Estou expondo meus estandartes na Casa de Cultura de Paula
Cândido, como parte da programação da festa de Nossa Senhora do Rosário, evento
que se repete há mais de um século. Já participei de exposições em outros
locais e cidades, todas muito bacanas, que me encheram de alegria pela
oportunidade de mostrar minhas artes e interagir com os visitantes. Todavia
nenhuma delas esteve em um contexto tão apropriado como essa que vem ocorrendo
agora.
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Estandarte que compus especialmente para a Exposição |
Estandartes são bandeiras ou flâmulas
que abrem desfiles militares, religiosos, ou de festividades pagãs, como o
carnaval, por exemplo. Representam tropas, grupos, nações, tribos, embarcações,
ou blocos e geralmente são compostos em tecidos com as cores das respectivas
agremiações. Na sua composição, na maior parte das vezes, utilizam-se rendas, fitas, bordados, sianinhas,
galões, pedrarias e outros adereços que contribuam para dar cor, harmonia e
beleza às peças que possuem um papel importante nos desfiles e cortejos. Estandartes,
no Brasil, ganharam status de obras de arte, com Arthur Bispo do Rosário,
artista brasileiro, cujas obras já estiveram presentes em bienais e exposições
em diversos países.
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Congada em frente à igreja do Rosário-Foto: Thaynã Paes |
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Todo o vigor da festa. Foto Thaynã Paes |
As Congadas são tradicionais manifestações
da cultura popular e têm forte influência de danças, músicas e costumes
africanos, que, num processo de sincretismo religioso, incorporaram-se às
comemorações católicas. Atualmente, assim como ocorre em Paula Cândido, em
várias outras localidades, as festas do Rosário praticamente não existem sem as
Congadas. Estas, por sua vez, não existem sem os estandartes.
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Mestre Zezinho: elegância, vigor, alegria |
Quando assisto manifestações populares importantes
como essa, não consigo deixar de pensar em como a cultura africana é forte,
pois, apesar de historicamente vir sofrendo contínuas tentativas de massacre, tem
sobrevivido com todo o vigor. E isso não se dá apenas com as Congadas. Quando
vamos a Salvador (BA), Ouro Preto (MG), ou Olinda (PE), por exemplo, deparamos permanentemente,
com manifestações da cultura afro, seja por intermédio da música, dança,
folclore, culinária e outras expressões.
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Toda prosa no meio dos mestres-Foto Thaynã Paes |
No meio a toda essa riqueza cultural,
não posso também deixar de observar o quanto grande parte de nosso povo
continua pobre no sentido literal da palavra, não usufruindo de condições mínimas
para ter uma vida digna. Penso muito nisso quando vejo pessoas sem dentes, ou
com prótese dentária total, ou caminhando pelas ruas em dias chuvosos com os
pés desprotegidos (calçando chinelos de dedos), por exemplo. Essas são
manifestações evidentes de falta de acesso a condições mínimas de uma vida
decente.
Tudo isso me comove muito e me espanto
de perceber o quanto são insensíveis os políticos e demais pessoas detentoras
de poder, nesse nosso país tão lindo, tão rico de recursos materiais e de
tradições culturais e, ao mesmo tempo, tão pobre de oportunidades ao povo. Grande
parte dele não usufrui sequer da possibilidade de ter uma vida com um mínimo de
dignidade e conforto material. Ainda assim, continua alegre, festeiro e animado
e nos brinda constantemente com manifestações encantadoras como a festa do Rosário e o Congado de Paula
Cândido, dos quais, este ano, estou tendo a honra de fazer parte.
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Com a equipe da Secretaria de Cultura |
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Recebendo visitantes na exposição-Foto Thaynã Paes |
Que lindo Maria Inês, uma grande alegria poder fazer parte de tudo isso, as pessoas estão saindo encantadas da Casa da Cultura, Viva a Senhora do Rosário!
ResponderExcluirQue lindo,Maria Inês!! tô feliz demais por vocē estar conhecendo de perto a cidade da minha família querida, e que.a cidade também possa conhecer você!! um beijão! Gis
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