sábado, 8 de fevereiro de 2014

TIRE SEU SORRISO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR...

Uma coisa chata que anda virando mantra no mundo moderno, principalmente na  internet, é esse discurso de que temos que sorrir e ser felizes a qualquer custo. Ainda mais com esse calor todo que anda fazendo e que já deixa quase todo mundo assim meio irritado, esse lenga-lenga torra a paciência. Literalmente. Tem dias que a gente anda que é uma tristeza só.
Inútil tentar nos transformar em máquinas que obedecem a comandos com um toque de botão. Nessas horas de banzo o que a gente mais quer é ficar quieto, talvez ouvindo uma música bem triste, como aquela, por exemplo, que diz: “Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”¹.
Tenho uma irmã que perdeu abruptamente seu caçula de apenas vinte anos em um episódio inaceitável de violência gratuita. Há poucos dias, uma amiga também perdeu uma filha igualmente na faixa dos vinte, e de maneira irresponsável e leviana. O que dizer a essas mulheres, ou a milhares de outras pessoas que estão profundamente tristes pela perda de um grande amor, por uma saudade profunda, ou pelo acúmulo de pequenas tristezas do dia a dia? Por favor, sem essa conversa de que devem sorrir e levar a vida saltitante, que a alegria só faz bem à saúde.
Diante de uma grande tristeza, talvez o melhor seja não dizer nada, ou falar o mínimo. Deixar que cada um viva a sua dor como acha melhor. Pouca coisa pode ajudar. Talvez uma visita rápida, se a pessoa quiser, um abraço bem apertado. Mandar flores bem bonitas, uma caixa de bombons dos mais gostosos, um livro de poesias, ou um filme de Charles Chaplin.
Flores bonitas atenuam a tristeza
Tudo isso é mesmo pouco, quase nada, diante de uma dor profunda, que somente quem a está vivenciando é capaz de dimensionar. Mas pode servir para lembrar ao seu amigo ou amiga que a beleza pode ser um pequeno contraponto em momentos de inevitável tristeza.

¹ Nelson Cavaquinho, Guilherme De Brito, Alcides Caminha
em A flor e o espinho)


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