segunda-feira, 22 de abril de 2013

CHAPLIN ETERNO: Cada vez mais Moderno


Tem pessoas que admiramos tanto, que torna difícil escrever sobre elas. Penso que os comentários ficam comprometidos pela tietagem e acabo me silenciando. Tendo-as colocado em um patamar de semideuses, considero indigna e pequena qualquer tentativa de reverenciá-las.
Nesse categoria incluo o cineasta Charles Chaplin. Na semana passada ele faria aniversário e, desde a data, 16 de abril, ando me remoendo com vontade de escrever este post, porém sem coragem. Peguei tudo que tenho dele  e andei revisitando sites, mas o que escrevia me parecia pouco e, como já disse indigno do seu talento.
Hoje, finalmente, venci o constrangimento, pensando especialmente em meus alunos, alguns dos quais nunca experimentaram assistir seus filmes. Charles Chaplin, em minha opinião é o maior cineasta de todos os tempos. Até porque, além de autor e diretor, era também ator, bailarino e compositor. Sua produção cinematográfica é vasta e inclui diversos clássicos. Nascido em 1889,  Chaplin teve uma infância difícil, chegando a viver nas ruas de Londres. Era filho de artistas e estreou nos palcos com apenas cinco anos de idade. Adulto, migrou-se para os Estados Unidos, onde passou boa parte da vida e produziu a maioria de seus filmes. Depois se refugiou na Suíça, onde morreu na noite  de Natal de 1977.
Difícil dizer quais são seus melhores filmes. Acabei elegendo dois preferidos: Tempos Modernos e Luzes da Ribalta.
Tempos Modernos – Lançado em 1936, o filme questiona o excesso de especialização da produção industrial e critica sua forma desumana e alienante.  Mostra de maneira engraçada, porém não alegre, o domínio das máquinas na vida moderna. Coloca um operário – o eterno Carlitos, vivido por Chaplin, sensível e franzino tentando desajeitadamente sobreviver e se adaptar ao trabalho e às injustiças sociais do século XX.  O filme é uma forte crítica ao capitalismo e aos desumanos métodos de trabalho impostos aos operários após a revolução industrial. Ainda hoje, ele nos leva a refletir a respeito da forma como estamos lidando com os avanços da tecnologia, o modo como temos sido forçados a nos integrar a engrenagens de sistemas produtivos que buscam resultados a qualquer custo.
Luzes da Ribalta - um dos últimos filmes de Chaplin. Estreou em 1952 e provavelmente foi baseado na história do seu pai. Nele, Chaplin interpreta um velho humorista e ator de teatro de nome Calvero, que havia sido um artista famoso, mas passou a beber com frequência e já não encontrava trabalho. Ele salva de uma tentativa de suicídio uma jovem dançarina e cuida dela até que recupere a saúde e recobre o ânimo. Calvero apaixona-se e acaba recuperando também seu amor-próprio e retoma a carreira. No entanto, suas tentativas de voltar a atuar fracassam e ele torna-se uma artista de rua. Chega a retornar ao palco,  mas sofre um ataque cardíaco e morre, assistindo a sua amada (e porque não dizer, sua cria)   dançando  no palco. Há no filme uma cena da qual não me esqueço jamais. Quando pensava esquecido do público, um fã reconhece o artista, chamando-o de grande Calvero. Este, no entanto responde: sou apenas um amador, ninguém vive o suficiente para ser mais do que um aprendiz.
Recentemente foi lançada coleção com vídeos de Chaplin
Como já disse, sou uma tiete de Chaplin. Poderia escrever muito sobre ele que teve uma vida tão rica. Mas acabei descobrindo recentemente um poeminha de nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade, o qual transcrevo aqui, na esperança de despertar entre a meninada de hoje o interesse em conhecer o trabalho desse monstro sagrado do cinema.
Velho Chaplin: as crianças do mundo te saúdam.
Não adiantou te esconderes na casa de areia dos setenta anos refletida no lago suíço.
Nem trocares tua roupa e sapato heroicos pela comum indumentária mundial.
Um guri te descobre e diz;
CARLITO... ressoa o coro em primavera...
...Ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode caminham numa estrada de pó e esperança.

6 comentários:

  1. Realmente um grande Astro que ultrapassa as décadas pelo legado de uma visão futurista que o tempo não consegue apagar pelas marcas e carater inigualável e visão modernista, mais uma vez professora, parabéns porque você tem o dom de contagiar e mudar a vida de tantos através de sua simpatia e apreço pelo que faz e é isso que nos torna melhores.

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  2. Bem lembrado Maria Inês, realmente um grande Astro.

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  3. Muito bom Maria Inês! Continue incentivando os jovens com textos tão bons como este. Abraços, Camila Vitarelli

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