domingo, 17 de abril de 2022

Potiguar por Sete Dias

 Aquele que come camarões ou comedor de camarões é o significado da palavra potiguar, no dialeto indígena prevalecente na região hoje ocupada pelo estado do Rio Grande do Norte. Conhecer a capital do estado, Natal, e parte do extenso conjunto de praias que margeiam a sua costa foi uma experiência e tanto. É sempre grande o privilégio de fazer mais uma imersão por esse Brasil tão rico de diversidade e beleza.


Ele dá nome ao povo do lugar

A região litorânea do estado possui muitas atrações, lugares belíssimos, praias lindas de águas mornas, uma culinária bastante atrativa, artesanato variado e com bons preços. O povo é muito acolhedor. Além de Natal, onde nos hospedamos, os municípios de Ceará Mirim, Nísia Floresta, Pirangui e Timbau do Sul fizeram parte do roteiro de sete dias. As praias de Camurupim, (em Nísia Floresta) e a de Pipa (em Timbau do Sul), adornadas por recifes e falésias, são imbatíveis no encantamento que provocam no visitante. Bonitas, limpas, águas morninhas e visuais de tirar o fôlego. O povoado de Pipa, além de abrigar um conjunto de praias muito lindas possui uma charmosa vila com calçadas coloridas e lojinhas atraentes, além de vários restaurantes com vista para o mar. Por ai também encontra-se um verdadeiro santuário ecológico constituído por uma sequência de praias como a da Baia dos Golfinhos, a praia do Madeiro, e a praia do amor. Vistas a partir do mirante do chapadão, um platô, constituído por um boa extensão de terreno plano e sem vegetação, esse conjunto de rara beleza faz a alegria dos visitantes do litoral sul do estado.

Morro do Careca em Ponta Negra

Em Natal,  a praia da Ponta Negra é a mais famosa. Bastante urbanizada e não tão limpa como as demais aqui mencionadas, possui ondas maiores e o mar muito azul. Situa-se no bairro de mesmo nome, onde fica próxima de bons restaurantes, vários hotéis, além de centros comerciais dedicados ao artesanato e a produtos típicos da região, como a maravilhosa castanha de caju e o bolo de rolo. Na Ponta Negra situa-se o Morro do Careca, uma grande duna de areias brancas cercada por vegetação dos dois lados, que é um dos pontos turísticos mais relevantes da capital potiguar.

Boa culinária na Praia da Ponta Negra

Fica em Pirangui, município próximo a Natal, o maior cajueiro do mundo, que é uma atração muito interessante. A árvore é considerada uma anomalia genética. Seus galhos crescem paralelos ao solo lançando-se ao chão e criando raízes, em um processo chamado mergulhia. Embora já tenha mais de um século de idade, a árvore não para de crescer, sendo atualmente protegida por lei e cuidada pelo Instituto do meio ambiente do estado do Rio Grande do Norte. Sob o cajueiro há passarelas por onde as pessoas caminham protegidos pela extensa copa da árvore que ocupa uma área de cerca de 8 500 metros quadrados.

Copa do maior cajueiro do mundo

Além dos lindos coqueirais, das falésias, e de suas praias de águas mornas e areias brancas, a fama do estado se deve também ao camarão. Por lá costumam dizer  que no lugar onde Natal é a capital, o camarão é a estrela. Viajando pela região, avistam-se os tanques com criação do crustáceo, parte da qual destina-se à exportação.

Muita beleza, clima agradável, praias limpas, povo acolhedor e simpático, comida saborosa (para minha alegria, sem a presença marcante do coentro, muito comum em outras capitais da região nordeste); o artesanato é variado e com ótimos preços e, surpreendentemente, os carros param cedendo a vez aos pedestres, nas faixas de trânsito. É fácil encantar-se com Natal e com o  Rio Grande do Norte.  Todavia é praticamente impossível não se entristecer por lá. A vulnerabilidade do povo pobre é perceptível até aos olhares menos sensíveis a questões sociais: crianças menores de 10 anos trabalhando, mães com bebês de um mês de idade, andando pela praia pedindo, uma lástima que precisa ser registrada e denunciada com veemência.

Praias limpas, águas mornas, pouca 
gente: Praia de Camurupim, no
município de Nisia Floresta

Piada recorrente por lá pergunta: gostou de Natal? Ao que diante da resposta quase sempre positiva, o engraçadinho responde: vai gostar ainda mais do ano novo. Não duvido. Ano que vem, tenho esperança, inauguraremos um novo tempo nesse nosso país tão lindo e, ao mesmo tempo tão sofrido.

Por alimentar essa esperança e também por mais essa viagem, sou grata à vida.