Pode parecer contraditório. Pode parecer não, certamente
é. E não seríamos mais pobres se andássemos sempre em linha reta? Nossas
contradições não nos fazem mais interessantes? Para mim é assim e tenho
perdido, cada vez mais, o pudor de confessar.
Como posso, sendo professora na área de administração, que
prega organização e normas, como formas de disciplinar e institucionalizar
procedimentos, ter uma simpatia tão grande, uma tendência mesmo, ao anarquismo?
Confesso isso, assim, “cheia de dedos”. Nem é pra tanto,
pois o anarquismo não é contrário à organização, nem às instituições, mas defende
organizações libertárias. Sonha com a ausência de coerção, não de ordem.
Acredito que todos poderíamos viver melhor com menos
governo, menos leis e maior liberdade. E se fôssemos tão desenvolvidos e educados que não precisássemos
de governo ou de instituições repressoras que nos ditassem as ordens? Ah, doces
utopias que nos alimentam, por que não?
A ideia equivocada de que anarquismo é sinônimo de desordem
popularizou-se, depois do século XIX, por intermédio de comunicação patrocinada
por entidades patronais e religiosas. Isso aconteceu em uma época em que os
trabalhadores começaram a se organizar e fortaleceram-se os sindicatos. Outro erro
comum é pensar o anarquismo como a
ausência de laços de solidariedade entre os homens. Ao contrário: anarquistas
defendem uma sociedade baseada na liberdade, solidariedade, coexistência
harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade e
instituições de autogestão.
Sendo um movimento político que defende uma organização
social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos, propõe que sejam
abolidas todas as formas de poder - uma
sociedade sem dominação. A proposta de instituições autogestionárias prevê que
os indivíduos se auto organizem, assegurando que todos tenham a mesma
capacidade de decisão. Esta sociedade apresenta-se como uma "Utopia",
um sonho, um estado idealizado. No geral, anarquistas defendem os seguintes
ideais:
-
Direitos Fundamentais dos Indivíduos - primazia do indivíduo em relação à sociedade,
reconhecimento que toda pessoa é única, sendo detentora de direitos naturais
que não podem ser negados por nenhum tipo de sociedade.
-
Ação Direta - anarquistas defendem
o valor da ação direta do indivíduo na realidade social, descredenciando o
sistema de representação.
-
Crítica de Preconceitos Ideológicos - Abominando veementemente os preconceitos sociais, os anarquistas
propõem destruir todas os condicionantes mentais que impedem o indivíduo de ser
livre e de se assumir como tal.
- Educação
Libertária - A educação é vista pelos anarquistas como meio de emancipação
dos indivíduos; pela educação podem-se construir as liberdades individuais, sem
comprometer a vida em sociedade.
-
Auto-organização - Organizações são válidas, desde que
sejam resultado de ação consciente e
voluntária de pessoas, com os membros mantendo igualdade entre si.
- Sociedade
Global - Um dos grandes ideais do anarquismo é a constituição
de uma sociedade planetária com livre circulação de pessoas.
Assim, utopicamente, o anarquismo idealiza a ruptura com
a autoridade, seja política ou religiosa, abomina a
propriedade privada e outros tipos de instituições que diferenciam pessoas e
cerceiam a liberdade individual.
Anarquistas são antes de tudo idealistas e, no mundo
inteiro, tem estado ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas,
associações de trabalhadores e experiências
de empresas auto- gestionárias.
Você pode saber mais sobre anarquismo em:
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