O USO DE ORQUÍDEAS EM JARDINS E CANTEIROS
Estamos
todos precisando de alentos, e conversar sobre jardins e plantas faz a gente
esquecer, nem que seja por alguns momentos, os desastres da atualidade. Muito
mais do que falar, essa ação de lidar com a terra e com as flores proporciona
um relaxamento difícil de obter por intermédio de outras atividades. Isso se dá
comigo e com um bom número de amigos jardineiros e amantes da natureza com quem
tenho dialogado durante essa pandemia. Se você ainda não se animou, que tal
experimentar?
Arundina, ou Orquídea bambu - a mais comum em canteiros Foto: Rosilene Salomé |
Hoje
vamos falar sobre uma possibilidade ainda po
As
orquídeas são uma família de plantas das mais numerosas, considerando-se apenas
as espécies nativas das diversas regiões do planeta. Se forem incluídos os
híbridos tornam-se praticamente inumeráveis. Assim as opções são várias.
Dentro desse vasto
conjunto de plantas, tem-se as orquídeas
terrestres, e é dessas que vamos falar. Darei apenas alguns exemplos de
possibilidades de usos delas na composição de canteiros, mencionando espécies
nativas e, ou bem adaptadas ao nosso clima tropical.
Na
composição de canteiros gostamos de possuir espécies de alturas e cores
variadas, o que confere mais harmonia e beleza aos conjuntos. Assim,
menciono orquídeas mais altas, de porte
médio e até algumas que podem ser utilizadas como forração de canteiros.
A Arundina, ou orquídea bambu é, segundo o que percebo, a mais comum na composição de jardins em nosso país. Ela é originária da Ásia, mas perfeitamente adaptada ao clima tropical brasileiro. Ela floresce o ano inteiro, aceita sol pleno e é de fácil reprodução. Não exige solo muito bem drenado, como a maioria das orquídeas, mas fica melhor nessa condição.
Com
sua florada lilás, ela fica muito bem em bordaduras de muros, com plantas mais
baixas à frente. E, atrai borboletas e passarinhos.
Assim como a sua irmã Arundina, o cirtopódio, mais conhecido por aqui como rabo de tatu, é planta bem alta. Mas essa é nativa do Brasil, sendo facilmente encontrada na natureza em vários estados, especialmente na região que vai do Paraná à Bahia.
Cirtopódio em sol pleno - Foto: Rosilene Salomé |
Essa
planta fica bem em solo arenoso, e precisa de sol pleno. Não aprecia muita
umidade, assim não necessita mais do que uma rega semanal. Seus cachos amarelos
são fartos em flores e podem atingir até um metro de altura.
Canteiro de epidendros |
Dentre as orquídeas de
porte médio, a menos incomum e também fácil de ser cultivada em nosso clima é a
Epidendro fulgens, comumente chamada de orquídea de praia, ou orquídea da
restinga. Ela é nativa das Américas e endêmica em várias regiões do Brasil, sendo
encontrada principalmente à beira do mar, ou em dunas.
Orquídea estrela dá belos arranjos. Foto: Dayze Magalhães |
Os
epidendros apreciam solos arenosos e sol pleno. São fáceis de serem cultivados
e reproduzem-se a partir das mudas que brotam e enraízam-se em sua haste
floral, ou por divisão de touceiras. Muitos epidendros de tamanho médio têm
caules frágeis e pendentes, ao contrário da orquídea estrela, que possui hastes
eretas. Isso favorece não apenas a composição de belos canteiros, como também
favorece o corte, sendo possível fazer elegantes arranjos florais com suas
hastes cor de fogo.
Também com alguma presença em canteiros e jardins, a Phaius, ou chapéu de freira é uma orquídea com origem em regiões úmidas da Ásia tropical e da África.. Muito bem adaptada ao clima brasileiro, essa planta compõe touceiras, de onde podem surgir várias hastes florais de uma vez, formando conjuntos de grande beleza.
Ela gosta de bastante umidade, solo com muita matéria orgânica e sobrevive bem ao sol, embora fique mais bonita à meia sombra. É uma planta de porte médio, embora suas hastes florais possam alcançar alturas próximas a um metro. Compõe bem com a orquídea violeta não somente pelo formato de suas folhagens, como pela coloração das flores de cor vinho, variando ao chocolate.
Quem não gostaria de uma touceira dessas em seu jardim?
Outra orquídea bem adaptado ao plantio diretamente no solo é a Dendróbio moscato, ou orquídea pêssego, assim popularmente chamada, devido à sua cor. Ela é natural da Ásia, mas, assim como muitos outros dendróbios perfeitamente adaptada ao clima brasileiro.
Dendróbio Moscato |
Ela
precisa de solo bem drenado, mas não seco e adapta-se bem à meia sombra. No
caso de estar em locais bastante sombreados, suas hastes costumam alcançar
alturas superiores a meio metro e precisam ser escoradas para que suas hastes
florais não pendam ao chão.
Címbídios são raros em canteiros |
Os
cimbídios ocorrem naturalmente no sudeste da Ásia e na Austrália, mas também
nas Américas, especialmente em regiões de clima ameno, ao sul do Equador. Provavelmente
estão entre as orquídeas mais sujeitas ao processo de hibridização e comercialização.
De floração farta e
cultivo relativamente fácil, em boa parte do Brasil, essa espécie, no entanto,
raramente é utilizada na composição de canteiros. Para boas florações, ela precisa
ser cultivada em solo rico de matéria orgânica, como esterco de gado bem
curtido, ou húmus de minhoca. Como a maioria das orquídeas não gosto do solo
encharcado.
Por
encontra-se comercialmente disponível em diversas cores, e apresentar exuberantes
floradas de longa duração, especialmente durante o inverno, é difícil entender
porque o uso dos cimbídios em canteiros ainda é pouco explorada no paisagismo.
Orquídeas
terrestres menores para serem usadas como forração de canteiros são ainda menos
comuns nos jardins.
Orquídea violeta é linda como forração de canteiros |
Tenho
uma experiência bem positiva com a orquídea violeta, ou orquídea grapete. Originária
das regiões tropicais da Ásia, ela aprecia lugares com bastante umidade e sol e,
aqui no Brasil costuma entouceirar-se bem e florescer durante quase todo o ano,
exceto nas regiões de clima muito frio. Sua folhagem plissada verde-escuras e
seus cachos roxos trazem uma beleza singular a qualquer canteiro. Gosta de solo
bem drenado, porem rico em matéria orgânica.
Tenho
experimentado também, com algum sucesso o uso da orquídea Maxilária, como
forração de canteiros. Comecei cultivando-a em um tronco colocado
horizontalmente em um canteiro. À medida que ele foi apodrecendo e se
decompondo, as brotações foram se alastrando ao seu redor, incorporando-se ao
solo.
Maxilária crisanta |
Não
sou uma especialista em orquídeas, nem me prendo muito às nomenclaturas e classificações
botânicas. Costumo dizer que tenho orquídeas para me divertir e não para me
torturar. Essa última que menciono, parece tratar-se de uma Maxilária Crisanta,
originária da Argentina e que pertence a um gênero bastante comum na América do
Sul, com algumas espécies sendo nativas do Brasil. Talvez por essa razão
adapte-se com alguma facilidade por aqui. Desconheço qualquer nome popular a
ela atribuído.
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