domingo, 9 de junho de 2013

CAUSA CIGANA

A gente vive anos sem pensar em um assunto. De repente, por um desses encontros que a casualidade nos reserva, somos tomados por algo novo e que passa a fazer parte de nossas reflexões. Foi o que me aconteceu em relação aos ciganos, depois de conhecer uma pessoa encantadora e determinada em sua luta pela causa cigana. Falo da professora Bernadete Lage Rocha, que vive aqui em Viçosa e faz parte do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – MG e do movimento Mulheres Pela Paz, a quem tive o privilégio de conhecer por intermédio de meu grande mestre Professor Tancredo Almada Cruz. A paixão que move a professora na defesa do povo cigano é algo arrebatador. Vejam partes de um texto publicado por ela e que vale a pena ser replicado: “ Estamos tratando do histórico preconceito que se perpetua há quase 1.000 anos e que é matriz dos efeitos devastadores sobre um povo, a Etnia Cigana,  condenando a maioria de suas crianças, jovens e adultos a uma existência inteira de completa exclusão pelo mundo”. 
Relatando as origens do enorme preconceito que cerca essa etnia, continua a Professora Bernadete: “Para sobreviverem, viajavam como mágicos, videntes e músicos. Por falta de lastro social, passaram a despertar o desprezo e  a ira da minoria dominante, o que culminou em   irracional discriminação....”. Lembrando que esses povos sofrem “as mais contundentes formas de segregação e violência”, a professora menciona que “Na Itália, em 2008, Berlusconi mandou queimar 400 tendas, deixando ao relento centenas de famílias.”. Relata ainda que o mesmo tem ocorrido em tempos recentes em  outros países ditos desenvolvidos como a França, onde recentemente houve ataques a acampamentos de ciganos. 
No Brasil a situação não é diferente. Estando por aqui, desde o século XVI, eles têm sido discriminados ao longo dos tempos. Dos cerca de 800.000 ciganos hoje existentes, 90% são analfabetos e “ excluídos  de políticas públicas básicas de saúde, bolsa-escola, bolsa-família, vacinação, pré-natal, atendimento médico”. E mais: “O surpreendente é que todo esse sofrimento sem fim, está fundamentado apenas no imaginário coletivo, atávico, de que ciganos são perigosos, desonestos, denominações, inclusive, encontradas até em dicionários”.  
Felizmente, alguma luz começa a surgir no fim desse túnel escuro de preconceito e ignorância. Por iniciativa do Deputado Federal Tiririca, alguns projetos de lei em defesa dos ciganos, circenses e outros “mambembes” têm sido apresentados. Bom que esteja vindo dele, que conhece de perto o que é sofrer preconceito e que, mesmo antes de iniciar seu mandato, foi massacrado pela grande imprensa por ser “ignorante”, como se boas ideias, dedicação e trabalho fossem prerrogativas de gente estudada.
        Trago ao meu blog, ainda tão incipiente, esse assunto do qual conheço pouco, na tentativa de compartilhá-lo, mesmo que com número reduzido de pessoas. E, principalmente,  em solidariedade ao povo cigano e  como homenagem à Professora Bernadete, corajosa e decidida em sua busca por fazer esse mundo um pouco melhor.
                                                                                                
O texto completo da professora Bernadete está disponível em:


Veja também vídeo da professora Bernadete divulgado na conferência Rio + 20, em: http://www.youtube.com/watch?v=P9JwaMBUSl8





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