A HORA DA
DECISÃO
Tancredo Almada Cruz
<tancredo@ufv.br>
O atual processo eleitoral contou com uma
dúzia de candidatos à presidência. Em essência, apenas duas propostas estavam
em disputa: a economia de mercado e a
economia do bem
estar. Estas duas posições
continuam no segundo turno e está chegando a hora de se decidir por uma delas. Logo, cabe um esclarecimento
sobre suas diferenças principais.
A economia de mercado, também chamada de
neoliberal, defende o Estado mínimo e o mercado livre, acreditando existir
uma " mão invisível" capaz de levar o conjunto da
economia a atender
o interesse da coletividade pela concorrência entre os atores, mesmo
que estejam motivados por interesses individuais.
Os defensores desta tese ignoram que a
teoria proposta por Adams Smith tinha como hipótese a
existência de um
mercado de concorrência perfeita.
Ocorre que o mercado atual é dominado
por grandes oligopólios, que distorcem
o funcionamento do
mecanismo idealizado por Smith. Neste contexto, não é capaz de
produzir os resultados
desejados. Ao contrário,
geram crises periódicas
e desigualdades profundas.
Isto se deve ao fato do mercado ser
excludente, na medida
em que só permite a participação de
quem tem algo
para vender ou dinheiro
para comprar. Como
tal, impede que
muita gente se beneficie do progresso tecnológico e da
melhoria da qualidade
de vida oferecida. A desigualdade resultante deste processo restringe a
demanda produzindo a crise e aprofundando a própria desigualdade.
Em suma, o modelo neoliberal gera recessão com falências, desemprego e injustiça social,
exigindo a intervenção estatal para reverter
esse processo. Em outras palavras, a proposta neoliberal resulta na necessidade
da interferência do Estado, justamente o que propõe evitar, depois
de causar grande
sofrimentos a toda a
sociedade.
A
economia do bem
estar, também chamada
de desenvolvimentista,
propõe papel relevante
para o Estado, consistindo em ser
agente regulador do
mercado e indutor
do desenvolvimento. Como regulador, o Estado deve atuar no sentido de limitar a ação de oligopólios,
monopólios e práticas prejudiciais à concorrência
como cartéis e outros abusos. Como
indutor, busca a redução da desigualdade com políticas
sociais e o
controle da demanda para
evitar inflação e
recessão, indispensável ao desenvolvimento sustentável. Essas ações
resultam em estabilidade e justiça social, ou seja, no bem estar da sociedade.
Todos os países desenvolvidos seguiram essa
política econômica e quando dela se
desviaram sofreram graves retrocessos. O
Brasil, como uma economia capitalista, não é diferente. Sempre que abraçou o
neoliberalismo, inibindo o
papel do Estado
e adotando as privatizações como panaceia, amargou a
queda do crescimento,
o aumento do desemprego
e o agravamento
da desigualdade e da injustiça
social.
Fatos recentes evidenciam a correção da
política do bem estar no Brasil. Em
2008, a especulação imobiliária nos
Estados Unidos, levou a uma crise
econômica que alcançou,
praticamente, todo o mundo. O Brasil conseguiu se manter ao
largo dessa crise até 2013, ano em que a
taxa de desemprego atingiu
o menor valor
de sua história(4,5%). A partir
desta data, dois elementos se somaram
à crise internacional, a grande seca que atingiu o País de
norte a sul e a crise política
que "emparedou" o governo
federal. Após a eleição, em 2014, Dilma tentou superar a
crise política, adotando medidas neoliberais conduzidas pelo
novo ministro da fazenda. Não deu certo. Foi derrubada. O novo
governo aprofundou as
medidas neoliberais e, em consequência, a
crise econômica e
social, triplicando o desemprego e a recessão.
Pelo exposto, fica fácil perceber o caminho
correto a seguir. Não é racional continuar na linha
neoliberal de Temer sob pena de amplificar, ainda
mais, as mazelas
vividas pelo País, principalmente, depois de se ter
vivido tempos felizes.
Meu professor de muitos anos |
O esclarecimiento e importante e sempre necessario, principalmente vindo de uma pessoa tao especial que e o Prof.Tancredo.
ResponderExcluirNeste momento somente temos um caminho a seguir. E dai corrigir os erros, com os culpados pagando, tudo dentro da ordem e do sistema democratico.