segunda-feira, 26 de julho de 2021

ANA

 

    Não há nome mais singelo. Em nossa língua é um dos mais curtos. Sua simplicidade e pequenez, no entanto,  não  o fazem menor.

Em minha terra de nascença, seguindo a inspiração da padroeira, somos muitas Anas, por lá, um dos nomes mais comuns.  Em família, convivo com gerações de Anas: uma das bisavós paternas, tias dos  dois lados, cinco primas de primeiro grau, uma irmã e duas sobrinhas. As mais velhas se diferenciam pelos apelidos de Donana e Sanita. As da minha geração já começaram a ter nomes compostos, como Ana Eloiza e Ana Maria; as mais jovens, seguindo a moda de cada época, já são Ana Luiza e Ana Laura.

Compor esse estandarte foi um mergulho em minha ancestralidade. Criei uma representação das tradições, crenças e costumes que povoam minha infância e, consequentemente marcam  toda a minha história.

Foto: Luiz Henrique do Carmo

Santa Ana foi a mãe de Maria, Nossa Senhora, portanto, a avó de Jesus. Sua imagem aparece na arte sacra, quase sempre sendo representada como uma mulher de feições e semblantes suaves, tendo uma menina ao colo, e portando um livro.  A tradição popular, além de cultuá-la como a protetora das avós, atribui-lhe o poder de proteger os professores e todos aqueles que ensinam. Santa Ana  costuma ser mencionada como uma mulher à frente do seu tempo, pois segundo a tradição, teria ensinado sua filha a ler, a partir das Antigas Escrituras, em um tempo no qual, ter acesso ao conhecimento, não era comum às mulheres.

Para a composição dessa peça, utilizei uma das imagens mais comuns da Santa, impressa em tecido e acrescentei adornos  em crochê e retalhos bordados à mão, com referência ao alfabeto. Sendo parte de uma família de mulheres que tecem, costuram, bordam e ensinam, e, como mencionado, repleta de Anas, a inspiração veio fácil.