quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Conversas de Jardineiros - Tempo de falar de jardins


Setembro, primavera, tempo bom para  falar de  jardins. E de renovação. Andava pensando nisso e já  estava com meu post idealizado na cabeça, praticamente pronto. Planejara escrever, mais uma vez, sobre dicas e técnicas para se fazer um jardim bacana.
Regrinhas básicas da jardinagem e do paisagismo sugerem harmonizar cor, textura e altura, atentando  para a beleza e  para o equilíbrio estético do conjunto. Além disso, na composição de jardins e canteiros não é recomendável deixar de lado um pouco de técnica. Assim, sugere-se sejam avaliadas as condições de incidência de sol, a topografia, a umidade e o tipo do solo, a proximidade de  edificações, como casas, muros, piscinas, entre outros aspectos que, além da estética, vão orientar a escolha das plantas a serem utilizadas na composição.
Andava pensando em tudo isso e começando a escrever, quando me deparei com uma crônica do Carlos Heitor Cony, que mencionava que a única forma de beleza que o comovia era a liberdade. Fiquei em choque e não foi difícil entender a razão do meu espanto. Tendo sido criada com muita disciplina e me transformado em uma fiel cumpridora de normas, acabei adotando-as quase como se isso fosse natural;  ou seja, a vida é assim, para tudo há um caminho que é o mais lógico (por que não dizer, o mais certo?).
Todas as vezes em que eu me deparava com um jardim misturadinho, desses feitos sem seguir regra ou princípio algum,  baseado apenas no gosto e na intuição de seu dono, tinha a tendência de, pretensiosamente,  torcer o nariz. Sequer tentava apreciar ou descobrir beleza e “interessância” no conjunto.
Jardim misturadinho, alegre, colorido e...bonito
Quando resolvi criar o blog, o fiz com a expectativa de ser mais leve, brincalhona, de me expressar com liberdade e até dar pitacos em assuntos nos quais não sou uma especialista. Minha experiência com paisagismo, já disse por aqui, tem origem em minha família de jardineiros, alguns com estudos formais na área, outros comercializando plantas ornamentais e nós todos lendo bastante, praticando e nos interessando pelo tema, que, diga-se de passagem, é apaixonante.
Que bom que li a crônica do Cony e me deparei com sua contundente observação a respeito de beleza e liberdade! Como é interessante aprender e rever nossos pontos de vista! Dessa forma, aquilo que inicialmente planejava escrever foi pra lixeira. Passei a ver os jardinzinhos despretensiosos e misturadinhos com outro olhar, percebendo neles uma beleza singela. Descobri com alegria que, embora um jardim feito com técnica possa ser lindo, a  genuína  beleza está mesmo na  liberdade.

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