Quantas vezes já ouvimos essa expressão! Ela é uma das campeãs do papo furado que predomina na maior parte das organizações. Às vezes somos obrigados a deixar claro que aquela camisa que vivem insistindo para que a gente vista, não nos serve. Nem sempre é fácil, mas nossa saúde mental depende dessa coragem.
Por falar em saúde mental, já fiz
aqui no blog comentários sobre o livro Imagens da Organização de Gareth Morgan
e dentre as metáforas que ele propõe para perceber as organizações, uma das que
mais gosto é a que visualiza essas entidades como “prisões psíquicas”. Costumo
dizer aos meus alunos que empresas são máquinas de fazer loucos. E gosto de
sugerir que eles leiam A loucura do trabalho, livro de Christophe Dejours,
publicado na década de 1980.
Voltando às expressões de uso comum
em empresas, outra que costumamos ouvir bastante é: aqui somos como uma
família. Só de escutar isso, já me arrepio. Pura conversa fiada. Na maior parte das organizações
onde esse mantra é muito repetido, prevalece o total descaso com as relações
humanas no trabalho, com a qualidade de vida e até mesmo com a saúde dos
funcionários. Deus me livre desse tipo de família.
Por falar em funcionários, logo me lembro de outra balela muito comum no mundo empresarial.
Falo do modismo de referir-se aos empregados como colaboradores. Essa é parecida com o uso indiscriminado do
gerúndio. Quem tenta contestar e combater, como é o meu caso, vira quase um ET.
Não é fácil nadar contra a maré, mas não me importo de ser vista como a
enjoada. Penso que um dos papeis dos
professores é justamente esse: sugerir e incentivar os alunos a refletirem
sobre o que leem e o que ouvem.
Preparar pessoas para trabalhar no
mundo empresarial é também um negócio de louco. Ainda mais com os jovens, tão
cheios de sonhos, parece até cruel alertá-los sobre o tanto de conversa fiada
que tem por aí. Nessa categoria incluo as palestras e os livros de autoajuda
tão difundidos entre eles. Não é fácil dizer a eles para não caírem nessa
conversa, que não existe receita milagrosa para o sucesso. (− ah, como os
meninos gostam dessa palavra!).
Gosto também de dizer o seguinte: −
Não é porque você teve um gerente babaca, que deve se transformar em um deles. Nem
tudo que é feito, dito ou escrito por aí, merece ser repetido. E lembro com frequência que os modelos de gestão que
prevalecem na maior parte das organizações não servem de referência para quem
tem uma boa formação e um mínimo de caráter.
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