quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Diário da Chapada Diamantina - 1. A viagem de Ida

Há muito sonhava com esta viagem e a fiz de carro, como desejava. Saímos de Viçosa com destino a Mucugê na Chapada Diamantina, Bahia. Viajávamos quatro pessoas, com duas delas alternando a direção do veículo. Portanto, dessa vez, não tive sequer a obrigação de ser copiloto e consultar placas, guaias e mapas. Viajei confortavelmente no banco de trás e pude apreciar as estradas e seus entornos, como gosto.
Percorremos aproximadamente 1.500 km em dois dias, com parada em Montes Claros. Nessa cidade, o calor era quase insuportável e chegamos a duvidar de nossa escolha por viajar para a região, nesse período tão quente. Ficamos apreensivos se daríamos conta de fazer trilhas e longas caminhadas, quase obrigatórias na Chapada, debaixo daquele sol escaldante.
A viagem, por si mesma, já é um atrativo. Acho lindo o norte de Minas e o sertão baiano. A todo instante, os retratos tão magnificamente descritos por Guimarães Rosa saltam aos nossos olhos. A vegetação típica do cerrado e da caatinga, com resquícios de mata atlântica, a topografia plana e os montes em forma de tabuleiro compõem,  juntamente com as veredas rodeadas de buritis, um cenário muito característico.
Veredas e Buritis
Avistamos, logo na divisa entre Minas e Bahia, torres de geração de energia eólica, a grande maioria na região de Guanambi. Claro que não deu para contar, mas foram muitas. As primeiras, vimos de longe. O que nos pareceu pequeno  à distância, de perto eram gigantescas torres com enormes hélices prateadas. Inevitável recordar D. Quixote. Confortador perceber que, apesar de tudo, estamos construindo, aos poucos, um novo Brasil, que investe em geração de energia limpa.
Torres de geração de energia eólica
A estrada que transitávamos seguiu paralela à estrada de ferro Leste-Oeste, ainda inacabada. Visualizá-la encheu meu coração de expectativa de que poderemos um dia ter estradas menos cheias de caminhões de carga e o transporte pesado mais barato e menos poluidor. 
Já no estado da Bahia, pouco depois da região de Tanhaçu, uma cidadezinha encravada no sertão baiano e que fazia um calor insuportável, começamos a percorrer uma região de serra e avistar enormes montanhas, muitas de pedras e com o característico formato de tabuleiro. Ao contrário dos morros de Minas que são, no geral, cobertos de vegetação e com o cume arredondado, os montes da Chapada Diamantina são quase todos de pedra, com pouca vegetação na parte média e alta e possuem essa configuração. Para a nossa alegria, o clima, depois de Ituaçu, uma simpática cidadezinha toda arborizada com espécies frutíferas, foi se tornando mais ameno.
Saco de Bode
Nas proximidades da Chapada Diamantina, vimos, desolados, alguns focos de incêndio  cobrindo de fumaça negra boa parte do horizonte.
Enfim, chegamos a Mucugê por volta de seis da tarde (lembrando que na Bahia não é adotado o horário de verão).  A temperatura estava em torno de 21 graus, confirmando as informações que havíamos obtido antes de partir, de que nesse local o clima era ameno.
Pequizeiro na estrada
Já era quase noite, mas saímos para jantar e de imediato nos encantamos. Em estilo colonial, porém sem a riqueza de Ouro Preto e Diamantina, a cidade nos lembrou Tiradentes, com seu calçamento em pedra e suas pequenas casas seculares.
A Praça dos Garimpeiros, a principal da cidade,  estava toda decorada para o Natal e repleta de turistas. Era um cenário animador.
Estávamos bastante cansados, mas felizes por termos feito uma viagem sem qualquer intercorrência adversa. Ainda naquela noite procuramos uma agência  de turismo e programamos nosso primeiro passeio para o dia seguinte.
No próximo post contarei sobre as aventuras do nosso primeiro dia na Chapada diamantina, um passeio para ficar para sempre na memória.

Vista da Chapada Diamantina 


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