terça-feira, 19 de março de 2013

SINAL DE CIVILIDADE

Em meu último post falei sobre nosso desejo de conviver com gente mais civilizada. Seria bom pra todos.  Não quis ser ranzinza nem moralista, ao contrário, prezo muitíssimo as liberdades individuais e sonho com um dia em que não precisemos de tantas leis para disciplinar o convívio entre as pessoas. Assim acontece nos países  civilizados, onde o respeito ao outro e aos espaços comuns é, no geral, bastante elevado. Então poucas leis são necessárias para regular o convívio.
Infelizmente no Brasil ocorre o contrário. Temos leis para tudo, muitas repetitivas, criando um emaranhado que até dificulta a sua aplicação. Muitas delas não são obedecidas, ou como dizem por aí: não pegam. Não basta ter lei,  antes de tudo é preciso ter educação.
No bairro onde moro, para nossa alegria e encanto dos que o visitam, temos uma área de preservação ambiental. É uma pena que tal área ainda não esteja totalmente povoada por árvores nativas e plantas e que não seja cuidada pela prefeitura. Temos uma escada de acesso para pedestres que sequer é capinada. Os próprios moradores é que o fazem. Cuido da área em frente à minha casa e até uns cem metros de cada lado. Planto árvores e flores, especialmente as nativas da mata atlântica que se adaptam muito bem por aqui. Mantenho o gramado, pois acredito que ele não somente embeleza, como também favorece a drenagem do solo e o protege contra eventuais desbarrancamentos, já  que o bairro situa-se em local bastante alto. Alguns vizinhos também o fazem e, com isso, estamos transformando essa área de preservação num bonito bosque.
Em minha rua, como provavelmente em todas as ruas de Viçosa também temos repúblicas de estudantes. Eles fazem parte do nosso dia a dia de cidade universitária. Eu mesma vim parar aqui como estudante e depois me fixei na cidade e constitui minha família. Minhas filhas são viçosenses com muito orgulho.
Pois então, muitos em Viçosa reclamam das repúblicas, especialmente de suas festas barulhentas e de algumas manifestações de desrespeito da população flutuante, em relação aos moradores da cidade. Taí uma relação que deve ser harmonizada. A cidade precisa dos estudantes e eles de nós.
Final de semana passado teve uma festa de arromba na república ao lado de minha casa. Confesso que não fiquei muito contente com os carros estacionados dois lados da rua, dificultando a passagem. Mas não havendo placas proibindo o estacionamento, não podemos culpar ninguém, a não ser o poder público que não sinaliza as ruas adequadamente.
Aborreci-me também ao ver a rua, no outro dia, repleta de copos de plásticos e outras sujeiras, jogadas inclusive no gramado que acabara de ser podado. Gostando de limpeza como é o meu caso, pensei comigo: não será a primeira vez que terei que calçar as minhas luvas e recolher o lixo, já que o SAAE, responsável pela coleta do lixo, raramente o faz. Mas qual não foi a minha surpresa quando, ao sair para a caminhada no domingo, deparar com um dos moradores da república, cuidando de recolher o lixo que seus convidados menos educados haviam espalhado pela rua! Fiquei radiante de alegria e pensei em esticar o polegar para fora do carro e dizer: joia vizinho, assim ficamos todos melhores. Por timidez, não o fiz.
Bromélia do nosso bosque
Agora abro a janela e vejo o gramado de frente bem limpo e bem verde. Isso me enche de esperança de que estamos caminhando para uma convivência mais civilizada. Aposto que não doeu nada, um gestozinho à toa e não foi que fez toda a diferença para quem mora ou passa por aqui? Sem contar que, caso a sujeira não tivesse sido recolhida, boa parte dela já estaria nos bueiros, ou flutuando pelo São Bartolomeu, com a chuvarada que tem caído.

2 comentários:

  1. Oi, Maria Inês!
    Ainda sinto o sabor do nosso último encontro: delícias, na mesa farta e na roda alegre de amigos tagarelando!
    Acabo de ler suas últimas postagens, voltadas para a "civilidade". Gostei da sua atitude de denúncia e de valorização de gestos simples, embora significativos, de atitudes positivas, demonstrativos de que civilização é um processo que se constrói com ações cotidianas efetivas, visando ao bem estar próprio e dos outros. Beijos da prima e amiga, Ana Maria.

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    1. Oi Ana, também achei ótimo nosso encontro. Precisamos fazer mais vezes. Obrigada pelo incentivo aos meus pitacos. Volte sempre.

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