domingo, 30 de agosto de 2015

Conversas de Jardineiros - Intercâmbio de Plantas

Quem ama jardins dificilmente resiste a obter plantas das regiões que visita. Em minhas andanças, ainda poucas, diante do que gostaria, não resisto e vivo trazendo sementes e mudas. Desafio os verdadeiros apaixonados por jardinagem a dizerem se também não fazem isso.
Sei que muitas delas podem se perder, porque não vão se adaptar. Há cerca de três anos adquiri, em uma viagem, um exemplar de uma mini palmeira chamedória italiana. A planta vinha da Holanbra, conhecidamente a maior região produtora de ornamentais do Brasil. Tenho tratado dela conforme as recomendações do produtor que vieram impressas na etiqueta e, ainda assim, a pobrezinha apresenta um desenvolvimento pífio. Raramente solta uma folha nova e não se encorpou, mesmo já tendo ocorrido tempo suficiente para que isso ocorresse.
A chamedória italiana
que não se desenvolve
No ano passado estive visitando o noroeste da Bahia e encantei-me, mais uma vez. Surpreendi-me ao descobrir que no Estado existem três biomas diferentes: o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga.
No lugar onde eu menos esperava, encontrei uma profusão de orquídeas: habitando um Juazeiro, árvore tão rústica quando a Caatinga onde ela vivia. É claro que eu trouxe uma muda da orquídea da Bahia. Para minha grande surpresa e, ao contrário da chamedória italiana de que falei, a lindeza adaptou-se bem onde moro, apesar do clima tão diferente de onde ela veio.
Fixada na placa de madeira junto ao muro
Fixei-a em uma placa de madeira bastante rugosa, tal como o tronco da árvore onde a vi ocorrer na natureza, e coloquei-a junto ao muro de casa, no local onde há a maior incidência de sol na área. Apenas um ano depois, ela encontra-se em plena floração. Enraizou-se além da placa, atingindo o muro, onde está fixada. Surpreendentemente deu cinco cachos dos quais três já se encontram abertos.
É bacana demais viver de olhos atentos às maravilhas da natureza. A descoberta de que, assim como nós, um jardim nunca está pronto e pode ser enriquecido e melhorado a cada dia, é, sem dúvida, uma das mais gratificantes.

Compondo lindamente com a bromélia que já existia no jardim

sábado, 22 de agosto de 2015

Dia do Folclore

Aqui no Brasil, desde 1965, no dia de 22 de agosto é comemorado o dia do Folclore. A palavra significa cultura, ou saber do povo. Assim, diversas manifestações como histórias, mitos e lendas, danças, brincadeiras, artesanato e festejos populares fazem parte do folclore de um povo ou de uma região.   Amo e me comovo diante da riqueza da cultura brasileira. Até hoje ainda choro quando leio ou escuto a história do Negrinho do Pastoreio, uma beleza de narrativa do folclore gaúcho. Igualmente me emociono com a lenda do Boto, típica da região amazônica. Da mesma forma, o Nordeste tem um folclore muito rico. Nossa Minas Gerais é também repleta de manifestações que enriquecem o imaginário de seu povo, conferindo-nos uma identidade toda peculiar.  Enfim, é de uma riqueza sem par o folclore brasileiro. Coisa para encher a gente de orgulho. 
Bordados feito a mão, na região de São Gonçalo do Rio das Pedras, no Vale do Jequitinhonha
Algumas localidades comemoram o dia com eventos, como desfiles, exposições, rodas de contação de histórias, danças típicas e diversas outras manifestações. Infelizmente, aqui na região de Viçosa, parece que a data passa batido. Sinal de que a nossa administração pública não demonstra ser sensível a esse aspecto tão importante na formação de um povo e na consolidação de sua identidade.
Caboclos, dança típica de Minas, em apresentação em Ouro Preto
 

sábado, 15 de agosto de 2015

15 de Agosto – Assunção de Nossa Senhora

Hoje é celebrada, pela tradição católica, a Assunção de Nossa Senhora. Acredita-se que quando da sua morte, a Santa tenha sido elevada aos céus em corpo e alma. A festa da Assunção é celebrada em muitos lugares. Em Portugal, por exemplo, é feriado nacional, há romarias e celebrações por todo o país.
A tradição consolidou diversas referências a Nossa Senhora, como Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Rosário, entre outras. No Brasil, como se sabe, a padroeira é Nossa Senhora Aparecida, uma versão bem nossa da Santa.
Ser devoto dela é muito comum por aqui.  Certa vez, Fernando Sabino, nosso inesquecível romancista e contista mineiro, concedeu uma entrevista que ficou para a história. Ao ser perguntado se acreditava em Deus, ele teria respondido que, em Deus tinha dúvidas, mas que cultivava uma crença convicta e muita fé em Nossa Senhora.
Nessa minha brincadeira de compor estandartes, vivo me debatendo em dúvidas sobre as imagens dos santos, já que muitos são erroneamente identificados na internet. Costumo fazer os estandartes utilizando como referências, as crenças e tradições em torno do santo. Desde que comecei, pensava em fazer um de N. Sra. do Rosário, que é, na minha opinião, uma das santas mais homenageadas com belos estandartes, por esse Brasil afora. Creio que seja por causa da força da tradição da festa do Rosário e de suas congadas, cujos cortejos são abertos com  peças muito bonitas.
O estandarte foi composto sobre fundo roxo, utilizando-se
 diversos tons dessa cor, de azul, amarelo e  dourado.
Mandei imprimir a imagem e, depois de começado o trabalho, acabei tendo dúvidas sobre se aquela seria realmente a imagem da Santa, que aparecia também com outras representações onde pesquisei. Na incerteza, bordei, “Salve Rainha”. Terminei meu estandarte há poucos dias. O momento foi bem oportuno, dada a comemoração do dia de hoje. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

COMIDINHAS - Compota de Carambola

 Dizem os que estudam a cultura mineira e a sua culinária,  que a nossa mania de fazer compotas de frutas tem origens nas dificuldades de conservá-las nos tempos em que  não havia geladeiras. E que tal hábito foi fortalecido porque o nosso estado além de muitas frutas, é também um bom produtor de açúcar. Ainda bem que herdamos essa tradição de nossas avós, porque isso  é uma gostosura. 
A carambola é linda no pé
E na fruteira

  Este ano meu pé de carambola carregou. Nos meus tempos de criança essa era uma fruta até pouco valorizada. Produzia com fartura e mais de uma vez ao ano. Assim, não tínhamos tanta preocupação em conservá-la. Mas agora, a bandejinha da fruta, com quatro ou cinco unidades, tem aparecido nos supermercados custando mais de quinze reais. (um quilo por volta de trinta reais).  Uma verdadeira afronta, já que a sua produção é tão simples.
Minha filha, depois de quatorze meses morando fora, está retornando ao Brasil na próxima semana, se Deus quiser. Quando lhe disse que o pé de carambola havia carregado, ela pediu que guardasse algumas para ela. Sendo a fruta bastante perecível, ocorreu-me fazer uma compota para ela.
A receita que reproduzo a seguir tem uma história interessante. Minha mãe sempre cultivou o pomar com muito gosto; possuía, entre diversas outras espécies, dois belos pés de carambola. Certa vez recebeu a visita de Rejane Machado,  escritora residente no Rio de janeiro, com parentes em nossa região, que impressionada com a fartura de carambolas e penalizada por vê-las perdendo, ensinou-a a fazer a compota.
O processo é muito simples, como se pode ver na receita a seguir. A compota dura meses na geladeira,  se for guardada em potes de vidro esterilizados e submetida à fervura em intervalos de aproximadamente dez dias. 

A compota, além de gostosa, fica muito bonita
 COMPOTA DE CARAMBOLA

Ingredientes
- Dez carambolas de tamanho médio, maduras ou “de vez”;
- Duas xícaras das de chá de açúcar cristal;
- Um litro de água;
- quatro paus de canela e dez cravos da Índia.

Modo de Preparo
Lave as carambolas e parta-as ao meio, retirando as sementes e o “pavio” central com cuidado para não danificar a polpa da fruta. Coloque para cozinhar junto com a água, em panela de inox,  por vinte minutos. A seguir, acrescente o açúcar, a canela e o cravo. Deixe ferver por mais dez minutos e está pronto. Depois de frio, despejar em uma vasilha de vidro.
Servir geladinho, acompanhado de queijo Minas frescal, ou requeijão cremoso.