Tem
pessoas que admiramos tanto, que torna difícil escrever sobre elas. Penso
que os comentários ficam comprometidos pela tietagem e acabo me
silenciando. Tendo-as colocado em um patamar de semideuses, considero
indigna e pequena qualquer tentativa de reverenciá-las.
Nesse categoria incluo o cineasta Charles Chaplin. Na semana passada ele faria
aniversário e, desde a data, 16 de abril, ando me remoendo com vontade de
escrever este post, porém sem coragem. Peguei tudo que tenho dele e andei revisitando sites, mas o que escrevia
me parecia pouco e, como já disse indigno do seu talento.
Hoje, finalmente,
venci o constrangimento, pensando especialmente em meus alunos, alguns dos
quais nunca experimentaram assistir seus filmes. Charles Chaplin, em minha
opinião é o maior cineasta de todos os tempos. Até porque, além de autor e
diretor, era também ator, bailarino e compositor. Sua produção cinematográfica
é vasta e inclui diversos clássicos. Nascido em 1889, Chaplin teve uma infância difícil, chegando a
viver nas ruas de Londres. Era filho de artistas e estreou nos palcos com
apenas cinco anos de idade. Adulto, migrou-se para os Estados Unidos, onde
passou boa parte da vida e produziu a maioria de seus filmes. Depois se
refugiou na Suíça, onde morreu na noite de Natal de 1977.
Difícil dizer quais
são seus melhores filmes. Acabei elegendo dois preferidos: Tempos Modernos
e Luzes da Ribalta.
Tempos
Modernos – Lançado em 1936, o filme questiona
o excesso de especialização da produção industrial e critica sua forma desumana
e alienante. Mostra de maneira
engraçada, porém não alegre, o domínio das máquinas na vida moderna. Coloca um
operário – o eterno Carlitos, vivido por Chaplin, sensível e franzino tentando desajeitadamente
sobreviver e se adaptar ao trabalho e às injustiças sociais do século XX. O filme é uma forte crítica ao capitalismo e
aos desumanos métodos de trabalho impostos aos operários após a revolução
industrial. Ainda hoje, ele nos leva a refletir a respeito da forma como
estamos lidando com os avanços da tecnologia, o modo como temos sido forçados a
nos integrar a engrenagens de sistemas produtivos que buscam resultados a
qualquer custo.
Luzes
da Ribalta - um dos últimos filmes de
Chaplin. Estreou em 1952 e provavelmente foi baseado na história do seu pai. Nele,
Chaplin interpreta um velho humorista e ator de teatro de nome Calvero, que
havia sido um artista famoso, mas passou a beber com frequência e já não encontrava
trabalho. Ele salva de uma tentativa de suicídio uma jovem dançarina e cuida
dela até que recupere a saúde e recobre o ânimo. Calvero apaixona-se e acaba recuperando
também seu amor-próprio e retoma a carreira. No entanto, suas tentativas de
voltar a atuar fracassam e ele torna-se uma artista de rua. Chega a retornar ao
palco, mas sofre um ataque cardíaco e
morre, assistindo a sua amada (e porque não dizer, sua cria) dançando
no palco. Há no filme uma cena da qual
não me esqueço jamais. Quando pensava esquecido do público, um fã reconhece o
artista, chamando-o de grande Calvero. Este, no entanto responde: sou apenas um
amador, ninguém vive o suficiente para ser mais do que um aprendiz.
Recentemente foi lançada coleção com vídeos de Chaplin |
Como já disse, sou
uma tiete de Chaplin. Poderia escrever muito sobre ele que teve uma vida tão
rica. Mas acabei descobrindo recentemente um poeminha de nosso poeta maior
Carlos Drummond de Andrade, o qual transcrevo aqui, na esperança de despertar
entre a meninada de hoje o interesse em conhecer o trabalho desse monstro
sagrado do cinema.
Velho Chaplin: as crianças do mundo te saúdam.
Não adiantou te esconderes na casa de areia dos
setenta anos refletida no lago suíço.
Nem trocares tua roupa e sapato heroicos pela comum
indumentária mundial.
Um guri te descobre e diz;
CARLITO... ressoa o coro em primavera...
...Ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu
bigode caminham numa estrada de pó e esperança.
Realmente um grande Astro que ultrapassa as décadas pelo legado de uma visão futurista que o tempo não consegue apagar pelas marcas e carater inigualável e visão modernista, mais uma vez professora, parabéns porque você tem o dom de contagiar e mudar a vida de tantos através de sua simpatia e apreço pelo que faz e é isso que nos torna melhores.
ResponderExcluirObrigada Vanderson, volte sempre.
ExcluirBem lembrado Maria Inês, realmente um grande Astro.
ResponderExcluirObrigada pela visita, Felipe. Abraço.
ExcluirMuito bom Maria Inês! Continue incentivando os jovens com textos tão bons como este. Abraços, Camila Vitarelli
ResponderExcluirObrigada, Camila, volte sempre.Abraço.
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