terça-feira, 30 de setembro de 2014

V I Ç O S A

Nesse dia da cidade, havia planejado escrever outra coisa sobre Viçosa, essa terra que amamos e que acolhe com tanta bondade e carinho os  tantos forasteiros que aqui chegam. Principalmente os que vêm para passar uns tempos e acabam ficando, como é o meu caso.
A Viçosa que queremos: limpa, educada e
repleta de justiça, paz e oportunidade a todos
Retornando hoje  de viagem fui surpreendida pela notícia da morte repentina do prefeito. Inicialmente, não me ocorre outra opção que não seja refletir, (mesmo que esse assunto já seja exaustivamente comentado), o quanto somos frágeis e vulneráveis. E principalmente, o quanto o poder é ilusório e enganador.
Na sequência é praticamente inevitável constatar o  quanto Viçosa vem sendo sacrificada pelos seus últimos mandatários. Como desejamos que essa cidade seja um lugar bom para viver,  e porque aqui, quase  todos somos devotos de Santa Rita, fiquei pensando em pedir à padroeira que oriente nossos próximos governantes fazendo com que lancem um olhar generoso sobre a nossa Viçosa.
De imediato me vem à memória, um dos clipes musicais mais bonitos que já assisti: Gilberto  Gil e Milton Nascimento entoando a linda canção “Sebastião”, que é, além de música,  uma prece, um sensível  e delicado apelo ao padroeiro do Rio, para que cuide daquela cidade, “tão sacrificada e tão bela”, fazendo com que  por lá, “Tudo se transforme em vida”. 
Plagiando os dois grandes artistas, invoco à nossa padroeira para que cubra de bênçãos  os próximos dirigentes do executivo municipal, e faça com que  eles assumam seus postos de comando orientados pela boa-fé, pelo profissionalismo e pela ética. E que não vislumbrem apenas mais uma oportunidade de exercitar o tão fugaz poder, mas mirem nossa Viçosa com olhos cheio de amores. 



sábado, 27 de setembro de 2014

A DIFÍCIL DECISÃO DE DEIXAR AS PLANTAS COM SEDE

Sempre que vou viajar, mesmo que seja por poucos dias, cumpro um ritual quase sagrado: regar bem as plantas e, caso seja por um tempinho maior, deixar alguém encarregado de fazê-lo.
Agora, com nossos reservatórios de água em situação crítica, aqui na região, preciso  decidir algo mais difícil que não lavar o carro, ou as varandas: deixar minhas "bichinhas" com sede. Principalmente, levando-se em conta que não apenas elas sofrerão com isso, mas também os animaizinhos que vivem em sintonia com elas. 
Só de pensar que os beija flores que costumam tomar banho na água que as bromélias reservam em seu cálice, não vão poder fazer isso por uns dias, me corta o coração. E a possibilidade de alguma delas não resistir é ainda mais desoladora. 

Dessa forma, com o coação apertadinho, estendo a mangueira e, começando pela horta, deixo cair só um pouquinho em cada uma, excluindo aquelas que são mais resistentes. O ritual que duraria cerca de uma hora ou mais, persiste apenas por alguns poucos minutos. Ainda assim, não deixo de vivenciar certo desconforto diante da possibilidade de vir a faltar água na cidade, o que, felizmente, ainda não está acontecendo. Mas fecho a minha mala com a sensação de que não estou deixando minhas filhinhas totalmente desprotegidas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CRÔNICAS DO DIA A DIA - Delícias e Contratempos de se Ter um Sítio ou uma Chácara

Faz bastante tempo li um livrinho bacana chamado A Arte de Amolar o Boi, de  Eduardo Almeida Reis, que relatava com detalhes as amarguras e alegrias dos proprietários de sítios. Com um estilo leve e bem humorado, alertava aos que imaginavam   um recanto rural apenas como fonte de alegrias e prazeres, o quanto essa visão idílica era enganosa. Lembrava que tais propriedades costumavam ser também fonte de “dores de cabeça”.  Se não me engano esse livro foi escrito  na década de 1980.
De lá pra cá, muita coisa mudou. A começar pela grande valorização dos terrenos, o que levou à fragmentação das antigas fazendas em pequenos sítios ou chácaras. Aqui na nossa região, fazendas são raras. Nas poucas que sobreviveram, o cheiro de agrotóxicos, rações e dejetos de animais, criados em regime de confinamento, substituiu aquele aroma gostoso de mato e de curral de boi que sentíamos em nossa infância. As fazendas de antigamente ficaram apenas na memória, como lugares bucólicos onde se desfrutava de uma vida mais sossegada e feliz. Fazenda hoje é outro negócio. 
Foto: Luiz Henrique do Carmo
Estou falando dos corajosos e idealistas que mantém seu pedacinho de terra, sítios ou chácaras, que os utilizam geralmente para o lazer e encontros da família e que os conservam em nome de uma memória renitente de suas origens, ou da de seus pais.
Alguns dos perrengues para esses teimosos são ainda os mesmo de antigamente: erva de passarinho brota numa velocidade impressionante no alto das árvores, tiririca infesta sem piedade a horta e o pomar. Na seca tudo torra, a poeira levanta fácil;  nas águas, é barro por todo o lado, mato cresce de uma semana para a outra. Frequentemente, encanamentos se rompem, telhados se deterioram, madeirame é atacado por cupins, animais arrombam os tapumes, ladrões visitam a propriedade...
Porém, agora temos uma situação que não se vivenciava no Brasil, há anos: pleno emprego, ou quase. Está cada vez mais difícil e mais caro encontrar pessoas para trabalhar. Bastante compreensível. Quem tem ideia do que é “puxar enxada” debaixo de sol, ou bater pasto à foice por horas seguidas? E fazer uma cerca de arame farpado,  ganhando cinquenta reais por dia?
Então, muitas vezes, se queremos manter nosso amado recanto em condições razoáveis, temos que gastar bastante e por a mão na massa. Falo de cadeira. Vivo com as mãos calejadas e, diversas vezes, já me machuquei com ferramentas de corte. E, quase sempre, temos a sensação de que a chácara não está tão bem cuidada como gostaríamos, mesmo quando há muitas pessoas da família dando a sua colaboração.
Mas, especialmente em períodos como esse de agora, início da primavera, a passarada em alvoroço, sabiás cantando mais do que nunca, canarinhos em bando a pastar no gramado, os manacás em flor espalhando seu doce perfume, muitas orquídeas abertas, ah! Nossas memórias afetivas tão acesas, difícil vivenciar sensação melhor. Quando sentamos pra descansar da trabalheira, raramente achamos que não vale a pena. Ao contrário, sabemos que amanhã mesmo haverá muito trabalho a ser feito, mas como abrir mão dessas belezuras?

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

CONVERSAS DE JARDINEIROS

JARDINS MONOCROMÁTICOS E MONOTEMÁTICOS
Quando se pensa em fazer ou reformar um jardim, a primeira dúvida que costuma surgir é: que espécies de plantas e flores usar? Obviamente a resposta vai depender de um conjunto de aspectos que incluem o tamanho do terreno, as condições de sol, a disponibilidade financeira e principalmente os gostos e preferências do(s) dono(s) do jardim. Isso é o mais importante.  Por mais desinformada, confusa e, ou indefinida que seja uma pessoa em relação a espécies ornamentais, é possível conciliar seu gosto com algumas regrinhas básicas que ajudam na composição dos jardins, tornando-os mais bonitos, harmoniosos e acolhedores.
Petúnias, mesma espécie, cores variadas
Ao paisagista, arquiteto, agrônomo ou jardineiro, que for chamado a contribuir no planejamento e na execução do jardim, cabe oferecer um conjunto de orientações que visem  auxiliar o proprietário, direcionando suas escolhas de forma que ele possa ter um espaço com o qual se identifica. Quase sempre o que as pessoas mais valorizam no jardim é a beleza. No entanto, há outras possibilidades que um jardim pode oferecer, como atrair pequenos animais (pássaros, borboletas, abelhas), que levam movimento ao espaço, deixando-o ainda mais vivo, ou transformar-se em um lugar de contemplação e, ou convívio etc.
Canteiro  de alamandas clareiam um jardim
Na maior parte das vezes, a não ser que a área seja muito grande, uma regra geral que costuma funcionar bem, é optar por poucas espécies. Jardins muito “embolados” e atulhados de plantas, raramente ficam bonitos e harmoniosos. Ainda mais, quando as plantas, além de muitas, não combinam entre si. Dia desses me deparei com um canteiro enorme de congeias. Nunca as tinha visto assim cobrindo grandes áreas de terreno. Geralmente são mais utilizadas em pérgolas e caramanchões. Belo exemplo do que estou falando.
Apenas Congeias adornam esse enorme canteiro


Dessa forma, e, principalmente se puderem ser feitos vários canteiros diferentes, mesmo em espaços de tamanho reduzido, as composições monotemáticas (com apenas uma espécie de planta, ou mesmo com várias espécies de uma mesma família), costumam ser opções quase certeiras. Mas plantas da mesma espécie podem surgir em cores diferentes. Nesse caso, harmonizando-se as cores, pode-se obter canteiros alegres e repletos de beleza. Uma espécie que oferece ótimos resultados para essa ideia é a petúnia.  Mas há infinitas possibilidades. Os gerânios, as bromélias, as orquídeas e até mesmo as rosas ou mini rosas (nem sempre fáceis de serem harmonizadas), são espécies que costumam ficar muito  bonitas sozinhas. Pode-se também, optar por composições com espécie única e apenas uma cor. 
Acho um pecado, por exemplo, misturar  margaridas, principalmente as brancas. Ela é soberana em beleza e simplicidade ao mesmo tempo. Não precisa de companhia alguma para se destacar. Ao contrário, quando é plantada sozinha, se mostra melhor.
Margaridas não precisam companhia para serem exuberantes
em beleza e simplicidade
Se o espaço é grande e, ainda assim, a opção for adotar canteiros monocromáticos, podem-se usar espécies de altura variada, reduzindo a possibilidade de se ter um jardim monótono
Espécies mais altas como as alpíneas também dão
belos efeitos em canteiros  monocromáticos e monotemáticos
. A riqueza e a diversidade de plantas fáceis de serem adaptadas nos mais diferentes espaços permitem escolhas alternativas com possibilidade de atender os mais variados gostos e  preferências.