terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Promessas de Fim de Ano

Todo final de ano a gente proclama, como na marcha carnavalesca que “este não vai ser igual àquele que passou”. Fazemos várias promessas de mudar de vida. Como disse o Drummond: “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra frente tudo vai ser diferente”.
Segundo o jornal Hoje em dia, as três promessas que aparecem com mais frequência entre as juras de fim de ano são: parar de fumar, parar de beber, emagrecer ou entrar em uma academia¹. Repararam?  Só dificuldade e dureza.
Como qualquer vivente, também faço minhas promessas. Mas, ao contrário da maioria, tô querendo vida boa. O que mais desejo? Aprender a ficar a toa.
Nascida em uma família que repetia à exaustão, “o trabalho é o pai de todas as virtudes e a ociosidade é a mãe de todos os vícios”, não aprendi a fazer outra coisa, senão trabalhar e trabalhar. A crueldade dessa frase é chocante, até ao classificar o que é bom como masculino e o ruim como feminino.
A muito custo tenho tentado praticar a ociosidade que, para mim, é a mãe da reflexão, da calma, da paz, da harmonia, da criatividade e de muitas outras coisas boas. 
Tenho esperança de que 2014 será um ano especialmente bom e o meu maior desejo é esse: que eu tenha muito tempo para ficar à toa. A vocês, meus leitores espero igualmente que, quaisquer que tenham sido os seus desejos e promessas para o ano novo, todos tenham espaço em sua vida para a ociosidade, a fantasia e a beleza, em  suas mais variadas manifestações.

                   

domingo, 29 de dezembro de 2013

Pão Dourado Mineiro

Assim como a rabanada é um dos doces  frequentes no Natal  em outros estados, aqui em Minas cultivamos o costume de fazer o Pão Dourado, especialmente nessa época do ano.
É um doce simples e muito fácil de ser feito. Utiliza-se pão amanhecido, leite, açúcar e gemas de ovos. Como os pães atualmente levam uma quantidade exagerada de fermento,  costumam desmanchar-se comprometendo a feitura do doce. Assim, quando não encontro pães menos inchados, prefiro  fazer os doces usando bisnagas, que são, quase sempre, mais finas. Para quem ainda cultiva tradições mineiras e não tem muito medo de engordar, segue a receita:
PÃO DOURADO
Ingredientes
Uma bisnaga de pão de sal amanhecido (com tamanho aproximado de 50 cm)
Meio litro de leite (de preferência que não seja desnatado)
6 gemas de ovos de galinha caipira
Uma xícara e meia (das de chá) de açúcar
Uma xícara (das de chá) de água
Canela moída a gosto
Modo de Preparo
Faça uma calda com a água e o açúcar e leve a ferver em uma panela de boca larga.
Corte a bisnaga em fatias com cerca de um centímetro cada.
Misture bem as gemas e passe por uma peneirinha.
Umedeça levemente cada fatia no leite frio, molhando de um lado e do outro. Passe uma a uma nas gemas (também dos dois lados).
Deposite delicadamente cada fatia na calda fervente. Deixe cozinhar por cinco minutos de um lado e, com o auxílio de uma escumadeira, vire as fatias, deixando por mais cinco minutos. Ainda com o auxílio da escumadeira retire cada fatia, escorrendo  levemente a calda e deposite em uma travessa. Polvilhe com canela moída e ponha para gelar.

domingo, 22 de dezembro de 2013

ARTE EM FLORIPA

Uma coisa bacana de  Florianópolis, é como a arte está presente por todos os lados da cidade. Nessa nossa visita de oito dias pela ilha, não foram poucos os momentos em que nos deparamos com arte, mesmo quando não estávamos propriamente em busca dela. A arte está em Floripa, não somente nos museus e galerias, mas nas ruas e praças. E o maior espaço artístico da cidade é uma propriedade particular, o Museu Mundo Ovo de Eli Heil.
Começamos a nos surpreender, passeando pelo centro da cidade, com  a profusão de arte popular emanada do  Presépio Natural e Artesanal da Praça Quinze de Novembro. A obra, que está completando 40 anos, teve origem no campus da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Presépio Natural e Artesanal da Praça Quinze
É um conjunto impressionante de figuras típicas dos presépios, emoldurado por um coro de 40 anjos cujas asas são feitas de folhas de palmeiras.  As figuras vem sendo compostas com materiais diversos como cabaças, cerâmicas, cestarias de bambu, redes de pescadores, tecidos e  tramas em crochês e outras rendas típicas da ilha, e formam um conjunto surpreendentemente harmonioso. Foi uma sorte visitar a cidade nesse período natalino, o que nos permitiu apreciar essa maravilha.
Boi de Mamão
Ainda no centro da cidade, visitamos uma feira de arte e artesanato onde destacam-se rendas e bordados, além de lindas peças de arte em sucata, ou arte cigana. Também descobrimos uma pequena via intitulada rua das artes  onde há brechós e galerias de arte, além de restaurantes descolados. Num desses, saboreamos uma comida árabe de dar água na boca. Enquanto esperávamos a comida, começou uma apresentação de um grupo de dança popular, o boi de mamão.  Há forma mais interessante de esperar por um prato, além de tomar uma cervejinha bem gelada em companhia de uma amiga?
Obviamente vimos arte e cultura também nos museus que visitamos, o Histórico de Santa Catarina e Museu Vitor Meirelles. Mas também em outros lugares, como nas lojas do bairro de Santo Antônio de Lisboa ou mesmo um restaurante que escolhemos para almoçar em plena areia da praia do forte.
Arte popular em restaurante na praia

Em Santo Antônio de Lisboa, encontra-se o Museu mais famoso de Florianópolis, o Museu Mundo Ovo que abriga o acervo da artista plástica, ceramista  e escultora Eli Heil, uma catarinense que tem sua obra conhecida e respeitada internacionalmente e que mantem em  sua chácara, cerca de duas mil obras de  sua autoria.
Sala de Exposição
Sala de exposições do Museu Mundo Ovo - Reprodução de http://www.eliheil.org.br/por/o-museu/
Além da chance de encontrar arte por todo o lado, visitar Floripa é uma oportunidade ímpar de conviver com gente simples e educada, comer bem e curtir belas praias. Resumidamente, a cidade é ótima. Além de bonita e calma, tem grande parte de seu território preservado e protegido contra a especulação imobiliária e rende belos passeios. O que pode  melhorar? O transporte público, ainda irregular, principalmente aos domingos. E, para nos lembrar que não há paraíso na terra, a cidade tem pernilongos, muitos, o que, infelizmente pudemos constatar   na região da praia dos Ingleses, onde nos hospedamos.  

domingo, 15 de dezembro de 2013

NATAL RURAL

Coerente com minhas origens rurais e inspirada na viagem a Florianópolis, que esbanja arte popular por todos os lados, arrumei a casa para o Natal, já um pouco atrasada.
Inicialmente não havia pensado em guirlanda. Como  já disse, resolvi colocar na porta de entrada da casa, o panô que bordei para a ocasião. No entanto, Natal é, antes de tudo uma festa de família e minha filha sentiu falta da guirlanda. Então resolvi fazer uma e fixá-la no portão de acesso à casa. Compus a peça com musgos e bromelinha barba de velho, finalizando com bolas vermelhas e laço dourado.
Guirlanda feita com musgos e barba de velho
Para a porta de entrada, além do panô, arrumei um conjunto com pimenteiras de tamanhos variados em vasinhos revestidos com tecido de chita colorida e um galho seco com enfeitinhos de madeira e pequenos laços de fita. Como suporte uma garrafa verde de boca larga, decorada com recortes do mesmo tecido dos vasos. Compuseram bem com o panô, e justificaram o título desta postagem. 
Nunca havia pensado em usar pimenteiras para a decoração de Natal, mas elas estavam especialmente bonitas nessa época do ano e não resisti à ideia. Acabei gostando.
Natal para mim, tem que ter presépio, pois afinal toda a festa somente adquire significado se for para celebrar o nascimento de Jesus e o presépio, em sua singeleza, é o símbolo imbatível da festa. Este ano, ao armar o presépio fui muito influenciada por uma exposição de presépios que visitei em um museu de Florianópolis. Inspirada em um que foi montado dentro de uma mala antiga, montei o nosso presépio dentro de uma velha caixa utilizada pelos pedreiros, para guardar ferramentas, durante a construção da nossa casa. Utilizei jornais amassados, para forrar a tampa e o fundo, jateando levemente com spray grafite. Coloquei bromélias bem pequeninas, musgos e pequenos galhos de suculentas. Ao final, minha filha achou que faltava um ponto de luz no conjunto que estava todo meio cinza, então ela afixou um anjo dourado ao alto da tampa da caixa, o que, em minha opinião, deu uma finalizada bacana.
Presépio feito a quatro mãos, armado na caixa de construção
O presépio está, como não poderia deixar de ser, na sala de visitas, onde coloquei também a árvore de Natal. Desde que perdi minha mãe e minha irmã, há três anos, ainda não estou conseguindo utilizar o vermelho na árvore. Já trabalhei com cores cruas e dourado. No  ano passado utilizei muito o verde e, neste ano mesclei o verde com o dourado e já consegui colocar alguns pequenos pontos vermelhos. O resultado foi uma árvore ainda bastante sóbria, mas, graças a Deus um pouco mais alegre.
Pequenos pontos vermelhos alegram a árvore
Por fim,  minha filha compôs um pequeno arranjo com duas garrafas revestidas por capinhas de feltro bordadas, um castiçal e uma lanterna. Cada garrafa levou um antúrio vermelho e o conjunto foi colocada em uma mesinha da sala de jantar.
Garrafas, lanterna e castiçal
Assim preparamos a nossa casa para a chegada da família e dos amigos e esperamos  que a comemoração fortaleça a nossa fé e  consolide ainda mais os laços que nos unem.

sábado, 14 de dezembro de 2013

FLORIANÓPOLIS É UM PRESÉPIO !

Este ano  resolvi viajar em uma época pouco habitual. Com isso mudei um pouco as rotinas de preparação do Natal e tive que pular miúdo, como se diz na roça. Mas consegui retornar a tempo de participar das festividades de formatura da Faculdade onde trabalho, cuja turma de administração concedeu-me honrosa homenagem, que me encheu de orgulho.
O mapa da Ilha
Andei por Florianópolis, uma cidade que já havia visitado, mas que não podia dizer que conhecia, pois apenas havia dado um pulinho por lá. Agora sim, ficamos por oito dias, um período bom para conhecer e apreciar as muitas belezas da ilha.
A primeira coisa que chama a atenção em Floripa é, sem dúvida, o cuidado com a preservação ambiental. Praticamente em toda a extensão do seu território há matas preservadas, a vegetação é linda e como sou uma sempre apaixonada por orquídeas e bromélias, alegrou-me encontrá-las em seu habitat em plena capital.
Outra coisa bacana da cidade é isso: embora seja a capital do estado, Floripa continua sendo uma cidade pequena, com menos de 450.000 habitantes. É a capital brasileira com o maior IDH - Índice de Desenvolvimento Humano - e a terceira cidade do Brasil. As diferenças  sociais e econômicas não são tão gritantes, como no restante do país. Praticamente não há favelas. O povo é muito educado, os carros param para os pedestres nas faixas de trânsito e os nativos têm o maior orgulho de dizer que são "Manezinhos da Ilha".
Garça em lagoa da Praia do Forte
A cidade é cheia de belas praias e, em todas elas o cuidado com a preservação está presente. Não se constroem prédios com mais de quatro andares na maior parte delas. Esse cuidado com o ambiente é perceptível não somente no que se refere à vegetação, mas também também em relação à fauna. Fiquei encantada com a presença de garças nas praias e em praticamente toda a Lagoa da Conceição. Elas convivem harmoniosamente com os pescadores, com turistas e com a população local.  
Sinais pré históricos na praia dos Ingleses
Outro aspecto interessante da região é a grande presença de sinais pré-históricos em diversas localidades. Em plena praia dos Ingleses, uma praia urbana e muito movimentada encontra-se o Museu das Oficinas Líticas, um acervo a céu aberto com grande variedade de sinais da presença do homem na região, em períodos anteriores a 5.000 anos.
E por falar em praia, não poderia deixar de mencionar o local mais paradisíaco, rústico e encantador de Floripa: a praia do forte. Uma confortável e bela colônia de pescadores, sem sinais de especulação imobiliária, onde os nativos mantém suas chácaras cercadas não por muros, mas por uma vegetação exuberante, onde predominam os hibiscos e onde é fácil encontrar um paredão de pedras coberto por ripsalis  e as pitangueiras frutificam próxima à areia.
Orquídeas na praia
Imagino que o paraíso deve ser algo parecido com isso. Por hoje, ficamos assim, mas  volto a falar de Florianópolis. Antes, porém, mostrarei minha decoração de Natal, que foi um pouco inspirada na viagem.
Paredão de ripsális na praia do forte