Setembro, primavera, tempo bom para falar
de jardins. E de renovação. Andava pensando nisso e
já estava com meu post idealizado na
cabeça, praticamente pronto. Planejara escrever, mais uma vez, sobre dicas e técnicas
para se fazer um jardim bacana.
Regrinhas básicas da jardinagem e do
paisagismo sugerem harmonizar cor, textura e altura, atentando para a beleza e para o equilíbrio estético do conjunto. Além
disso, na composição de jardins e canteiros não é recomendável deixar de lado
um pouco de técnica. Assim, sugere-se sejam avaliadas as condições de
incidência de sol, a topografia, a umidade e o tipo do solo, a proximidade
de edificações, como casas, muros,
piscinas, entre outros aspectos que, além da estética, vão orientar a escolha
das plantas a serem utilizadas na composição.
Andava pensando em tudo isso e
começando a escrever, quando me deparei com uma crônica do Carlos Heitor Cony, que
mencionava que a única forma de beleza que o comovia era a liberdade. Fiquei em
choque e não foi difícil entender a razão do meu espanto. Tendo sido criada com
muita disciplina e me transformado em uma fiel cumpridora de normas, acabei
adotando-as quase como se isso fosse natural; ou seja, a vida é assim, para tudo há um
caminho que é o mais lógico (por que não dizer, o mais certo?).
Todas as vezes em que eu me deparava
com um jardim misturadinho, desses feitos sem seguir regra ou princípio
algum, baseado apenas no gosto e na
intuição de seu dono, tinha a tendência de, pretensiosamente, torcer o nariz. Sequer tentava apreciar ou
descobrir beleza e “interessância” no conjunto.
Jardim misturadinho, alegre, colorido e...bonito |
Quando resolvi criar o blog, o fiz
com a expectativa de ser mais leve, brincalhona, de me expressar com liberdade e
até dar pitacos em assuntos nos quais não sou uma especialista. Minha
experiência com paisagismo, já disse por aqui, tem origem em minha família de
jardineiros, alguns com estudos formais na área, outros comercializando plantas
ornamentais e nós todos lendo bastante, praticando e nos interessando pelo
tema, que, diga-se de passagem, é apaixonante.
Que bom que li a crônica do Cony e me
deparei com sua contundente observação a respeito de beleza e liberdade! Como é
interessante aprender e rever nossos pontos de vista! Dessa forma, aquilo que inicialmente
planejava escrever foi pra lixeira. Passei a ver os jardinzinhos
despretensiosos e misturadinhos com outro olhar, percebendo neles uma beleza singela. Descobri
com alegria que, embora um jardim feito com técnica possa ser lindo, a genuína beleza está mesmo na
liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário