Mineiro, como se sabe, é bairrista, então elogiar a beleza de
igrejas, que não sejam as nossas, é quase pecado. Uma visita a algumas igrejas
do Rio, dá para concluir que é verdade: as nossas são as mais lindas, todavia as do Rio não
ficam muito atrás. A começar pela da Candelária, cuja construção teve início no
século XVII. Encanta com altares belíssimos, repletos
de esculturas, entalhes, pinturas e murais em paredes, teto e cúpulas, tendo a
principal 66 m de altura. Muito bom o estado de conservação dos bancos
entalhados em madeira com assentos e encostos em couro trabalhado, originais, uma boniteza. Pisos portugueses, com
predomínio de azul e vinho compõem magnificamente com o restante do conjunto.
Vale a pena visitar.
A Igreja Nossa Senhora do Carmo da antiga Sé é linda
e repleta de história. Possui museu e sítio arqueológico anexos. A capela lateral, do Senhor dos Passos,
alternando dois tons de ouro, polido e fosco, com fundo branco, iniciada em
1619 e inaugurada em 1761 é a sua principal atração. Mas o que mais encantou
nessa visita não foi a suntuosidade dos
altares, dos móveis, ou o imenso órgão, mas sim o atendimento. O porteiro é muito amável e a capelã Sônia, não somente nos aspergiu com água benta, mas despediu-se com um abraço
carinhoso. Um mimo encantador.
Obra de Kusama - Foto catálogo |
Prosseguimos visitando o Centro Cultural Banco do
Brasil, também com uma arquitetura muito bonita, e onde estava acontecendo a
exposição "Obsessão Infinita" da artista japonesa Yayoi Kusama. Suas magníficas obras vão de pinturas
a escultura e instalações, como a inenarrável sala de espelhos infinitos. Desconsertante,
de perder a fala.
O Centro Cultural dos Correios fica pertinho e também
vale a pena ser visitado. Havia uma exposição do arquiteto e artista plástico suíço John
Graz que viveu muitos anos no Brasil e chegou a participar da semana de Arte Moderna
em 1922. A mostra compunha-se de desenhos, pinturas, escultura e vídeo do
artista, que era encantado com as paisagens brasileiras. A qualidade do
atendimento dos funcionários merece destaque. Sabendo que a Instituição
direciona parte dos seus resultados para manter um Centro como esse, dá até
para entender por que se cobra tão caro por um SEDEX e fica-se mais conformado com as tarifas
postais, no geral. Em resumo: visita super bacana.
Infelizmente não podemos dizer o mesmo da visita à
Biblioteca Nacional que eu já conhecia, mas que vale a pena ser revisitada, se
não fosse pela má vontade generalizada no atendimento. Com sua linda
arquitetura, acervo magnífico e frequentemente exibindo boas exposições - as da vez eram do escritor mineiro Fernando
Sabino e do afro português Mia Couto – a BBN é, por assim dizer, o exemplo típico de disfunções da burocracia:
excesso de formalismo e desprezo ao cliente. Para se ter uma ideia, precisa-se retornar ao atendimento por várias
vezes, necessitando-se, para completar a visita, obter quatro tipos de crachás
diferentes. Desanimador.
Não menos decepcionante foi a tentativa de visitar o
Teatro Municipal. Apesar de aberto, o guarda não nos deixou entrar, em plena
segunda feira, porque, visitas somente guiadas e, naquele dia não se agendavam
as tais. Lamentável.
Mesmo com esses e outros aborrecimentos, o Centro do
Rio vale a pena. Tem uma infinidade de atrações e merece ser visitado, com
muito mais tempo do que o que contamos nessa pequena viagem.
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