quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

HORINHAS DE ALEGRIAS

Só pode estar brincando, quem minimiza a dificuldade de pessoas viverem confinadas. Ficar quase já um ano em isolamento social, - definitivamente não nascemos para isso. Desconheço estudos que avaliem o impacto psicológico do medo de ser contaminado com o infernal vírus do corona, versus a angústia de ter que viver somente em casa. Imagino que não sejam poucas as pessoas que andam descompensadas. Penso que dentro desse contexto, é anormal quem não está surtado. Além dos benefícios físicos conhecidos, decorrentes dessa prática, caminhar tem servido para diminuir o aborrecimento de viver sem vida social, apesar do incômodo de ter que atravessar a pista todas as vezes que se encontra com alguém sem máscara. Como não estamos saindo parece que o olhar fica mais atento. Cumprindo a rotina de caminhadas diárias e até tentando espaços menos frequentados, tenho feito descobertas interessantes em algumas estradas mais alternativas no campus da UFV e no seu entorno. Nunca havia reparado por exemplo, como há tantas árvores frutíferas por lá. Abacateiros, cajueiro, goiabeiras, mangueiras (que este ano produziram pouco) e até maracujás descobri nessa pandemia. Para quem, assim como eu, gosta de fazer trilhas e, dentro dessa atividade o que mais aprecia é contemplar plantas e flores, não foi pouco descobrir que há orquídeas nativas habitando nosso lugar. Ao que pude apurar, trata-se de uma Habenária, uma planta nativa da Mata Atlântica.
Parece que andamos mais atentos à vida, procurando motivos para nos alegrar, mesmo que seja um pouquinho. E assim, vigiando e buscando a beleza, tentamos nos fortalecer para seguir em frente, mesmo com o circo de horrores que parece não ter fim no nosso país. Obviamente que não me refiro apenas à peste do corona vírus.