quarta-feira, 14 de junho de 2017

RUMO AO SUL 2

De Gramado seguimos para a fronteira, com destino ao Uruguai. Passamos por Porto Alegre, Pelotas, Novo Hamburgo, Canoas, contornamos em alguns trechos, o lindo lago Guaíba. Na região, predomina a vegetação baixa com extensas áreas de pastagens, rebanhos de gado bovino e esparsos campos de cultivo de arroz. Avistam-se muitas  torres com imensas hélices para geração de energia eólica. Uma travessia bonita.
Diferenças regionais são perceptíveis no linguajar. Quando dizemos, no posto de gasolina ou no pedágio,  -  obrigada, nosso interlocutor responde:  Merece! No restaurante, para espanto da mineirada, serviam tutu de feijão com cobertura de queijo!
Pernoitamos na cidade de Santa Vitória do Palmar, bem pertinho de  Chui, cidade da fronteira, para onde rumamos no dia seguinte bem cedo. Ali fizemos os procedimentos para dar entrada no Uruguai, passando pela imigração, e cuidamos de obter a ‘Carta verde’, documento necessário para transitar com automóvel brasileiro naquele país. Tal documento consiste basicamente em uma autorização para circular no país por período de tempo determinado e inclui um seguro do automóvel e contra acidentes com terceiros. A cidade de Chuí é cortada por uma avenida: de um lado, território brasileiro, do outro uruguaio.
Dai seguimos para Punta del Este, que fica a cerca de 200 km da fronteira. Passamos por Castilhos, Rocha e Maldonado. A estrada é boa, plana com sinalização perfeitamente compreensível, pouco trânsito e, melhor, sem pedágios.
Praia em Punta del Este
Não havíamos decidido se ficaríamos por uns dias em Punta del Este. Chegando cedo, circulamos de carro pela cidade. No período em que por lá passamos havia pouco trânsito, o comércio estava, em sua maioria, fechado e a cidade não nos pereceu muito atraente. O tempo estava frio e caia uma leve neblina.
As praias do lugar possuem águas com aspecto barrento e a areia é amarelada. Conhecida como um balneário de luxo e por possuir o maior hotel cassino da América do Sul, parece que, fora do verão, quando costuma receber em torno de um milhão de pessoas,  Punta del Este é quase uma cidade fantasma. Em um dia frio e com um pouco de neblina, praticamente não havia pessoas nas ruas, exceto um ou outro caminhando ou correndo na orla. 
Demoramos a encontrar um restaurante aberto, mas quando achamos, a impressão da cidade melhorou bastante. Pudemos constatar que a cidade, também conhecida por sua gastronomia, faz jus à sua fama.  Pedimos uma parrillada, um churrasco típico do Uruguai, com carnes e legumes grelhados num braseiro, à vista dos clientes. Mas antes que pudéssemos experimentar o prato principal, a entrada já nos impressionou bastante, principalmente pela qualidade dos pães. E a carne... bem a carne era de comer rezando.
Sem muita disposição para arriscarmos a sorte nos famosos cassinos da cidade e como estávamos a apenas 130 km de Montevidéu, resolvemos seguir viagem.
Montevideu é uma cidade limpa e arborizada
Portal em Montevideu
                Chegar em Montevideu no início da noite, com o tempo nublado, foi meio tenso. Afinal é uma cidade grande. Encontrar o hotel reservado, mesmo com o auxílio de mapas e gps não foi tão simples. Diz-se nas informações disponíveis, que é uma cidade pacata. Nem tanto. Nessa noite, cansados da viagem, saímos por perto, apenas para jantar. Embora estranhando a maioria dos pratos que não fossem carne ou massa, aprovamos mais uma vez. Conhecemos o chivitos, prato comum no Uruguai e que consta de um grande sanduiche aberto, com carne (não hambúrguer), ovos, salada e muita batata frita.
Praça da Independência
No dia seguinte escolhemos fazer um tour pela cidade. Começamos pela Praça da Independência, onde há um conjunto arquitetônico interessante e pontos turísticos charmosos como o Portal da Cidadela (portal que restou da fortaleza que protegia a cidade de invasões, na época da colonização), o monumento a  Artigas, o libertador do Uruguai, o teatro Solis e a Casa Legislativa. Ali também está o Palácio Salvo, construído por inspiração da Divina Comédia de Dante, um edifício de arquitetura majestosa e grande beleza, que é um dos principais cartões postais de Montivideu. A praça Independência  separa a cidade velha da parte mais moderna de Montevidéu.
Monumento ao Carro de bois
Visitamos o parque Batle, uma extensa área verde no meio da cidade, onde fica o Monumento ao Carro de bois (Carreta), obra do escultor José Belloni, uma bonita homenagem ao primitivo meio de transporte utilizado durante séculos, principalmente no meio rural. Perto dali fica o estádio Centenário, a mais importante arena de futebol uruguaio, que diga-se de passagem, é uma das grandes paixões do país.
Passeamos à beira mar, pela Avenida Rambla que se estende por mais de 20 km ao longo da costa, com um belo calçadão arborizado com a bonita palmeira fênix canariense,  muito presente no paisagismo local. Por ali pessoas praticam exercícios e caminham com seus animais. Em toda a extensão da orla há bonitos edifícios de moradia, bem como hotéis charmosos e os onipresentes cassinos.
Passamos uma tarde no Mercado do Porto, um dos símbolos da cidade e que  possui mais de 130 anos.  É um lugar para demorar mais tempo e almoçar. Há, além de várias lojas de artes, artesanato e antiguidades, diversos restaurantes onde se come a melhor carne uruguaia, a verdadeira parrilla. Não é à toa que os uruguaios, ou melhor os orientales (porque Montevideu fica do lado oriental do rio da Prata, que ali se encontra com o Oceano Atlântico), orgulham-se tanto de, apesar de seu pequeno território, serem um dos  maiores exportadores de carne do mundo. Essa atividade foi a responsável pelo destacado desenvolvimento do país na segunda metade do século XX, fazendo com que o Uruguai fosse chamado  “a Suíça das Américas”.
Mirante em Colônia
Chegada a Colônia do Sacramento arborizada com
a fenix canariense. Foto: Fátima Castro
 Colônia do Sacramento
O próximo destino foi Colônia do Sacramento, uma charmosa cidadezinha histórica situada às margens do Rio da Prata. Fundada em 1680, por portugueses, a cidade foi palco de disputas ferrenhas entre esses e os espanhóis, que acabaram dominando a região. É considerada um dos pontos turísticos mais bacanas do país, sendo reconhecida pela UNESCO, como patrimônio da humanidade. Passear por suas ruas com calçamento de pedra original, admirar a beleza da arquitetura colonial e dar uma esticadinha pela areia da praia, antes de parar em um dos charmosos restaurantes para o almoço é um programa divertido.
Ao contrário de Punta del Este, a cidade fervilhava. O comércio, além da enorme variedade de restaurantes e hotéis,  é farto em boas lojas de roupas de frio e de artesanato. A oferta de bons vinhos é variada, não é à toa que o povo apregoa que o país, apesar de pequeno possui mais de 190 vinícolas.
Em Colônia já estávamos às margens do Rio da Prata que separa o país da Argentina. Aliás, o rio deu nome ao Uruguai, que na linguagem indígena, significa “Rio dos pássaros pintados”.  
No dia seguinte  atravessamos de bukebus, o Rio da Prata, que mais parece um mar, com destino a Buenos Aires. Para evitar o risco de fazer aqui um textão, deixarei para um próximo post o relato de nossa memorável permanência na capital da Argentina.
Amigos em Colônia do Sacramento

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