Segundo as tradições católicas, São Sebastião foi um
soldado romano que se tornou mártir por ter morrido defendendo o cristianismo. O
método como foi executado, a flechadas, amarrado a uma estaca de madeira,
transformou-o em tema de diversas expressões artísticas. Além de ter sido retratado
por vários pintores, sua trajetória foi contada em livros, tendo sido tema de
ópera e filmes.
Aqui no Brasil, dois de nossos maiores cantores e
compositores, Gilberto Gil e Milton Nascimento, dedicaram ao santo uma bela música,
Sebastião, verdadeira prece em homenagem ao Rio de Janeiro, cidade “tão
sacrificada e tão bela”. Com a música, produziram-se um dos mais bonitos
vídeos-clipes que já assisti. Uma produção primorosa, figurinos, cenários e
coreografias magníficos. Vale a pena vê-lo.
A devoção ao santo no Brasil é grande, sendo
padroeiro de várias cidades como o Rio de janeiro, nossa vizinha Ponte Nova e
Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, entre muitas outras.
Nas tradições afro-brasileiras, São Sebastião
aparece como Oxossi, o grande orixá das florestas, dos bichos e das plantas. É
geralmente representado como um caçador portando arco e flecha.
A cultura popular é imensamente rica e diversa. Na
minha infância, por exemplo, presenciei a grande devoção de minha avó pelo
santo guerreiro. Em sua simplicidade, toda vez que se via diante de violência, assassinatos
e outras crueldades, ela invocava: “Má São Sebastião!”. Obviamente, a expressão me deixava curiosa. Somente anos mais tarde, quando fiquei sabendo que o
santo tinha sido um mártir, minha “ficha caiu” e percebi que o Má nada mais era
do que a pronúncia inadequada de mártir.
Por outro lado ouvi muitas vezes, geralmente de
pessoas mais simples, empregados das fazendas e sítios, negros, no geral, ou
molecada de escola, um versinho que aparecia toda vez que presenciavam algo que
era condenado publicamente pelas leis e regras vigentes, mas que eles
consideravam “bem feito!”. Assim, quando alguém levava o castigo merecido,
segundo o julgamento deles, diziam:
Se não
era de sua conta,
Por
que foi mexer com os índios?”
Ao escrever sobre o santo hoje, rememorando essa
quadrinha, não pude deixar de me lembrar de acontecimento recente que repercutiu
em praticamente todo o mundo e tem dividido a opinião de muitos.
Há sabedoria de sobra na cultura popular!
Você pode assistir o clip mencionado em:
https://www.youtube.com/watch?=xUCJd1au5AM&feature=youtube_gdata_player
https://www.youtube.com/watch?=xUCJd1au5AM&feature=youtube_gdata_player
Oi Maria, que lindo o seu texto! Agora está mais fácil de comentar o blog, pois não é preciso reescrever letrinhas chatas. Parabéns!
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