segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Poema marciano número dois

Como se pode observar no meu perfil do blog quando tentei dizer quem sou, falei que era, “Acima de tudo, escrava da poesia”. No entanto, tenho falado pouco de poesia por aqui. Ainda bem que  qualquer momento pode ser tempo de corrigir essa omissão imperdoável.
Dizem que a arte nos salva. Penso que, se não, pelo menos nos redime. Ela tem o poder de consolar e amenizar nossa caminhada, não somente nos momentos de “normalidade”, mas principalmente durante os percursos mais doloridos. Dia desses, precisando de resgate, abri o Esconderijos do Tempo, esse pequeno tesouro do Mário Quintana e está lá:

Poema marciano número dois

Nós, os marcianos,
Não sabemos nada de nada,
Por isso descobrimos coisas
Que
De tão visíveis
Vocês poderiam até sentar em cima delas..
Não brinco! Não minto! Um dia um de nós (Van Gogh) pintou
                                                                                  [uma cadeira vulgar,
uma dessas cadeiras de palha trançada...
Mas, quando a viram na tela, foi aquela espantação:
“uma cadeira!”, exclamaram.
Uma cadeira? Não, a cadeira.
Tudo é singular.
Até as autoridades sabem disso...
Se não me explica
por que iriam fazer tanta questão
das tuas impressões digitais?!

(Do livro Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013)




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