segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

COMIDINHAS - PANQUECA VERDE LIGHT

Cozinha é lugar também de experimentação e de muitas descobertas deliciosas.
No Natal de 2013, ganhei de minha irmã, sementes de Moringa. Vieram junto com um conjunto de boas informações sobre a planta. Semeei logo, fiz várias mudas, dei algumas de presente e replantei duas em vasos grandes. Já estou colhendo as folhas. Elas têm o gosto suave, até meio parecido ao da couve. Inicialmente consumia-as na salada. Mas resolvi fazer a experiência de acrescentá-las à massa da panqueca e o resultado foi sensacional.
A Moringa é uma planta nativa da Índia, mas se adapta muito bem ao clima brasileiro. Há estudos que indicam seu alto valor nutricional, especialmente seus elevados teores de vitamina C, Cálcio, Potássio e Proteínas.
Além de tudo, o arbusto é lindo e traz charme e certo exotismo para o meu pomarzinho.
O arbusto é lindo
  
As panquecas frias
Compartilho com vocês essa descoberta deliciosa – a Panqueca Verde  Light -, uma opção bacana para o lanche da tarde, nesse verão calorento.

Para a massa
- Um ovo inteiro
- Meia xícara, das de chá, de farinha de trigo
- Uma colher, das de chá, de aveia
- Meia xícara, das de chá, de leite
E as quentes
- Uma colher, das de sopa, de margarina
- Uma pitada de sal
- Duas folhas de moringa
Rende quatro panquecas. Fiz duas frias e duas quentes.
Para o recheio das panquecas frias 
- Duas folhas de alface
- Duas fatias de presunto de peru
- Duas fatias de queijo mozarela light.
Para o recheio das panquecas quentes
- Uma xícara das de chá de peito de frango, temperado a seu gosto, refogado e desfiado.
- Quatro colheres das de sopa de creme de ricota light.
Para  a cobertura
- Dez tomatinhos doces
- Uma pitada de sal rosa
- Meia colher, das de café, de orégano
- Duas colheres, das de sopa, de azeite de oliva.

Modo de fazer

Bata os ingredientes da massa o liquidificador, por cerca de dois minutos. Divida-a em quatro poções; asse-as em frigideira antiaderente, virando de lado; distribua os recheios sobre as massas e enrole.
Montagem da panqueca fria: depois de recheadas e enroladas, corte as panquecas em quatro pedaços cada. Espete meio tomatinho doce em um palito e fixe em cada um, para firmar o rolinho. Leve à geladeira por meia hora.

Montagem da panqueca quente: depois de recheadas e enroladas, salteie no azeite, por dois minutos, os tomatinhos divididos em quatro pela vertical; distribua sobre eles uma pequena pitada de sal rosa e o orégano. Coloque-os sobre as panquecas inteiras.

Caso não tenha as folhas da moringa, essas podem ser substituídas por folhas de espinafre ou de salsa. Depois me conta aqui nos comentários se não fica uma delicinha.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SÃO SEBASTIÃO

Segundo as tradições católicas, São Sebastião foi um soldado romano que se tornou mártir por ter morrido defendendo o cristianismo. O método como foi executado, a flechadas, amarrado a uma estaca de madeira, transformou-o em tema de diversas expressões artísticas. Além de ter sido retratado por vários pintores, sua trajetória foi contada em livros, tendo sido tema de ópera e filmes.
Aqui no Brasil, dois de nossos maiores cantores e compositores, Gilberto Gil e Milton Nascimento, dedicaram ao santo uma bela música, Sebastião,  verdadeira prece em homenagem ao Rio de Janeiro, cidade “tão sacrificada e tão bela”. Com a música, produziram-se um dos mais bonitos vídeos-clipes que já assisti. Uma produção primorosa, figurinos, cenários e coreografias magníficos. Vale a pena vê-lo.
A devoção ao santo no Brasil é grande, sendo padroeiro de várias cidades como o Rio de janeiro, nossa vizinha Ponte Nova e Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, entre muitas outras.
Nas tradições afro-brasileiras, São Sebastião aparece como Oxossi, o grande orixá das florestas, dos bichos e das plantas. É geralmente representado como um caçador portando arco e flecha.
A cultura popular é imensamente rica e diversa. Na minha infância, por exemplo, presenciei a grande devoção de minha avó pelo santo guerreiro. Em sua simplicidade, toda vez que se via diante de violência, assassinatos e outras crueldades, ela invocava: “Má São Sebastião!”. Obviamente, a expressão me deixava curiosa. Somente anos mais tarde, quando fiquei sabendo que o santo tinha sido um mártir, minha “ficha caiu” e percebi que o Má nada mais era do que a pronúncia inadequada de mártir.
Por outro lado ouvi muitas vezes, geralmente de pessoas mais simples, empregados das fazendas e sítios, negros, no geral, ou molecada de escola, um versinho que aparecia toda vez que presenciavam algo que era condenado publicamente pelas leis e regras vigentes, mas que eles consideravam “bem feito!”. Assim, quando alguém levava o castigo merecido, segundo o julgamento deles, diziam:

 “Lá vem São Sebastião
Todo crivado de flechas
Se não era de sua conta,
Por que foi mexer com os índios?”

Ao escrever sobre o santo hoje, rememorando essa quadrinha, não pude deixar de me lembrar de acontecimento recente que repercutiu em praticamente todo o mundo e tem dividido a opinião de muitos.
Há sabedoria de sobra na cultura popular!

Você pode assistir o clip mencionado em:

https://www.youtube.com/watch?=xUCJd1au5AM&feature=youtube_gdata_player

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

RESENHA DE LIVRO - Final do Jogo: Julio Cortázar

Esse Janeiro tão calorento tem provocado uma preguiça!. Não tem dado ânimo para quase nada. Tá desanimador até mesmo pensar em uma viagem à praia, programa tão mineiro e para onde  vamos quase sempre nessa época do ano.
Com esse clima, ler numa boa sombra, de preferência deitada numa rede macia de algodão, tem sido meu programa preferido. 
Há pouco tempo conheci Julio Cortázar por intermédio de seu livro de contos, As Armas Secretas. Foi uma paixão fulminante. Pensei que nenhum outro conto que eu pudesse ler superaria o encanto que me provocou “Os Bons Serviços” e sua magnífica personagem Madame Francinete. Enganei-me. Agora com Final do Jogo,  descobri um Cortázar ainda melhor.
Os dezoito contos do livro são todos praticamente muito bons. “A porta interditada” e “Axolotle” me fisgaram definitivamente. Este último é um primor de narrativa, instigante e surreal. O autor é mestre em contar  histórias sem revelar tudo, ao contrário escondendo partes importantes das informações, deixando-nos intrigados e curiosos, como faz nesse livro, em “Depois do Almoço”. Afinal quem o narrador levou para passear por ordem dos pais? Um cachorro, um irmão menor? Ou algo diferente? Ao não revelar, deixa que o leitor crie sua própria versão da história, ou seja, permite que ele também se torne sujeito da narrativa.
Cortázar é argentino, embora tenha nascido na Bélgica e passado boa parte da sua vida na França. É muito bom confirmar, cada vez mais, como é rica a literatura latino americana.