Viajar
é sempre bom. O que não faltam são opções de bons roteiros.
Dizer que valeu a pena, é pouco para
sintetizar a façanha que empreendemos rumo ao Sul, por mais de 7.100 km, em uma viagem bem
planejada, que durou vinte e dois dias e resultou em muita diversão e aprendizado.
O roteiro prévio estabelecia Campos
do Jordão-SP, como primeiro destino, seguindo por Foz do Iguaçu-Pr e Serra
Gaúcha, com Gramado e Canela, antes de rumar para o Chuí e alcançar o Uruguai. Punta
del Este, Montevidéu e Colônia do Sacramento, nesse país e Buenos Aires, na
Argentina, constavam do trajeto. A volta seria feita pelo litoral, depois de passar
pela Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina. O plano incluía Balneário Camboriú-SC,
ficando em aberto uma cidade do litoral de São Paulo, onde seria feita a última
parada antes do retorno. Como todo bom planejamento, o nosso também possuía alguma
flexibilidade, o que resultou em pequenas mudanças no percurso de retorno.
Como mencionei anteriormente, fizemos
uma primeira parada, porém sem pernoite, em Aparecida-SP. Há tempos cogitava ir
ao santuário e visita-lo foi a abertura com chave de ouro, para essa aventura
entre amigos.
A Catedral e Santuário de Nossa
Senhora Aparecida é o maior templo religioso católico do Brasil e atrai milhões
de visitantes, especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro, quando é
comemorado o dia da padroeira do país.
Além de ampla e com um
significado tão importante para a maior parte de nosso povo, a catedral é muito
bonita. O altar principal com a imagem da Santa e os mosaicos retratando
paisagens brasileiras, recebendo iluminação natural que passa pelos cobogós incrustados
nas paredes altas, acendem no visitante um justificável deslumbramento.
Impressiona
a estrutura do santuário que possui cerca de 72 mil metros quadrados, com praça
de alimentação, lojas e mais de mil banheiros. Para manter o complexo são contratados
cerca de 1.800 funcionários, além de
mais de 800 voluntários.
Apesar
de ter sido uma visita rápida, essa primeira parada em Aparecida representou o
começo de uma trajetória abençoada e feliz que cumprimos num período de vinte e
três dias e cerca de 7.200 km percorridos.
Santuário de Aparecida |
Incrustada
na Serra da Mantiqueira, a cidade é o mais elevado município brasileiro,
ficando em uma altitude de 1.628 metros. Com sua arquitetura no estilo de
cidades europeias e baixas temperaturas, a cidade é um dos destinos turísticos
mais procurados do país.
Plátanos em Campos do Jordão |
Com
muitos restaurantes charmosos e parques com belas paisagens, Campos do Jordão possui
uma rede hoteleira ampla e uma infraestrutura turística capaz de tornar muito
agradável a permanência por lá. Mesmo ainda fora do inverno oficial, o frio na
cidade é realmente intenso. Um tour pela cidade é capaz de encantar pela beleza
da arquitetura e da vegetação, com predomínio de árvores de plátanos com sua
folhagem variando do verde ao vermelho alaranjado.
Ao
mesmo tempo, é capaz de chocar pelas enormes diferenças socioeconômicas e
injusta distribuição de renda encontradas nesse nosso sofrido país. A truta
servida nos restaurantes é digna de registro, assim como a cachaça com gengibre
e os doces locais. O parque do Amantikir e o museu da Xilogravura são locais
interessantes de serem visitados.
De
Campos do Jordão seguimos com destino a Foz do Iguaçu até as proximidades de
Londrina, no Paraná, onde paramos para pernoite na cidade de Cornélio Procópio.
Atravessamos o estado passando por Maringá e Cascavel, entre outras cidades. As
diferenças regionais de topografia, vegetação e cultura, especialmente a linguagem, começam a
ficar acentuadas.
Duas
coisas impressionaram bastante nessa travessia: a primeira é a quantidade
exacerbada de pedágios com preços elevados, fazendo do Paraná o estado campeão
nesse quesito; a segunda é a predominância da monocultura do milho, tomando a
quase totalidade das terras visíveis pela estrada. Deixa-se a impressão que praticamente
desapareceram as araucárias, árvores nativas do Paraná, podendo-se contar nos
dedos o número das que são avistadas pelo caminho.
Cataratas do Iguaçu... |
Foz
do Iguaçu situa-se na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai. É uma cidade de médio porte com mais de 250
mil habitantes e que possui uma boa infraestrutura turística. É um dos destinos mais procurados do país, por visitantes estrangeiros e nativos, provavelmente
por abrigar o Parque Nacional do Iguaçu, com suas cachoeiras e quedas d´água
espetaculares. Iguaçu é uma palavra de origem indígena que significa água
grande. Sem dúvida é isso que vemos por lá. É impressionante, até para os que
não visitam o local pela primeira vez, como é o meu caso. Visitando o parque compreendemos
porque esse é avaliado como um dos lugares mais bonitos do Brasil e as
cataratas do Iguaçu são consideradas uma das sete maravilhas da Natureza.
....Beleza extraordinária |
Em
Foz está situada a Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do
mundo em tamanho e a primeira em geração de energia. Visitas à usina também são
atrações turísticas do local, assim como o passeio à Puerto Iguazú, na
Argentina e a Ciudad del Este, no Paraguai, esses dois últimos especialmente
para os que apreciam fazer compras ou arriscar a sorte nos cassinos, respectivamente.
A
cidade de Foz do Iguaçu abriga a maior colônia árabe do país. Visitar a mesquita
é programa recomendado, assim como apreciar a culinária árabe. Gostamos especialmente do doce de nome Chaibiet, uma massa folhada recheada com um delicioso creme.
Com
um passeio ao belíssimo mosteiro budista da cidade, renovamos nossas energias
para seguir viagem rumo à Serra Gaúcha.
No trajeto paramos para pernoite em uma cidadezinha chamada Ronda Alta. Nessa região, ouvimos, pela primeira vez a expressão “refeição a la minuta” e observamos o sotaque peculiar, perceptível até nas placas das estradas. Demoramos a entender que placas com a expressão “Tachões no Eixo” indicam tartarugas refletivas na linha central da pista.
Seguimos
rumo à Serra Gaúcha, passando por Passo Fundo e Bento Gonçalves, chegando a Gramado.
Lago Negro em Gramado |
Ao
lado de Canela, a cidade de Gramado, que possui pouco mais de 30.000
habitantes, recebe milhões de visitantes durante o ano. E não é por menos. Com a arquitetura, costumes e culinária com forte influência
alemã e italiana, a cidade sedia o maior festival de cinema do país e registra temperaturas
bastante baixas, nessa época do ano. O comércio é muito bom, com grande
concentração de lojas elegantes, além de restaurantes e chocolatarias que dão
um charme extra ao local. Visitar o Lago Negro e o Museu do Cinema são bons
programas, além de bater pernas pela cidade, comer bem e relaxar.
Hospedando-se
em Gramado fica fácil visitar as cidades do entorno que também possuem atrações
interessantes. Canela fica a apenas oito km de distância e igualmente possui um
comércio interessante, com destaque para produtos feitos de couro e malharias. Visitar
as vinícolas e fazendas que conservam tradições antigas especialmente na culinária,
faz parte dos programas turísticos recomendados para a região.
Em próxima postagem continuarei relatando essa viagem que apenas começou. Até breve.
Amigos em frente à catedral de Pedra em Canela-RS |
Nenhum comentário:
Postar um comentário