quinta-feira, 16 de março de 2017

A G N E S

Março é o meu mês. Nestes dias ando fazendo aniversário. Digo assim, porque diferentemente da maioria que comemora em apenas uma data, tenho o privilégio de celebrar em dois dias diferentes. Acontece muito com “gente da roça”, como eu. Por lá, especialmente tempos atrás era bastante comum que uma criança nascesse em um dia e fosse registrada em outro.  Assim, desde domingo estou em celebração. A parentada e os amigos mais íntimos sabem do dia certo do nascimento, enquanto colegas de trabalho e outros comemoram no dia oficial, digamos assim, aquele que está na certidão de nascimento.
Santa Inês - Foto de Luiz
Henrique do Carmo
No entanto, não estou aqui para falar de mim e sim dela, cujo mês não é março, mas  janeiro.  Refiro-me a Santa Inês, uma das minhas descobertas recentes. Quando criança sofria certa frustração.  Ao mesmo tempo em que ficava feliz por meus pais não terem tido a crueldade de chamar-me Gregorina, pois a folhinha de Mariana, no dia do meu nascimento indicava São Gregório, invejava uma irmã que nasceu no dia de N. Sra. Auxiliadora e foi registrada com o nome da Santa.
Até pouco tempo atrás, desconhecia a história de Santa Inês que  foi santificada por causa de sua determinação e coragem de  decidir sua vida e seus caminhos, numa época em que as mulheres mal sonhavam com isso. Por  não ter se conformado em ser entregue a um casamento que não desejava, Santa Inês foi morta e executada com requintes de crueldade.  Uma história muito triste, como, aliás, quase todas as boas histórias.
Trago esse assunto por aqui para anunciar que no próximo dia 04 de abril estará sendo aberta ao público a minha exposição de estandartes, “Passagens para o Imaginário”, na Estação Cultural da UFV-Universidade Federal de Viçosa. O estandarte de Santa Inês é um das minhas últimas criações, sendo a peça que ilustrará um dos folders de divulgação do evento.
Raramente tenho coragem de dizer que gostei de uma peça que fiz. Não está sendo  o caso da santinha do meu nome. Apreciei bastante o resultado final. Como estava retratando uma criança, deixei esse meu lado fluir livremente, brinquei na composição, permiti que as cores se emaranhassem, como numa brincadeira livre e sem pretensões. Tentei abolir a censura e não me apegar a modelos. Deixei que apenas a história da minha linda santinha me guiasse e obtive uma peça vibrante, descontraída e caracterizada por cores fortes simbolizando uma determinação que também é minha.

Dia 04, espero todos lá. A exposição fica aberta ao público por um mês, nos horários das 8:00  às 12:00 h e das 14:00  às 18:00 h.

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