segunda-feira, 22 de outubro de 2018

PEQUENA AULA DE ECONOMIA


A HORA DA DECISÃO

                                     Tancredo Almada Cruz
                                        <tancredo@ufv.br>
   O atual processo eleitoral contou com uma dúzia de candidatos à presidência. Em essência, apenas duas propostas estavam em disputa: a economia de mercado e a  economia  do  bem  estar.  Estas duas posições continuam no segundo turno e está chegando a hora de  se decidir por uma delas. Logo, cabe um esclarecimento sobre suas diferenças principais.
    A economia de mercado, também chamada de neoliberal, defende o Estado mínimo e o mercado livre, acreditando  existir  uma  "  mão invisível" capaz de levar  o  conjunto  da  economia  a  atender  o interesse da coletividade pela concorrência entre os atores,  mesmo  que estejam motivados por interesses individuais.
     Os defensores desta tese ignoram que  a  teoria  proposta  por Adams Smith tinha como hipótese  a  existência  de  um  mercado  de concorrência perfeita. Ocorre que o mercado atual  é  dominado  por grandes oligopólios, que distorcem  o  funcionamento  do  mecanismo idealizado por Smith. Neste contexto, não é capaz  de  produzir  os resultados desejados.  Ao  contrário,  geram  crises  periódicas  e desigualdades profundas.
    Isto se deve ao fato do mercado ser excludente,  na  medida  em que só permite a participação de  quem  tem  algo  para  vender  ou dinheiro  para  comprar.  Como  tal,  impede  que  muita  gente  se beneficie do progresso tecnológico e da melhoria  da  qualidade  de vida oferecida. A desigualdade resultante deste processo restringe a demanda produzindo a crise e aprofundando a própria desigualdade.
    Em suma, o modelo neoliberal gera recessão com  falências, desemprego e injustiça social, exigindo a intervenção estatal  para reverter esse processo. Em outras palavras, a proposta neoliberal resulta na necessidade da interferência do Estado, justamente o que propõe evitar,  depois  de  causar  grande  sofrimentos  a  toda  a sociedade.
      A  economia    do    bem    estar,    também    chamada    de desenvolvimentista,  propõe  papel  relevante  para    o    Estado, consistindo em  ser  agente  regulador  do  mercado  e  indutor  do desenvolvimento. Como regulador, o Estado deve atuar no sentido  de limitar a ação de oligopólios, monopólios  e práticas prejudiciais à concorrência como cartéis e outros abusos. Como  indutor,  busca  a redução da desigualdade com  políticas  sociais  e  o  controle  da demanda  para  evitar  inflação  e  recessão,   indispensável    ao desenvolvimento sustentável. Essas ações resultam em estabilidade e justiça social, ou seja, no bem estar da sociedade.
    Todos os países desenvolvidos seguiram essa política  econômica e quando dela se desviaram sofreram graves retrocessos. O  Brasil, como uma economia capitalista, não é diferente. Sempre que  abraçou o  neoliberalismo,  inibindo  o  papel  do  Estado  e  adotando  as privatizações como panaceia, amargou  a  queda  do  crescimento,  o aumento  do  desemprego  e  o  agravamento  da  desigualdade  e  da injustiça social.
     Fatos recentes evidenciam a correção da política do bem  estar no Brasil. Em 2008, a especulação imobiliária nos  Estados  Unidos, levou a uma crise econômica  que  alcançou,  praticamente,  todo  o mundo. O Brasil conseguiu se manter ao largo dessa crise até  2013, ano em que a taxa de  desemprego  atingiu  o  menor  valor  de  sua história(4,5%). A partir desta data, dois elementos  se  somaram  à crise internacional, a grande seca que atingiu o País  de  norte  a sul e a crise política que "emparedou" o governo  federal.  Após  a eleição, em 2014, Dilma tentou superar a crise  política,  adotando medidas neoliberais conduzidas pelo novo ministro da  fazenda.  Não deu certo. Foi derrubada. O  novo  governo  aprofundou  as  medidas neoliberais  e,  em  consequência,  a  crise  econômica  e  social, triplicando o desemprego e a recessão.
    Pelo exposto, fica fácil perceber o caminho correto  a  seguir. Não é racional continuar na linha neoliberal de Temer sob  pena  de amplificar,  ainda  mais,  as   mazelas    vividas    pelo    País, principalmente, depois de se ter vivido tempos felizes. 

Meu professor de muitos anos















     

Um comentário:

  1. O esclarecimiento e importante e sempre necessario, principalmente vindo de uma pessoa tao especial que e o Prof.Tancredo.
    Neste momento somente temos um caminho a seguir. E dai corrigir os erros, com os culpados pagando, tudo dentro da ordem e do sistema democratico.

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