segunda-feira, 30 de março de 2020

MUDANÇA DE PLANOS

Na última postagem por aqui, havia iniciado o relato de uma viagem que fiz com amigos, divulgando o roteiro e prometendo contar mais do passeio. 
Diante do cenário atual,  não vejo muito sentido em continuar o relato. Parece-me não apenas fora do contexto, mas até desproposital. Todavia, preciso deixar registrado que os Lençóis Maranhenses ficam incluídos entre os locais mais lindos e interessantes que já visitei por esse Brasil afora.
Lençóis Maranhenses - Dunas de areia branca
 a perder de vista 





Águas límpidas e flores flutuantes



























Assim sendo, publico hoje mais um ótimo texto do meu querido prof. Tancredo Almada Cruz, um colaborador generoso desse blog.



SOMOS TODOS KEYNESIANOS

Tancredo Almada Cruz ( cruztancredo@gmail.com ) *    
      
Nos últimos quarenta anos, a doutrina neoliberal veio, gradativamente, dominando o pensamento econômico até culminar no propalado "Consenso de Washington". O resultado foi a aplicação de medidas de redução do Estado com privatizações e cancelamentos de programas e políticas de bem estar social. Em consequência, observaram-se sucessivas crises com queda do produto, crescimento do desemprego e grande sacrifício da camada menos favorecida da sociedade.
Neste contexto, o governo brasileiro vem seguindo a conduta neoliberal de forma exemplar. Com foco exagerado no equilíbrio fiscal, promoveu o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e outras "reformas", retirando do Estado a responsabilidade de garantir os direitos fundamentais das pessoas, prescritos na Constituição Federal.
Agravando este cenário, em 2020, surge a pandemia que vem provocando queda da produção e inúmeras mortes em todo o mundo.
Os países que acreditaram num mercado capaz de conduzir a sociedade ao ponto ótimo, não prepararam o aparelho do Estado para enfrentar tal situação. Ao contrário, atuaram no sentido de desmontar essas estruturas sob o argumento de serem dispendiosas.
Diante da tragédia, vários economistas neoliberais mudaram de opinião, recomendando aos governantes a abertura dos cofres. Afirmam, corretamente, ser necessário sustentar a demanda para superar o caos econômico, aprofundado em razão da inevitável paralisação de diversos setores produtivos. Isto implica no abandono das políticas de austeridade praticadas, anteriormente, que, com ou sem pandemia, já encaminhavam o mundo para uma depressão. Louva-se a mudança de posição dos economistas, de quem não se vai pedir autocrítica. A gravidade do momento se impõe por si.
Nos anos 30 do século passado, a economia mundial, envolta em grave crise, encontrou a saída empregando as medidas apresentadas pelo economista J. M. Keynes que, na sua essência determinava políticas de estímulos à demanda. Diz a lenda que Keynes recomendou ao Presidente Franklin: "Pague às pessoas para enterrar garrafas e depois pague para desenterrá-las ".
Em suma, a sociedade humana está em rota de colisão. Seu sistema econômico retira da natureza mais do que ela é capaz de repor. Dia a dia, aprofunda a desigualdade entre as classes sociais e joga, na especulação da esfera financeira, recursos que deveriam estar impulsionando a geração do produto real.
Esse cenário deixa claro que é urgente o emprego das políticas keynesianas de modo a restaurar o equilíbrio econômico e social. Enfim, vale repetir: "Somos todos keynesianos".  Ainda resta uma esperança.


*Professor aposentado do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa-MG
-se a mudança de posição dos economistas, de quem não se vai pedir autocrítica. A gravidade do momento se impõe por si. Nos anos 30 do sé

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