terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

ATRAÍDA POR MUSEUS

Museus, casas de cultura e exposições me atraem, como nenhum outro espaço, nos locais onde visito. Nesse começo de ano, tive oportunidade de vivenciar três experiências nesse contexto: uma excelente, outra boa, porém nem tanto e a última decepcionante.
Vista da Bahia de Guanabara a partir do MAC
Em Belo Horizonte, conheci e encantei-me com o MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS, mantido pela PUC – MG, (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais). Depositário de um ótimo acervo, o museu guarda uma das maiores coleções de paleontologia do Brasil, com cerca de 60.000 fósseis e 17.000 exemplares nas coleções de plantas e animais invertebrados, peixes, anfíbios, aves e mamíferos atuais.  Possui também um jardim de borboletas, e funciona como espaço de educação ambiental, recebendo estudantes e promovendo atividades educativas, visando a conscientização da importância de se preservar a biodiversidade do planeta Terra.
Professores, em sua maioria, adoram um museu

Réplicas de grandes dinossauros que viveram na América do Sul são a grande atração do museu, embora ele guarde preciosidades como o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo já descoberto no Brasil e o esqueleto de um grande mamífero brasileiro extinto, - uma preguiça gigante, encontrada na Chapada Diamantina, na Bahia.
O acervo é muito bem organizado em cinco setores. Já na entrada, visita-se a Era dos Répteis, que contem esqueletos de dinossauros sul-americanos, pterossauros e um crânio de um crocodilo gigante, mostrando a fauna que dominou a terra cerca de 150 milhões de anos atrás, no período denominado Mesozóico. No segundo piso, somos recebidos pela Coleção Peter Lund. Essa parte do acervo expõe ferramentas, instrumentos e objetos pessoais do pesquisador, além de diversos fósseis e objetos por ele encontrados, especialmente em pesquisas  na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais.
O Museu apresenta ainda um espaço que se dedica ao Cerrado, bioma que ocupa 21% do território brasileiro e vem sendo continuamente devastado. Há também uma seção dedicada a mostra de espécies de Animais Exóticos que não ocorrem no Brasil, como elefantes e rinocerontes, entre outros e um grande acervo da Fauna Marinha.  
Reprodução de cena do Cerrado


 O MCN da PUC Minas fica aberto no horário comercial. As visitas são acompanhadas e muito bem orientadas por monitores, estudantes universitários dos cursos de biologia, história, filosofia, pedagogia e outros. Enfim, uma preciosidade, aqui no nosso estado e ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas que não são das áreas de ciências. Imperdível.

O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÃNEA - MAC de Niterói, estado do Rio, foi outro espaço que tive oportunidade de visitar e que embora tenha me encantado em alguns aspectos, aborreceu-me por não deixar expresso que o seu acervo permanente está indisponível para visitação.
MAC - a imponente "taça" de Niemayer
Embora seja decepcionante visitar um museu de arte e não ter acesso ao seu acervo principal, as  mostras  itinerantes que se encontram em exposição durante este mês são bem interessantes.
Cascavida
Oxalá que dê bom tempo 
A mostra intitulada “Oxalá Que dê Bom Tempo”, da artista plástica Regina Valter, contém peças intrigantes. Destaco a instalação denominada Cascavida, um grande conjunto composto por tecido de filó e casca de ovos que, ao lado da montagem que dá nome à exposição, uma peça elaborada com fios de nylon e penas brancas, chamam a atenção e despertam curiosidade e fascínio nos visitantes.

 O artista pernambucano Bruno Faria apresenta em sua exposição no MAC - Niterói peças elaboradas a partir de documentos e apropriação de objetos para construir narrativas inusitadas, como, por exemplo, o conjunto com mais de oitenta capas de discos de vinil, lançados por artistas brasileiros entre as décadas de 1960 e 1990.  
Também em exposição no Museu, neste mês, estão obras de pintura abstrata de Rafael Alonso. Utilizando diferentes recortes e materiais para aplicar faixas de cor de contraste acentuado sobre suas telas, o artista produz peças interessantes e com um apelo visual extraordinário.
Obra de Rafael Alonso exposta no MAC-Niterói

Todavia, o maior atrativo do Museu é sem sombra de dúvida, a extraordinária e elegante arquitetura de Oscar Niemayer, falecido recentemente. A escolha do local para instalação do prédio, uma construção em forma de taça, é também algo que chama a atenção, pois de todas as partes se tem vistas magníficas, seja da Bahia de Guanabara, no Rio, ou da cidade de Niterói.
Entre as justificativas para o tombamento da Casa da Flor está o ineditismo criativo
Casa da Flor- Foto: reprodução site IPHAN

Por fim, fiz a tentativa de visitar a CASA DA FLOR, em São Pedro da Aldeia, na região dos lagos, também no estado do Rio.  Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural Brasileiro, o IPHAM, a casa encontra-se fechada e abandonada, sem nenhuma explicação nos sites dedicados à sua divulgação.
A Casa da Flor é uma obra de arquitetura e escultura construída pelo artista Gabriel dos Santos, natural de São Pedro da Aldeia, RJ. Durante toda a sua vida, o artista juntou “coisinhas” , como ele se referia, para edificar sua morada, que foi erguida utilizando esteios de madeira e muita pedra, decorados com mosaicos, esculturas e enfeites, criados a partir de materiais desprezados. Com cacos de louça, pedaços de azulejos, conchas, peças de automóveis e outros, o autor construiu uma obra de arte inédita, que, exageros à parte, já foi comparada a trabalhos de Gaudi, o extraordinário arquiteto catalão.
Vista da Casa da Flor como a encontramos

Assim como Bispo do Rosário, Gabriel era muitas vezes, orientado por sonhos. Dessa maneira, o artista foi criando seu original recanto, uma casa em forma de T, localizada na parte alta de um terreno em aclive, ligando-a à rua por uma escadaria de pedras, adornada com esculturas,  formando um conjunto inusitado e original.   
Para nossa tristeza, a casa encontra-se, como já disse, desprezada e abandonada. Pudemos vê-la apenas em sua parte externa, numa tarde chuvosa, a partir de uma rudimentar cerca de arame que a contorna. Do jeito em que está, fica facilmente sujeita a saques e destruição. O governo federal divulga com alarde o seu tombamento e a sua transformação em patrimônio histórico e cultural brasileiro. No entanto, trata essa preciosidade  com o desprezo típico de sua gestão ineficaz e fraudulenta.

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