Março é o
meu mês. Nestes dias ando fazendo aniversário. Digo assim, porque
diferentemente da maioria que comemora em apenas uma data, tenho o privilégio
de celebrar em dois dias diferentes. Acontece muito com “gente da roça”, como
eu. Por lá, especialmente tempos atrás
era bastante comum que uma criança nascesse em um dia e fosse registrada em
outro. Assim, desde domingo estou em
celebração. A parentada e os amigos mais íntimos sabem do dia certo do
nascimento, enquanto colegas de trabalho e outros comemoram no dia oficial,
digamos assim, aquele que está na certidão de nascimento.
Santa Inês - Foto de Luiz Henrique do Carmo |
No
entanto, não estou aqui para falar de mim e sim dela, cujo mês não é março, mas
janeiro.
Refiro-me a Santa Inês, uma das minhas descobertas recentes. Quando
criança sofria certa frustração. Ao mesmo
tempo em que ficava feliz por meus pais não terem tido a crueldade de chamar-me
Gregorina, pois a folhinha de Mariana, no dia do meu nascimento indicava São
Gregório, invejava uma irmã que nasceu no dia de N. Sra. Auxiliadora e foi
registrada com o nome da Santa.
Até pouco tempo
atrás, desconhecia a história de Santa Inês que foi santificada por causa
de sua determinação e coragem de decidir
sua vida e seus caminhos, numa época em que as mulheres mal sonhavam com isso. Por
não ter se conformado em ser entregue a
um casamento que não desejava, Santa Inês foi morta e executada com requintes
de crueldade. Uma história muito triste,
como, aliás, quase todas as boas histórias.
Trago esse
assunto por aqui para anunciar que no próximo dia 04 de abril estará sendo aberta
ao público a minha exposição de estandartes, “Passagens para o Imaginário”, na
Estação Cultural da UFV-Universidade Federal de Viçosa. O estandarte de Santa
Inês é um das minhas últimas criações, sendo a peça que ilustrará um dos
folders de divulgação do evento.
Raramente
tenho coragem de dizer que gostei de uma peça que fiz. Não está sendo o caso da santinha do meu nome. Apreciei bastante
o resultado final. Como estava retratando uma criança, deixei esse meu lado fluir
livremente, brinquei na composição, permiti que as cores se emaranhassem, como
numa brincadeira livre e sem pretensões. Tentei abolir a censura e não me
apegar a modelos. Deixei que apenas a história da minha linda santinha me
guiasse e obtive uma peça vibrante, descontraída e caracterizada por cores
fortes simbolizando uma determinação que também é minha.
Dia 04, espero todos lá. A exposição fica aberta ao público por um mês, nos horários das 8:00 às 12:00 h e das 14:00 às 18:00 h.
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