terça-feira, 7 de junho de 2016

ABERTA A TEMPORADA DAS FESTAS JUNINAS

Essa é, geralmente uma época muito alegre e colorida aqui por Minas Gerais. Ou melhor, praticamente pelo Brasil inteiro, especialmente no Nordeste, que mantém o costume das festas juninas.
Manda a tradição que sejam bastante comemorados os três santos do mês: Santo Antônio, o casamenteiro, São João, o das noites mais longas e frias e São Pedro, o dono das chaves do céu.
Tais festas, aqui no interior de Minas são associadas às comemorações da colheita, especialmente a do café, tradicionalmente um dos produtos mais valorizados da nossa agricultura. Geralmente era nessa época do ano que, graças à receita da venda do grão, as famílias de pequenos fazendeiros e agricultores melhoravam suas propriedades, renovavam suas moradias e até recompunham o estoque de roupas de frio e calçados.
As festas por aqui são cercadas de tradições e símbolos consagrados. A fogueira, por exemplo, é um dos mais fortes. Provavelmente tem a ver com o fato de o mês de junho ser, geralmente, o mais frio do ano. Antigamente havia o costume de “passar na fogueira”. Fazia-se isso, descalço e não se queimavam os pés. Já vi pessoas fazendo isso, inclusive o meu pai. As crianças não podiam. As comidas típicas são maravilhosas, geralmente feitas com milho e seus derivados: canjiquinha, canjica doce, pipoca, broa de fubá etc. Outro costume consolidado e perpetuado é a dança da quadrilha, ao som da sanfona. Esta, em muitos casos,  é precedida do casamento do Jeca, uma sátira em minha opinião de extremo mau gosto, aos hábitos simples do povo da roça.
Estandartes  na orla da
praia em Aracaju-SE

Penso, sinceramente, que casamentos da cidade são muito mais jecas e cafonas que as cerimônias do meio rural. Geralmente, nesses eventos urbanos vemos mulheres  desconfortáveis sofrendo com calos provocados por  saltos altos, engalanadas por vestidos cafonas alugados em lojas do mesmo naipe e com penteados horríveis, endurecidos de laquê. Os homens, por sua vez, quase sempre apertados em ternos que não têm hábito de vestir, costumam sofrer tentando afrouxar os nós das gravatas que lhes provocam incômodos em nosso clima tropical. Até as crianças são apertadas em vestimentas desconfortáveis, os que as impede de brincar e se divertir nas festas. Quer coisa mais jeca do que isso?
Melhor  deixar o assunto, porque tem gosto pra tudo e é uma bobagem criar polêmica com miudezas.
O que quero reafirmar são as belezas e alegrias das festas juninas, seu colorido, suas comidas típicas maravilhosas, a boa música genuinamente brasileira, como Luiz Gonzaga, Renato Teixeira, Sivuca, Banda de Pau e Corda e tantos outros. E o melhor: a oportunidade do encontro. Esse não tem preço. Famílias, parentes e amigos reunidos em volta da fogueira, matando saudades, confraternizando, rindo e se divertindo; as crianças brincando à vontade, pessoas namorando (o frio é tempo muito bom pra isso), noites claras de céu muito estrelado, uma belezura.
Tudo isso, em minha opinião só é bacana de verdade quando feito sem o propósito comercial, como tem ocorrido na maioria das festas juninas da atualidade. Em alguns casos, a coisa anda tão corrompida que a comida típica passa a ser cachorro-quente (argh). Quanto à qualidade da música que se toca, melhor nem comentar, sob pena de ser taxado de intransigente. Bom mesmo é deixar de implicância, afinal cada  um se diverte do seu jeito. Mas que manter as tradições é uma delícia, não resta dúvida. 

Fotos de Dayze Magalhães
Gonçalves

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