dourado
contra o céu azul
O pequeno trecho de Goiás percorre a região de Formosa, tomada por plantações de soja e sorgo e quando adentramos a Bahia, o cultivo do algodão, nessa fase do ano, época de colheita,  é uma lindeza.
Além de palmeiras, como buriti, Jerivá e Guariroba, outras espécies tipicamente brasileiras como o pequizeiro, a cagaita,  os ipês e  os cedrinhos, além  de muitas outras, enfeitam a estrada  do princípio ao fim.
Pequizeiro na beira da estrada
E mais ainda. O céu da região é lindo. Talvez pela ausência de montanhas, contém uma luminosidade impressionante.  É um delírio para os olhos, coisa pra não esquecer jamais. Pena que a maioria das fotos que mostro aqui foram batidas com o carro em movimento. O ideal seria ir parando, sem dia nem hora para chegar e fotografar tudo com calma e delicadeza.
Mas porque não existe o céu na terra,  vemos coisas que aborrecem: carcaças de pneus e lixos jogados nos acostamentos e, tristeza maior, queimadas.  Difícil acreditar que alguém pode ter coragem de botar fogo em vegetação tão bonita. 
Queimada, uma tristeza




quinta-feira, 10 de julho de 2014

Viajando Brasil Afora

De Viçosa, Minas Gerais, até Barreiras na Bahia, foram 1.446 km, cerca de 20 horas de viagem de carro, uma aventura que eu desejava empreender há dez anos, desde que o meu irmão mudou-se para essa cidade situada no oeste da Bahia. Por que demorei tanto para vir? Primeiro porque no ano anterior já havia visitado a família dele em Bom Jesus da Lapa, também na Bahia e precisava dar-lhes um tempo dessas visitas demoradas.
Havia a possibilidade de vir de avião, mas não era isso que eu queria. Por essa razão fui adiando e toda vez que cogitava fazer a viagem, as companhias possíveis davam preferência a esse meio de transporte. Até que agora minha irmã Solange, motorista de primeira e disposta ao volante como poucos, resolveu me fazer companhia. Estou cada vez mais encantada com o cerrado  e amando conhecer a caatinga. Como sabem sou apaixonada por plantas e as descobertas desses biomas têm sido  surpreendentes.
Logo vou postar fotos e casos dessa viagem que está sendo maravilhosa. Por enquanto e com a ajuda de meu querido afilhado, mostro o mapa de nosso trajeto que incluiu, além de Minas e Bahia, um trecho do estado de Goiás.