Museus, casas de cultura e exposições me
atraem, como nenhum outro espaço, nos locais onde visito. Nesse começo de ano,
tive oportunidade de vivenciar três experiências nesse contexto: uma excelente,
outra boa, porém nem tanto e a última decepcionante.
Vista da Bahia de Guanabara a partir do MAC |
Em Belo Horizonte, conheci e encantei-me
com o MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS, mantido pela PUC – MG, (Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais). Depositário de um ótimo acervo, o museu
guarda uma das maiores coleções de paleontologia do Brasil, com cerca de 60.000
fósseis e 17.000 exemplares nas coleções de plantas e animais invertebrados,
peixes, anfíbios, aves e mamíferos atuais. Possui também um jardim de borboletas, e
funciona como espaço de educação ambiental, recebendo estudantes e promovendo
atividades educativas, visando a conscientização da importância de se preservar
a biodiversidade do planeta Terra.
Professores, em sua maioria, adoram um museu |
Réplicas de grandes dinossauros que
viveram na América do Sul são a grande atração do museu, embora ele guarde
preciosidades como o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo já descoberto
no Brasil e o esqueleto de um grande mamífero brasileiro extinto, - uma preguiça gigante,
encontrada na Chapada Diamantina, na Bahia.
O acervo é muito bem organizado em cinco
setores. Já na entrada, visita-se a Era dos Répteis, que contem
esqueletos de dinossauros sul-americanos, pterossauros e um crânio de um
crocodilo gigante, mostrando a fauna que dominou a terra cerca de 150 milhões
de anos atrás, no período denominado Mesozóico. No segundo piso, somos
recebidos pela Coleção Peter Lund. Essa parte do acervo expõe
ferramentas, instrumentos e objetos pessoais do pesquisador, além de diversos
fósseis e objetos por ele encontrados, especialmente em pesquisas na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais.
O Museu apresenta ainda um espaço que se
dedica ao Cerrado, bioma que ocupa 21% do território brasileiro e vem
sendo continuamente devastado. Há também uma seção dedicada a mostra de
espécies de Animais Exóticos que não ocorrem no Brasil, como elefantes e
rinocerontes, entre outros e um grande acervo da Fauna Marinha.
Reprodução de cena do Cerrado |
O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÃNEA - MAC de
Niterói, estado do Rio, foi outro espaço que tive oportunidade de visitar e que
embora tenha me encantado em alguns aspectos, aborreceu-me por não deixar expresso
que o seu acervo permanente está indisponível para visitação.
MAC - a imponente "taça" de Niemayer |
Embora seja decepcionante visitar um
museu de arte e não ter acesso ao seu acervo principal, as mostras itinerantes que se encontram em exposição
durante este mês são bem interessantes.
Cascavida |
Oxalá que dê bom tempo |
A mostra intitulada “Oxalá Que dê Bom
Tempo”, da artista plástica Regina Valter, contém peças intrigantes. Destaco a
instalação denominada Cascavida, um grande conjunto composto por tecido de filó
e casca de ovos que, ao lado da montagem que dá nome à exposição, uma peça
elaborada com fios de nylon e penas brancas, chamam a atenção e despertam
curiosidade e fascínio nos visitantes.
O artista pernambucano Bruno Faria
apresenta em sua exposição no MAC - Niterói peças elaboradas a partir de
documentos e apropriação de objetos para construir narrativas inusitadas, como, por exemplo, o conjunto com mais de oitenta capas de discos de vinil, lançados
por artistas brasileiros entre as décadas de 1960 e 1990.
Também em exposição no Museu, neste mês, estão obras de pintura abstrata de Rafael Alonso. Utilizando diferentes
recortes e materiais para aplicar faixas de cor de contraste acentuado sobre
suas telas, o artista produz peças interessantes e com um apelo visual extraordinário.
Obra de Rafael Alonso exposta no MAC-Niterói |
Todavia, o maior atrativo do Museu é sem
sombra de dúvida, a extraordinária e elegante arquitetura de Oscar Niemayer, falecido
recentemente. A escolha do local para instalação do prédio, uma construção em
forma de taça, é também algo que chama a atenção, pois de todas as partes se
tem vistas magníficas, seja da Bahia de Guanabara, no Rio, ou da cidade de
Niterói.
Casa da Flor- Foto: reprodução site IPHAN |
Por fim, fiz a tentativa de visitar a CASA
DA FLOR, em São Pedro da Aldeia, na região dos lagos, também no estado do Rio. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Cultural Brasileiro, o IPHAM, a casa encontra-se fechada e abandonada,
sem nenhuma explicação nos sites dedicados à sua divulgação.
A Casa da Flor é uma obra de arquitetura
e escultura construída pelo artista Gabriel dos Santos, natural de São Pedro da
Aldeia, RJ. Durante toda a sua vida, o artista juntou “coisinhas” , como ele se
referia, para edificar sua morada, que foi erguida utilizando esteios de
madeira e muita pedra, decorados com mosaicos, esculturas e enfeites, criados a
partir de materiais desprezados. Com cacos de louça, pedaços de azulejos, conchas,
peças de automóveis e outros, o autor construiu uma obra de arte inédita, que,
exageros à parte, já foi comparada a trabalhos de Gaudi, o extraordinário
arquiteto catalão.
Vista da Casa da Flor como a encontramos |
Assim como Bispo do Rosário, Gabriel era
muitas vezes, orientado por sonhos. Dessa maneira, o artista foi criando seu original recanto,
uma casa em forma de T, localizada na parte alta de um terreno em aclive,
ligando-a à rua por uma escadaria de pedras, adornada com esculturas, formando um conjunto inusitado e original.
Para nossa tristeza, a casa encontra-se,
como já disse, desprezada e abandonada. Pudemos vê-la apenas em sua parte
externa, numa tarde chuvosa, a partir de uma rudimentar cerca de arame que a
contorna. Do jeito em que está, fica facilmente sujeita a saques e
destruição. O governo federal divulga com alarde o seu tombamento e a sua
transformação em patrimônio histórico e cultural brasileiro. No entanto, trata essa
preciosidade com o desprezo típico de
sua gestão ineficaz e fraudulenta.
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