Planejei escrever
nesta semana sobre comidinhas de Natal.
Pretendia mostrar umas quitandas típicas da Saudade e divulgar mais umas
receitinhas de família. A ideia era mostrar que comidas de Natal não se restringem
aos almoços e ceias e suas sobremesas de comer rezando. Incluem também os cafés
da manhã e lanches da tarde recheados de gostosuras.
Isso vai ficar para depois. O que eu
mais gosto de escrever por aqui são assuntos que despertam, num instante, a
motivação necessária para vir compartilhar com vocês. – Isso eu preciso colocar
no blog! É assim que penso nesses momentos de iluminação em que me ocorrem ideias
que merecem ser pensadas.
Aconteceu hoje pela
manhã, enquanto percorria a curta avenida que separa a minha casa do centro
comercial da cidade para onde eu me dirigia de carro, pretendendo encerrar de
vez as comprinhas de Natal. A ideia, é claro, era não ter que continuar enfrentando aquela tortura
de trânsito engarrafado e comércio lotado que caracteriza essa época.
Pois no meio do
caminho, não havia uma pedra, mas um coqueiro, ou melhor, uma fileira deles, no
canteiro central. Eles estão lá há algum tempo, só que, desta vez deparei com
algo diferente. Um deles, em especial chamou minha atenção.
Mesmo sendo uma atenta
observadora de plantas nunca havia reparado no desabrochar de um cacho de
coqueiro. Muitas vezes já vi as cascas que soltam deles e ficam caídas ao solo,
mas nunca tinha reparado em como eles se abrem. Foi um encantamento! Parei o
carro, mesmo sendo um local não muito apropriado, andei a pé no sol quente e
fui até bem perto pra apreciar melhor. Deu vontade de sentar em plena avenida e
ficar vendo aquilo por mais tempo. E permitir, esquecida da barulheira dos carros passando, que aquela
belezura me resgatasse da minha pouco frequente prática de contemplar.
Ao contrário do coelho
de Alice eu repetia para mim mesma: não, eu não tenho pressa, não é tarde, não
estou atrasada. Não preciso nem quero consultar o relógio. Naquele momento o
que eu precisava era de contemplar o desabrochar de um cacho de coqueiro e me extasiar
com essa beleza dourada, feito uma
criança diante de uma nova descoberta. E pude fazê-lo até me sentir plena desse
achado e só por isso ganhei o meu dia. Por me alegrar porque tenho tempo, essa
preciosidade tão rara.
Foram bons instantes
de contemplação mesmo com o barulho e a pressa dos carros passando. Eu ali no
meio fio, com o celular na mão tentando fazer uma foto decente com aquela
claridade toda a me impedir até de ver com nitidez as imagens da tela.
Agora não sou mais a
mesma. Vi pela primeira vez como desabrocham os cachos dourados do coqueiro. A
qualquer hora podem me encontrar absorta, provavelmente em local mais
sossegado, talvez com meu binóculo nas mãos a procurar outros cachos se
abrindo.
Nesse Natal já
formulei meu desejo: que sejamos resgatados da síndrome do coelho de Alice e
que possamos ser mais contemplativos. Afinal a natureza ainda tem tanto a
mostrar a cada um de nós. Que possamos todos andar com menos pressa e com olhos
bem abertos para esses pequenos milagres que tantas vezes nos passam despercebidos.
E por falar nesse
assunto, teremos lua cheia nesta noite de natal. Quer belezura maior e motivo
mais atraente para uma boa contemplação?
Boas festas a todos!
Carmo linda:q seu 2016 seja de boas e lindas contemplações
ResponderExcluirCarmo linda:q seu 2016 seja de boas e lindas contemplações
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