quinta-feira, 29 de agosto de 2019


"PARA NÃO DIZER  QUE NÃO FALEI DAS FLORES". 

Planejei essa postagem sobre as floradas de agosto como uma alternativa para não falar de política. 
Muitos percebem agosto apenas como um tempo seco, ventoso, frio e empoeirado. No entanto, aqui na nossa região, as floradas nessa época  são exuberantes.
Começando pelo cipó de São João cujas flores este ano não abriram em junho, como de costume;  apareceram timidamente em julho, e agora em agosto atingiram sua plenitude.
Muro de igreja coberto pelo cipó de São João
Foto: Jonas Vieira
No início do mês, encontrava-me na capital mineira e descobri, com muita alegria, dois muros cobertos com suas flores cor de fogo. Essa espécie ainda é pouco cultivada em jardins, sendo mais comum vê-la nos pastos e margens de capoeiras; foi surpreendente encontrá-la florida em plena região urbana de Belo Horizonte, nos muros da igreja N. Sra. Auxiliadora e em uma residência ali por perto.
Por agora, as quaresmeiras e os manacás da serra se despedem com as derradeiras flores. Da mesma forma as buganvílias, que embora floresçam praticamente o ano inteiro,  no inverno ficam mais exuberantes.
Buganvília alaranjada
Pata de vaca: abelhas e beija-flores
Elas têm dado lugar a outras não menos atraentes, como as patas de vaca, por exemplo, que, nas versões brancas e cor de rosa, enchem os nossos olhos de beleza e o ar no seu entorno de abelhas e beija-flores.
No final do inverno, geralmente os ipês roxos e cor de rosas prenunciam os da cor amarela que costumam atingir a plenitude da florada no mês de setembro. No entanto, antes que eles predominem com seu esplendor e beleza, as paisagens por aqui ficam marcadas pelas paineiras e pela eritrina mulungu com seu vermelho alaranjado de tirar o fôlego.
Além das espécies ornamentais, no mês de agosto, é de apreciar a beleza das floradas das mangueiras e das jabuticabeiras em quintais, jardins e beiras de estrada. As abelhas agradecem.
Eritrina mulungu: flores cor de fogo
Outra árvore de grande beleza cujos botões, nessa época, abrem-se em flores delicadas formando  encantadores pompons, é a candeia. Tão mineira, tão genuinamente brasileira, é comum  nas faixas de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica. Passando pela região de Ouro Preto, ela pode ser vista com muita frequência, dando à paisagem o tom nostálgico da história, lembrando-nos que seu precioso óleo iluminava os candeeiros, antes do advento da luz elétrica.
É só sair por ai com os olhos abertos que vamos encontrando essas e outras belezas de tirar o fôlego.

Mangueira florida

Embora a vegetação costume variar bastante de uma região para outra, sabemos que algumas espécies, como os ipês e a as eritrinas, por exemplo, ocorrem no país inteiro. Fico pensando em quantas árvores dessas devem ter ardido em fogo nesses últimos dias. É de espantar que, para alguns, não seja importante preservar e cuidar dessas belezas que, além de nos encher os olhos, cuidam, promovem e abrigam vida e diversidade, necessárias à sobrevivência de nosso lindo planeta azul.

Confesso que tentei. Todavia, com a Amazônia, nossa maior reserva de floresta tropical, ardendo em fogo, fica difícil. Não foi com pouco esforço que me contive de comentar, a todo o instante, sobre os danos que as queimadas estão causando naquela região, em todo o país e em outras partes do mundo. Não posso deixar de expressar minha indignação, revolta e vergonha pelo que está acontecendo! Sabemos que nessa época do ano, queimadas costumam ocorrer. No entanto, nunca tivemos um governo que tivesse contribuído tanto para que elas aumentassem de maneira espantosa, como agora. Sem pudor, ele vem implementando ações de desmonte do IBAMA, do ICMBIO e de outros órgãos responsáveis pelo cuidado e preservação do meio ambiente; expressa claramente seu discurso de raiva contra populações nativas, alardeando o desrespeito à natureza e a vontade de minimizar ações que visem protegê-las. Considera que preservação e cuidados necessários à manutenção da biodiversidade são mecanismos de atraso ao desenvolvimento. É bom que se repita que deixou isso tudo bem expresso, desde que era candidato. Seus atos, agora, confirmam o esvaziamento das estratégias de fiscalização e suporte ao controle do crescimento de áreas desmatadas pela ganância sem limites de pessoas e grupos econômicos inescrupulosos.