terça-feira, 26 de março de 2013

LENDA DO CHÁ


‘           “Chá para aquecer o peito. Boa companhia para aquecer a alma”. Há tempos uma amiga  convidou-me para um chá e respondi assim. Como tratamos disso no facebook, nosso combinado gerou uma boa repercussão. Ao que percebo, é grande o número de adeptos de um bom chá.
Existem muitas lendas sobre a origem do chá. E lendas, como se sabe, pertencem aos povos que as criam e principalmente as divulgam. A lenda mais conhecida conta que a  origem do chá data de mais de 5000 anos, na China,  no reinado do Imperador Sheng Nong. Diz-se que foi um governante justo e amante das artes e da ciência, tendo ficado conhecido como Curandeiro Divino. Preocupado com as epidemias que assolavam o seu império, decretou uma lei que exigia que todas as pessoas fervessem a água antes de a consumirem.
Certo dia, quando  passeava pelos seus jardins, o governante pediu  que lhe fervessem água,  descansando debaixo da sombra de uma árvore. Enquanto esperava que a água esfriasse, algumas folhas vindas de  arbustos próximos caíram dentro do seu copo, atribuindo à água uma tonalidade acastanhada. O Imperador decidiu provar, surpreendendo-se com o sabor agradável. A partir deste momento ficou adepto do chá, difundindo o gosto entre o seu povo, gosto esse que se espalhou pelo mundo.
Creio que o chá de hortelã seja um dos mais populares em nossa região. Utilizado principalmente para acalmar o sistema digestivo e contra inflamações em geral, ele pode também ser levemente adoçado e acompanhar biscoitos amanteigados, rosquinhas ou o nosso popular bolinho de chuva.  

Eu adoro. E mantenho, em minha hortinha um canteiro de hortelã que está lindo. Agora que o frio começa a dar o ar de sua graça e com a chuvinha que tem caído quase todos os dias, é uma boa opção para aquecer o peito nas tardes de outono.
Aí em cima, uma foto do meu canteiro de hortelã que está enfeitando a horta, depois desse período de chuvas.

terça-feira, 19 de março de 2013

SINAL DE CIVILIDADE

Em meu último post falei sobre nosso desejo de conviver com gente mais civilizada. Seria bom pra todos.  Não quis ser ranzinza nem moralista, ao contrário, prezo muitíssimo as liberdades individuais e sonho com um dia em que não precisemos de tantas leis para disciplinar o convívio entre as pessoas. Assim acontece nos países  civilizados, onde o respeito ao outro e aos espaços comuns é, no geral, bastante elevado. Então poucas leis são necessárias para regular o convívio.
Infelizmente no Brasil ocorre o contrário. Temos leis para tudo, muitas repetitivas, criando um emaranhado que até dificulta a sua aplicação. Muitas delas não são obedecidas, ou como dizem por aí: não pegam. Não basta ter lei,  antes de tudo é preciso ter educação.
No bairro onde moro, para nossa alegria e encanto dos que o visitam, temos uma área de preservação ambiental. É uma pena que tal área ainda não esteja totalmente povoada por árvores nativas e plantas e que não seja cuidada pela prefeitura. Temos uma escada de acesso para pedestres que sequer é capinada. Os próprios moradores é que o fazem. Cuido da área em frente à minha casa e até uns cem metros de cada lado. Planto árvores e flores, especialmente as nativas da mata atlântica que se adaptam muito bem por aqui. Mantenho o gramado, pois acredito que ele não somente embeleza, como também favorece a drenagem do solo e o protege contra eventuais desbarrancamentos, já  que o bairro situa-se em local bastante alto. Alguns vizinhos também o fazem e, com isso, estamos transformando essa área de preservação num bonito bosque.
Em minha rua, como provavelmente em todas as ruas de Viçosa também temos repúblicas de estudantes. Eles fazem parte do nosso dia a dia de cidade universitária. Eu mesma vim parar aqui como estudante e depois me fixei na cidade e constitui minha família. Minhas filhas são viçosenses com muito orgulho.
Pois então, muitos em Viçosa reclamam das repúblicas, especialmente de suas festas barulhentas e de algumas manifestações de desrespeito da população flutuante, em relação aos moradores da cidade. Taí uma relação que deve ser harmonizada. A cidade precisa dos estudantes e eles de nós.
Final de semana passado teve uma festa de arromba na república ao lado de minha casa. Confesso que não fiquei muito contente com os carros estacionados dois lados da rua, dificultando a passagem. Mas não havendo placas proibindo o estacionamento, não podemos culpar ninguém, a não ser o poder público que não sinaliza as ruas adequadamente.
Aborreci-me também ao ver a rua, no outro dia, repleta de copos de plásticos e outras sujeiras, jogadas inclusive no gramado que acabara de ser podado. Gostando de limpeza como é o meu caso, pensei comigo: não será a primeira vez que terei que calçar as minhas luvas e recolher o lixo, já que o SAAE, responsável pela coleta do lixo, raramente o faz. Mas qual não foi a minha surpresa quando, ao sair para a caminhada no domingo, deparar com um dos moradores da república, cuidando de recolher o lixo que seus convidados menos educados haviam espalhado pela rua! Fiquei radiante de alegria e pensei em esticar o polegar para fora do carro e dizer: joia vizinho, assim ficamos todos melhores. Por timidez, não o fiz.
Bromélia do nosso bosque
Agora abro a janela e vejo o gramado de frente bem limpo e bem verde. Isso me enche de esperança de que estamos caminhando para uma convivência mais civilizada. Aposto que não doeu nada, um gestozinho à toa e não foi que fez toda a diferença para quem mora ou passa por aqui? Sem contar que, caso a sujeira não tivesse sido recolhida, boa parte dela já estaria nos bueiros, ou flutuando pelo São Bartolomeu, com a chuvarada que tem caído.

terça-feira, 12 de março de 2013

PAÍS QUASE RICO, GENTE POUCO CIVILIZADA



Tem sido anunciado que estamos nos tornando um país rico.  Já que vamos acabando com a miséria, o que é muito bom, precisamos agora reivindicar um pouco de civilidade.
Fico perplexa e bastante indignada (meus alunos sabem disso), quando preciso mover a mesa ou carteiras, em sala de aula, e quase sempre pego em chicletes colados na parte de baixo dos móveis. Tem coisa mais escrota? Mais sem educação, e que represente tanto atraso? E pensar que isso acontece em uma escola... É triste, para não dizer coisa pior.
Assim também é o hábito de jogar lixo na rua.  É, no mínimo, desolador. Vejo como o entorno dos supermercados e lanchonetes, ruas e calçadas ficam entulhadas de embalagens de alimentos. Próximos aos bares e restaurantes, copos plásticos e latas de cerveja e refrigerantes são atirados, sem parcimônia. Na minha rua também jogam copos plásticos e latas de cerveja. Que vergonha! Depois não querem ter dengue, nem enfrentar problemas com enchentes. Óbvio que esses entulhos acumulam água e depois correm direto com as chuvas para entupir bueiros e poluir riachos e ribeirões.
Esses são exemplos de falta de civilidade e poderia citar muitos outros. Mas o motivo da minha indignação e que me motivou a escrever este post (após uma ausência considerável por aqui) é um fato que me ocorre pela segunda vez em um espaço curto de tempo. Moro em um bairro  sossegado, onde costumo fazer minhas caminhadas de fim de tarde. De repente vem um cachorro  correndo para o meu lado, livre de coleira ou qualquer outro meio de segurá-lo. Morro de medo de bichos, quaisquer que sejam. Nessas horas, entro em pânico e fico indignada com os donos que, na maior parte das vezes se limitam a dizer: - fique tranquila que ele não morde. Reconheço que perco um pouco as estribeiras, acabo interpelando os donos e sendo bastante afirmativa em meu direito de caminhar sossegada e em segurança.
Sei que ando meio  na contramão da onda que atualmente é pró-animais e  que corro risco de sofrer certa patrulha ideológica por estar me expondo quanto a este assunto.  Respeito os animais, não gosto de vê-los sendo maltratados, mas tenho o direito de andar na rua sem ser incomodada. Em alguns locais já existem leis proibindo que saiam sem  coleiras e, em certos casos, até focinheiras. Confesso que não sei se por aqui existe esse mecanismo. Mas vou me informar, porque, se for o caso,  havendo uma terceira vez, farei uma denúncia.
Não há falta de civilidade maior do que criar problemas com vizinhos. Nas cidades pequenas, como é o caso da onde moro, vizinhos se conhecem, se cumprimentam, alguns se tornam bons amigos, pessoas literalmente muito próximas.  Por aqui, pessoas ainda colocam cadeiras nas calçadas no fim da tarde, para conversarem, fazem novenas de fim de ano, oferecem carona umas às outras e, no geral usufruem de convívio harmonioso. Ficarei muito aborrecida  se tiver que tomar alguma providência  menos amigável para garantir o meu direito de andar pelas ruas em segurança, sem ser incomodada por animais e ainda ter que bater  boca com seus donos irresponsáveis.