quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

MARIA DA SAUDADE É ESPAÇO DE RESISTÊNCIA



Quem costuma vir por aqui já sabe: esse é um espaço que não pratica qualquer tipo de atividade que sequer sugira comércio, negócio ou algo parecido. Somente por isso, já considero que esse é um lugar de resistência.
Aqui tecemos prosa sobre jardinagem, literatura, sobre arte, cultura, culinária; às vezes falamos de cinema e fazemos crônicas do dia a dia.
Por aqui também se fala de política.
Esse espaço não camufla sua posição alinhada fortemente à esquerda: defendo direitos trabalhistas, inclusão social, melhor distribuição de renda, estado laico e uma justiça imparcial e humanizada, entre outras bandeiras. Aqui somos nacionalistas, professamos a ideia de que o estado deve cuidar de serviços essenciais como saúde, educação, gestão das águas, segurança e previdência social. Da mesma forma, compartilha-se a ideia de que atividades estratégicas como a mineração, a comunicação, a proteção ao meio ambiente e até serviços bancários de alcance social, como o financiamento de moradia popular, da agricultura e de pequenos negócios, entre outros, devem estar, no mínimo, sob o controle majoritário do estado e sujeitos à sua permanente vigilância e regulamentação.
Consideramos que o que ocorreu com o Brasil, em 2016, foi sim um golpe, praticado contra um governo democraticamente eleito, golpe esse financiado à custa da compra de votos de deputados, a maior parte deles atolada até o pescoço em processos de corrupção  e que vêm sendo julgados com benevolência por uma justiça com fortes indícios de parcialidade.
Não podemos esquecer que esse governo se elegeu espalhando notícias falsas nas redes sociais e defendendo a legitimação da homofobia, da violência e do machismo.
Não conseguimos deixar passar despercebido o despreparo do presidente e fechar os olhos ao fato de que escolheu uma turma de ministros retrógrados e tão despreparados para o cargo quanto ele.
Portanto, estamos tristes e preocupados com o que vem pela frente. Dessa forma, não poderíamos deixar de resistir. E, nem que seja para nós mesmos, vamos continuar repetindo:
- mulheres não vão voltar para o tanque, negros não vão voltar para o tronco, gays não vão voltar pro armário;
- benefícios sociais e cotas são necessários enquanto não houver oportunidade de educação e trabalho para todos;
- lugar de criança é na escola e dizemos não à redução da menoridade penal;
- lutamos contra a terceirização de atividades  essenciais no serviço público e contra a precarização das condições trabalho e  da vida de todos.
Nos atrevemos a cultivar permanentemente a esperança e almejar a busca de generosidade  e justiça; somos resistência e não nos cansamos de  dizê-lo. E contamos com a arte para nos amainar as dores. Como, por exemplo, essa maravilhosa música que fez parte da trilha sonora do filme Ata-me, de Pedro Almodóvar e foi lindamente gravada por Adriana Calcanhotto.

Cuando pierda todas las partidas
Cuando duerma con la soledad
Cuando se me cierren las salidas
Y la noche no me deje en paz

Cuando sienta miedo del silencio
Cuando cueste mantenerse en pie
Cuando se rebelen los recuerdos
Y me pongan contra la pared
Resistiré, erguido frente a todo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla
Pero siempre sigue en pie.

Resistiré, para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamás me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, resistiré
Cuando el mundo pierda toda magia
Cuando mi enemigo sea yo
Cuando me apuñale la nostalgia
Y no reconozca ni mi voz
Cuando me aminace la locura
Cuando en mi moneda salga cruz
Cuando el diablo pase la factura
Se alguna vez me faltas tu
Resistiré
O si alguna vez me faltas tú
Resistiré...

Composição: Carlos Toro Montoro / Manuel Arcusa
  
Fonte da letra da música: https://www.letras.mus.br/duo-dinamico/139992/traducao.html

domingo, 17 de fevereiro de 2019

CONVERSAS DE JARDINEIROS: Epífitas no jardim

Epífitas são plantas que vivem agarradas em galhos e troncos de  árvores ou arbustos. Não são parasitas, como a erva de passarinho e outras pragas que sugam a seiva das plantas, podendo até matá-las.  
Orquídeas reinam absolutas entre as epífitas
 Usando suas hospedeiras para fixação, as epífitas também se beneficiam da possibilidade de aproveitar os raios solares filtrados pela copa das árvores, o que costuma ser muito apreciado por várias espécies, principalmente orquídeas e bromélias. Estas gostam bastante de serem colocadas em troncos e galhos de árvores rugosas. Geralmente não se adaptam a espécies como goiabeiras e jabuticabeiras, por exemplos, porque periodicamente as cascas se soltam, dificultando a fixação das suas hóspedes.
Ripsális 
E chifres de veado, lindas e sempre verdes
Quem tem pouca disposição para cuidar de vasos, quase sempre  trabalhosos, e aprecia usufruir da beleza de boas floradas, desde que possua árvores ou arbustos disponíveis, conta com essa possibilidade, ainda pouco explorada por jardineiros e paisagistas.


Orquídea fixada em tronco de palmeira
O processo de fixar as plantas nas árvores é bastante simples, não exigindo grandes habilidades ou experiência. Com uma pequena corda, preferencialmente de fibra natural, como as de sisal ou corda de bananeira, uma muda saudável e um pouco de delicadeza, costuma-se acertar com facilidade.

Epifítas gostam de troncos rugosos
Orquídeas e bromélias podem ser fixadas diretamente nos galhos e troncos, podendo-se deixar suas raízes nuas; já samambaias, chifres de veado e ripsális preferem um pouco de esfagno, ou mesmo um pedaço de xaxim ou fibra de coco para proteger e conservar a umidade das raízes durante o processo de fixação. 
Bromélias e orquídeas juntas no mesmo tronco
Bromélias dão boas composições
em troncos e florescem anualmente 
É preferível que se utilizem de cordas e barbantes naturais  para amarrar as plantas, pois elas rapidamente se decompõem e integram-se às raízes e troncos.