Recuso-me a comemorar o primeiro de maio
como dia do trabalho. Afinal, dia do trabalho é todo dia. Para mim, esse é o DIA
DO TRABALHADOR.
Graças à luta de trabalhadores há muitos
anos e ao sacrifício de alguns, até com a própria vida, hoje é feriado. Dia
para descansar e refletir.
Fomos criados ouvindo em nossas casas que “o
trabalho é o pai de todas as virtudes e a ociosidade é a mãe de todos os vícios”.
Tem muito mais coisas por trás desse dito popular do que pode imaginar a “nossa
vã filosofia”.
No momento, no Brasil, direitos dos
trabalhadores duramente conquistados com anos de luta, encontram-se
perigosamente ameaçados pela possibilidade de aprovação da lei de terceirização.
O famigerado PL 4330-2004, que dispõe sobre contratos de prestação de
serviços e relações de trabalho foi aprovado na Câmara Federal e encontra-se
aguardando apreciação pelo Senado.
Ao mesmo tempo, vemos governos, como os
recentes exemplos dos estados de São
Paulo e do Paraná tratar professores em greve à base de cassetete, jatos d´água
e bombas de gás. Como expressou Maurício Calheiros em seu blog: “Mais um
espetáculo de covardia e desrespeito ao ser humano, desta vez protagonizado
pela PM do Paraná, agredindo com extrema violência, professores desarmados. ...
tornou-se rotina a repressão violenta e desproporcional contra manifestantes
pacíficos, que exerciam o direito constitucional ao protesto.”
Um livro, escrito há mais de cem anos,
continua sendo a referência para quem quer entender como o trabalho modificou-se
ao longo dos anos, contribuindo para a evolução humana e como se transformou no
que é na atualidade. Trata-se do clássico de Frederich Engels, O Papel do
Trabalho na Transformação do Macaco em Homem, que, felizmente, encontra-se disponível
para quem quiser ter acesso em http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/macaco.pdf.
No momento em que escrevo, sei que muitas
empresas estão fazendo churrascos para seus funcionários, distribuindo brindezinhos baratos e promovendo brincadeiras sem graça com as famílias, para, no dia
seguinte, continuar tudo como antes, tratando-os, na maior parte das vezes, com pouca consideração e até desrespeito.
Meu convite hoje, e de todos os dias, é para
que estejamos atentos, que não deixemos de refletir sobre os significados por
trás de cada gesto e de toda a ação de grupos econômicos, empresariais e políticos
e, especialmente sobre o que está subjacente ao discurso de que “aqui somos uma
família”, “não temos empregados, mas colaboradores” e outras baboseiras.
Ainda bem que, mesmo nesses nossos tempos
conturbados, temos por ai pessoas como Pepe Mujica, por exemplo, ex-presidente e atual senador do Uruguai a nos
alertar sobre solidariedade, um dos fundamentos básicos da consolidação do
trabalho. E também sobre consumo e pobreza, lembrando que pobre é,
principalmente, aquele que trabalha tanto, que acaba não tendo tempo para mais nada.
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