Jardins bonitos requerem
manutenção constante, por mais que sejam habitados por espécies perenes, que
exigem menos cuidados. Podas de limpeza, retiradas de hastes secas, galhos ou folhas
que precisam ser removidos, boas regas e alguma adubação, entre outras, são
rotinas de jardineiros cuidadosos.
Todavia, quando se torna
necessária alguma intervenção mais profunda, os cuidados precisam ser
redobrados. É o que normalmente acontece quando a casa encontra-se em reforma. O
jardim, frequentemente, acaba sofrendo e, muitas vezes, precisa ser incluído nos
reparos.
Obras que envolvem a recuperação
de muros que servem de encosta ao jardim
podem exigir cuidados maiores,
mesmo com as plantas mais robustas. Geralmente quando se pode escolher, dá-se preferência
para a execução de obras no período da seca. Por aqui, esse período começa
geralmente a partir de junho, quando a probabilidade de chuvas é menor, indo
até setembro. Também nessa época, as podas são mais indicadas. Assim, casar os
dois procedimentos pode ser uma boa escolha, já que, mesmo com todos os
cuidados, as plantas costumam sofrer com poeira, respingos de massa e tinta, além
de outros danos.
Caso o jardim seja algo
importante, é melhor deixar bem claro para os profissionais que estão
envolvidos na obra, que durante a reforma, os cuidados com as plantas são imprescindíveis
No meu caso, além de recomendar, prefiro me envolver pessoalmente, não abrindo mão,
por exemplo, de orientar a retirada de plantas que precisam ser removidas. Costumo
ainda escolher pessoalmente o lugar onde as plantas retiradas do jardim serão
colocadas provisoriamente e me encarregar dos cuidados com as regas e podas,
nesse processo de reformas.
Raramente, por mais que
planejemos, as obras em casa ocorrem sem nenhum imprevisto. Isso vale também
para as plantas e o jardim. Assim, para evitar decepções e aborrecimentos
maiores, melhor dar início à reforma, contando que alguma perda pode ocorrer. É
muito bem vinda a contratação de profissionais que compreendam o quanto a
preservação e os cuidados com o jardim são importantes na empreitada. Contar
com um bom servente que tenha alguma prática de jardinagem, ou gosto com
plantas, nessa situação, é um luxo.
Dependendo, obviamente, do tamanho
da intervenção, nem todas as plantas precisam ser removidas do jardim. Alguns
cuidados permitem que sejam mantidas em sua posição original, sem grandes
interferências em seu crescimento e floração.
Selecionei alguns exemplos que
podem ajudar quem vai passar por uma reforma em casa e não quer ver seu jardim danificado e necessitando “começar de novo”,
depois que a casa estiver pronta.
Buganvília adulta em floração |
- Buganvília adulta em plena floração que
encontrava-se apoiada no muro, teve seu tronco e galhos afastados do apoio com
o auxílio de cordas e um suporte de ferro, enquanto a edificação era restaurada
e pintada. Durante o período em que permaneceu fora do apoio do muro, recebeu
regas diárias. Ao final do procedimento, ganhou uma poda de limpeza, uma boa
adubação e foi reconduzida ao muro. Praticamente não sofreu danos.
Nolina amarrada durante a reforma |
- Nolinas (pata de elefante) e sagus adultos são exemplar preciosos em muitos
jardins. Embora sejam espécies caras e
de crescimento lento, são bastante robustos e resistem bem a pequenas agressões.
Um bom amarrado em suas folhagens costuma funcionar bem, protegendo-as de respingos de tinta e massa de reboco, poeira
de cimento e alcance de pedras e ferramentas. Borrifar água diariamente nas
folhas e nos troncos é um procedimento que auxilia para que essas espécies não
sofram danos maiores durante uma reforma.
Essa touceira de Chamedória foi protegida com amarração |
- Palmeiras como as de Petrópolis,
as Chamedórias, as Fenix e as Raphis, mesmo
que não alcancem altura elevada quando adultas, costumam ser espécies que tornam-se difíceis de serem
removidas temporariamente do seu local, sem trabalheira. Recursos como amarrar
as folhagens e manter a umidade do solo também
costumam funcionar nesses casos.
- Dracenas, no geral apreciam
boas podas, especialmente nessa época do ano. Suas hastes costumam ser flexíveis
e as folhagens bem resistentes. Assim sendo, melhor mantê-las em seus locais de
origem, bastando afastar seus galhos do contato direto com materiais da obra. Podas
de limpeza e manutenção devem ficar para depois da conclusão da reforma,
priorizando a retirada de hastes que sofreram algum dano como quebras de
folhagem, feridas e respingos de tinta ou poeira de cimento.
Manacá floresce durante a obra, amarrado a pedras que o mantem fora do muro. |
- Arbustos como os manacás, as
clúseas e os resedás somente devem ser removidos de seu local, caso seja
estritamente necessário. Cobri-las com lona durante o trabalho, ou arredar seus
galhos do contato com a obra, costuma ser ação suficiente para protegê-las.
Ao contrário das espécies
citadas, algumas plantas podem ser facilmente removidas do lugar em que se
encontram, em
perfeito estado. É o caso, por exemplo, de
bromélias e orquídeas de chão. Tais plantas costumam ter o sistema de
enraizamento bem superficial e resistem a serem arrancadas, algumas até sem os
respectivos blocos de terra; precisam apenas
serem protegidas de excesso de poeiras, respingos de tinta e outros acidentes
comuns em obras. Podem ficar bem, se transferidas para locais de espera
principalmente sombreados, com menor risco de perdas.
Bromélias aguardam em caixas até serem levadas de volta ao jardim |
Na maior parte das vezes, as
plantas preferem, caso seja possível, serem mantidas no local em que estão habituadas
e adaptadas. Obviamente que tal solução somente se aplica para o caso de não
haver projeto de interferência significativa no jardim. Amarrar as folhagens,
cobri-las e às floradas com uma lona,
durante o dia, descobrindo-as à noite,
jogar água nas folhas e nas raízes ao
fim do dia, são práticas que costumam funcionar bem.
Dessa forma, ao fim da obra, a
recomposição do jardim pode ser realizada com menos trabalho e ser menos
onerosa. Como é sabido, exemplares adultos de espécies ornamentais costumam ser
caros, além de precisarem de um tempo para adaptação.
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