Na última postagem por aqui, havia iniciado o relato de uma viagem que fiz com amigos, divulgando o roteiro e prometendo contar mais do passeio.
Diante do cenário atual, não vejo muito sentido em continuar o relato. Parece-me não apenas fora do contexto, mas até desproposital. Todavia, preciso deixar registrado que os Lençóis Maranhenses ficam incluídos entre os locais mais lindos e interessantes que já visitei por esse Brasil afora.
Lençóis Maranhenses - Dunas de areia branca a perder de vista |
Assim sendo, publico hoje mais um ótimo texto do meu querido prof. Tancredo Almada Cruz, um colaborador generoso desse blog.
SOMOS TODOS KEYNESIANOS
Tancredo
Almada Cruz ( cruztancredo@gmail.com
) *
Nos últimos quarenta anos, a
doutrina neoliberal veio, gradativamente, dominando o pensamento econômico até
culminar no propalado "Consenso de Washington". O resultado foi a
aplicação de medidas de redução do Estado com privatizações e cancelamentos de
programas e políticas de bem estar social. Em consequência, observaram-se
sucessivas crises com queda do produto, crescimento do desemprego e grande
sacrifício da camada menos favorecida da sociedade.
Neste contexto, o governo
brasileiro vem seguindo a conduta neoliberal de forma exemplar. Com foco
exagerado no equilíbrio fiscal, promoveu o congelamento dos gastos públicos por
20 anos e outras "reformas", retirando do Estado a responsabilidade
de garantir os direitos fundamentais das pessoas, prescritos na Constituição
Federal.
Agravando este cenário, em
2020, surge a pandemia que vem provocando queda da produção e inúmeras mortes
em todo o mundo.
Os países que acreditaram
num mercado capaz de conduzir a sociedade ao ponto ótimo, não prepararam o
aparelho do Estado para enfrentar tal situação. Ao contrário, atuaram no
sentido de desmontar essas estruturas sob o argumento de serem dispendiosas.
Diante da tragédia, vários
economistas neoliberais mudaram de opinião, recomendando aos governantes a
abertura dos cofres. Afirmam, corretamente, ser necessário sustentar a demanda
para superar o caos econômico, aprofundado em razão da inevitável paralisação
de diversos setores produtivos. Isto implica no abandono das políticas de
austeridade praticadas, anteriormente, que, com ou sem pandemia, já
encaminhavam o mundo para uma depressão. Louva-se a mudança de posição dos
economistas, de quem não se vai pedir autocrítica. A gravidade do momento se
impõe por si.
Nos anos 30 do século
passado, a economia mundial, envolta em grave crise, encontrou a saída
empregando as medidas apresentadas pelo economista J. M. Keynes que, na sua
essência determinava políticas de estímulos à demanda. Diz a lenda que Keynes
recomendou ao Presidente Franklin: "Pague às pessoas para enterrar
garrafas e depois pague para desenterrá-las ".
Em suma, a sociedade humana
está em rota de colisão. Seu sistema econômico retira da natureza mais do que
ela é capaz de repor. Dia a dia, aprofunda a desigualdade entre as classes
sociais e joga, na especulação da esfera financeira, recursos que deveriam
estar impulsionando a geração do produto real.
Esse cenário deixa claro que
é urgente o emprego das políticas keynesianas de modo a restaurar o equilíbrio
econômico e social. Enfim, vale repetir: "Somos todos keynesianos". Ainda resta uma esperança.
*Professor aposentado do Departamento
de Economia da Universidade Federal de Viçosa-MG
-se a mudança de posição
dos economistas, de quem não se vai pedir autocrítica. A gravidade do momento
se impõe por si. Nos anos 30 do sé
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