"PARA
NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS
FLORES".
Planejei
essa postagem sobre as floradas de agosto como uma alternativa para não
falar de política.
Muitos
percebem agosto apenas como um tempo seco, ventoso, frio e empoeirado. No
entanto, aqui na nossa região, as floradas nessa época são exuberantes.
Começando
pelo cipó de São João cujas flores este ano não abriram em junho, como de
costume; apareceram timidamente em
julho, e agora em agosto atingiram sua plenitude.
No início do mês,
encontrava-me na capital mineira e descobri, com muita alegria, dois muros
cobertos com suas flores cor de fogo. Essa espécie ainda é pouco cultivada em
jardins, sendo mais comum vê-la nos pastos e margens de capoeiras; foi
surpreendente encontrá-la florida em plena região urbana de Belo Horizonte, nos
muros da igreja N. Sra. Auxiliadora e em uma residência ali por perto.
Muro de igreja coberto pelo cipó de São João Foto: Jonas Vieira |
Por
agora, as quaresmeiras e os manacás da serra se despedem com as derradeiras
flores. Da mesma forma as buganvílias, que embora floresçam praticamente o ano
inteiro, no inverno ficam mais
exuberantes.
Buganvília alaranjada |
Pata de vaca: abelhas e beija-flores |
Elas têm dado lugar a outras não menos atraentes, como as patas de vaca, por exemplo, que, nas versões brancas e cor de rosa, enchem os nossos olhos de beleza e o ar no seu entorno de abelhas e beija-flores.
No final do inverno, geralmente os ipês roxos e cor de rosas prenunciam os da cor amarela que costumam atingir a plenitude da florada no mês de setembro. No entanto, antes que eles predominem com seu esplendor e beleza, as paisagens por aqui ficam marcadas pelas paineiras e pela eritrina mulungu com seu vermelho alaranjado de tirar o fôlego.
No final do inverno, geralmente os ipês roxos e cor de rosas prenunciam os da cor amarela que costumam atingir a plenitude da florada no mês de setembro. No entanto, antes que eles predominem com seu esplendor e beleza, as paisagens por aqui ficam marcadas pelas paineiras e pela eritrina mulungu com seu vermelho alaranjado de tirar o fôlego.
Além
das espécies ornamentais, no mês de agosto, é de apreciar a beleza das floradas
das mangueiras e das jabuticabeiras em quintais, jardins e beiras de estrada. As
abelhas agradecem.
Eritrina mulungu: flores cor de fogo |
Outra
árvore de grande beleza cujos botões, nessa época, abrem-se em flores delicadas
formando encantadores pompons, é a
candeia. Tão mineira, tão genuinamente brasileira, é comum nas faixas de transição entre o Cerrado e a
Mata Atlântica. Passando pela região de Ouro Preto, ela pode ser vista com muita
frequência, dando à paisagem o tom nostálgico da história, lembrando-nos que seu
precioso óleo iluminava os candeeiros, antes do advento da luz elétrica.
É
só sair por ai com os olhos abertos que vamos encontrando essas e outras
belezas de tirar o fôlego.
Mangueira florida |
Embora
a vegetação costume variar bastante de uma região para outra, sabemos que
algumas espécies, como os ipês e a as eritrinas, por exemplo, ocorrem no país
inteiro. Fico pensando em quantas árvores dessas devem ter ardido em fogo nesses
últimos dias. É de espantar que, para alguns, não seja importante preservar e
cuidar dessas belezas que, além de nos encher os olhos, cuidam, promovem e abrigam
vida e diversidade, necessárias à sobrevivência de nosso lindo planeta azul.
Confesso
que tentei. Todavia, com a Amazônia, nossa maior reserva de floresta tropical, ardendo
em fogo, fica difícil. Não foi com pouco esforço que me contive de comentar, a
todo o instante, sobre os danos que as queimadas estão causando naquela região, em todo
o país e em outras partes do mundo. Não posso deixar de expressar minha
indignação, revolta e vergonha pelo que está acontecendo! Sabemos que nessa
época do ano, queimadas costumam ocorrer. No entanto, nunca tivemos um governo
que tivesse contribuído tanto para que elas aumentassem de maneira espantosa,
como agora. Sem pudor, ele vem implementando ações de desmonte do IBAMA, do
ICMBIO e de outros órgãos responsáveis pelo cuidado e preservação do meio
ambiente; expressa claramente seu discurso de raiva contra populações nativas, alardeando
o desrespeito à natureza e a vontade de minimizar ações que visem protegê-las.
Considera que preservação e cuidados necessários à manutenção da biodiversidade
são mecanismos de atraso ao desenvolvimento. É bom que se repita que deixou
isso tudo bem expresso, desde que era candidato. Seus atos, agora, confirmam o
esvaziamento das estratégias de fiscalização e suporte ao controle do
crescimento de áreas desmatadas pela ganância sem limites de pessoas e grupos
econômicos inescrupulosos.
Muito bom, Maria Inês. Um belo e oportuno texto!
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