sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dia do Trabalhador – Texto Cheio de Aspas

Recuso-me a comemorar o primeiro de maio como dia do trabalho. Afinal, dia do trabalho é todo dia. Para mim, esse é o DIA DO TRABALHADOR.
Graças à luta de trabalhadores há muitos anos e ao sacrifício de alguns, até com a própria vida, hoje é feriado. Dia para descansar e refletir.
Fomos criados ouvindo em nossas casas que “o trabalho é o pai de todas as virtudes e a ociosidade é a mãe de todos os vícios”. Tem muito mais coisas por trás desse dito popular do que pode imaginar a “nossa vã filosofia”.  
No momento, no Brasil, direitos dos trabalhadores duramente conquistados com anos de luta, encontram-se perigosamente ameaçados pela possibilidade de aprovação da lei de terceirização. O famigerado PL  4330-2004, que  dispõe sobre contratos de prestação de serviços e relações de trabalho foi aprovado na Câmara Federal e encontra-se aguardando apreciação pelo Senado.
Ao mesmo tempo, vemos governos, como os recentes exemplos  dos estados de São Paulo e do Paraná tratar professores em greve à base de cassetete, jatos d´água e bombas de gás. Como expressou Maurício Calheiros em seu blog: “Mais um espetáculo de covardia e desrespeito ao ser humano, desta vez protagonizado pela PM do Paraná, agredindo com extrema violência, professores desarmados. ... tornou-se rotina a repressão violenta e desproporcional contra manifestantes pacíficos, que exerciam o direito constitucional ao protesto.”
Um livro, escrito há mais de cem anos, continua sendo a referência para quem quer entender como o trabalho modificou-se ao longo dos anos, contribuindo para a evolução humana e como se transformou no que é na atualidade. Trata-se do clássico de Frederich Engels, O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem, que, felizmente, encontra-se disponível para quem quiser ter acesso em http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/macaco.pdf.
No momento em que escrevo, sei que muitas empresas estão fazendo churrascos para seus funcionários, distribuindo brindezinhos baratos e promovendo brincadeiras sem graça com as famílias, para, no dia seguinte, continuar tudo como antes, tratando-os, na maior parte das vezes,  com pouca consideração e até desrespeito.
Meu convite hoje, e de todos os dias, é para que estejamos atentos, que não deixemos de refletir sobre os significados por trás de cada gesto e de toda a ação de grupos econômicos, empresariais e políticos e, especialmente sobre o que está subjacente ao discurso de que “aqui somos uma família”, “não temos empregados, mas colaboradores” e outras baboseiras.
Ainda bem que, mesmo nesses nossos tempos conturbados, temos por ai pessoas como Pepe Mujica, por exemplo, ex-presidente e atual senador do Uruguai a nos alertar sobre solidariedade, um dos fundamentos básicos da consolidação do trabalho. E também sobre consumo e pobreza, lembrando que pobre é, principalmente, aquele que trabalha tanto, que acaba não tendo tempo para mais nada.


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