Tem sido anunciado que estamos nos tornando um país rico. Já que vamos acabando com a miséria, o que é muito bom, precisamos agora reivindicar um pouco de civilidade.
Fico perplexa e bastante indignada (meus
alunos sabem disso), quando preciso mover a mesa ou carteiras, em sala de aula,
e quase sempre pego em chicletes colados na parte de baixo dos móveis. Tem
coisa mais escrota? Mais sem educação, e que represente tanto atraso? E pensar
que isso acontece em uma escola... É triste, para não dizer coisa pior.
Assim também é o hábito de jogar lixo na rua. É, no mínimo, desolador. Vejo como o entorno dos
supermercados e lanchonetes, ruas e calçadas ficam entulhadas de embalagens de
alimentos. Próximos aos bares e restaurantes, copos plásticos e latas de
cerveja e refrigerantes são atirados, sem parcimônia. Na minha rua também jogam copos plásticos e latas de cerveja. Que
vergonha! Depois não querem ter dengue, nem enfrentar problemas com enchentes. Óbvio
que esses entulhos acumulam água e depois correm direto com as chuvas para entupir bueiros e poluir riachos
e ribeirões.
Esses são exemplos de falta de civilidade e poderia
citar muitos outros. Mas o motivo da minha indignação e que me motivou a
escrever este post (após uma ausência considerável por aqui) é um fato que me
ocorre pela segunda vez em um espaço curto de tempo. Moro em um bairro sossegado, onde costumo fazer minhas
caminhadas de fim de tarde. De repente vem um cachorro correndo para o meu lado, livre de coleira ou
qualquer outro meio de segurá-lo. Morro de medo de bichos,
quaisquer que sejam. Nessas horas, entro em pânico e fico indignada com os donos que, na maior parte das vezes se limitam a dizer: - fique tranquila que ele não morde. Reconheço que perco um pouco as estribeiras,
acabo interpelando os donos e sendo bastante afirmativa em meu direito de
caminhar sossegada e em segurança.
Sei que ando meio na contramão da onda que atualmente é pró-animais
e que corro risco de sofrer certa
patrulha ideológica por estar me expondo quanto a este assunto. Respeito os animais, não gosto de vê-los sendo
maltratados, mas tenho o direito de andar na rua sem ser incomodada. Em alguns locais já existem leis proibindo que saiam sem coleiras e, em certos casos, até focinheiras.
Confesso que não sei se por aqui existe esse mecanismo. Mas vou me informar,
porque, se for o caso, havendo uma
terceira vez, farei uma denúncia.
Não há falta de civilidade maior do que criar problemas
com vizinhos. Nas cidades pequenas, como é o caso da onde moro, vizinhos se
conhecem, se cumprimentam, alguns se tornam bons amigos, pessoas literalmente muito
próximas. Por aqui, pessoas ainda
colocam cadeiras nas calçadas no fim da tarde, para conversarem, fazem novenas
de fim de ano, oferecem carona umas às outras e, no geral usufruem de convívio
harmonioso. Ficarei muito aborrecida se
tiver que tomar alguma providência menos
amigável para garantir o meu direito de andar pelas ruas em segurança, sem ser
incomodada por animais e ainda ter que bater boca com seus donos irresponsáveis.
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