Distante
mais de 1.000 km de onde moro, Pirenópolis, no estado de Goiás, andou na minha
lista de lugares a conhecer por um bom tempo. Muitas vezes mencionada como
destino obrigatório para os que gostam de cidades históricas e que apreciam trilhas,
há uma semana ´pude ir comprovar se a fama era merecida.
Em boa parte sim, digo, com pouco receio de estar sendo injusta. Falo que valeu a pena parcialmente, porque fomos surpreendidas com algumas "brincadeiras sem graça", durante a viagem.
De
positivo, ressalto a beleza da cidade e da região, que não apenas conserva seu casario
histórico colonial de mais de três séculos, como mantém fortes tradições
culturais, como a festa do Espírito Santo que inclui Congadas e Cavalhadas.
Igreja do Rosário |
Museu do Divino |
Casario Colonial |
Além
de peças em tear e bordados de beleza singular, encontram-se também doces,licores e produtos da região, como castanhas, pimentas, flores secas e chás.
As
igrejas do Rosário e do Senhor do Bonfim, ambas do século XVIII, são bonitas e
merecem ser visitadas, assim como o Museu do Divino e o Museu das Cavalhadas. O
primeiro guarda rico acervo da maior festa da cidade, sendo mantido pelo
município. O outro é sustentado pelo esforço de uma família que, motivada a
manter a tradição local, formou um estoque considerável de peças alusivas à
cavalhada, uma representação da guerra entre mouros e cristãos e que ocorre
durante a festa do Divino.
Encantadora vegetação do cerrado. |
Acrescenta-se
ainda a beleza da topografia e da vegetação de Pirenópolis, que abriga belas
cachoeiras e trilhas que cortam o cerrado, sempre encantador e rico em
biodiversidade.
O
município de Pirenópolis é tombado, desde 1989, como conjunto arquitetônico,
paisagístico e histórico, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – IPHAN.
Parque
Estadual dos Pirineus - A região
delimitada pelo Parque situa-se, em sua quase totalidade, em altitudes
superiores a 1.200 m, abrangendo a Serra dos Pirineus, um dos pontos mais altos
do estado de Goiás. É abrigo de diversas espécies endêmicas do Cerrado e possui
formações rochosas do período pré-cambriano*. Ali encontram-se nascentes
importantes como a do rio das Almas, sendo o parque considerado um divisor de
águas continentais, por delimitar as bacias do Rio Amazonas e do Rio da Prata.
Apesar disso tudo, encontra-se praticamente abandonado. Essa é, assim, aquela
parte não muito boa que mencionei no início.
O
local não possui portaria, centro de visitantes e qualquer outra estrutura de
apoio ao turista. Sente-se a ausência de monitores, ou outras pessoas para oferecer
orientações e recomendações aos visitantes. Sabe-se, segundo informações de
guias locais, contratados na cidade, que casas de propriedade do parque, servem
de residência a funcionários. Apesar de estar dentro da área de preservação e
proteção ambiental, com estranheza avistamos diversas cabeças de gado em uma
dessas propriedades. Outra edificação, também dentro do parque, uma linda casa
de madeira, encontra-se abandonada, suja e caindo aos pedaços. A presença de
latas vazias de cerveja pelos cômodos é visível sinal de que foi utilizada indevidamente.
O
acesso ao pico mais elevado do parque, o Mirante da Capela, pode ser feito de
carro, por estrada de terra até bem próximo ao elevado, que pode ser alcançado
por trilha entre pedras com inclinação significativa. As partes mais difíceis
possuem corrimões de madeira, assim como o mirante.
Corumbá
de Goiás – Estando em Pirenópolis, vale a pena visitar a bonitinha cidade de
Corumbá de Goiás. Fundada por volta de 1730, a cidade conserva parte de seus
traços coloniais e resquícios da passagem dos bandeirantes em busca do ouro.
Ali
é possível em um só dia, perfazer as trilhas que dão acesso a lindas
cachoeiras, como a do Salto e a do Rasgão, além da cachoeira da Gruta e do Ouro.
O município é separado de Pirenópolis pela Serra dos Pirineus. As águas que
correm por Corumbá de Goiás desaguam inteiramente na bacia do Rio da Prata.
Cachoeira do Ouro |
O
salto do rio Corumbá, que forma a linda cachoeira do salto é uma das atrações
mais convidativas da região. Apesar disso, não faz parte da área delimitada
pelo Parque. Sendo propriedade particular, o acesso somente é possível mediante
pagamento de taxa de entrada.
As
trilhas que levam às cachoeiras são acidentadas e repletas de pedras, mas
possuem em algumas partes, corrimões e pontes elevadas, alguns em estado
precário.
Cachoeira do salto do Corumbá |
Difícil
compreender por que essa parte não foi incluída dentro da região tombada, pois é
área contígua à do parque, faz parte do mesmo ecossistema e abriga rios,
cachoeiras e grutas belíssimos.
Sendo
assim, esse aspecto também pode ser incluído como parte da “brincadeira sem
graça” que, infelizmente, também esteve presente em nosso passeio à região.
Apesar
disso, o saldo é altamente positivo. Recomendo fortemente aos que têm atração
por belas trilhas e cachoeiras, cidades históricas com fortes tradições
culturais, além de artesanato de qualidade apreciável.
* responsável por cerca de 80% do tempo geológico, iniciado há aproximadamente 4,5 bilhões de anos e terminado com o surgimento dos fósseis.
* responsável por cerca de 80% do tempo geológico, iniciado há aproximadamente 4,5 bilhões de anos e terminado com o surgimento dos fósseis.
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