sábado, 29 de dezembro de 2012

MULHERES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Já sei há algum tempo que tenho uma quedinha por obras e reformas. Apesar do estresse que inevitavelmente provocam, momentos de construção e reforma são especialmente ricos em descobertas e aprendizados. Já me aventurei em construções mais de uma vez, não somente em minha casa, mas também na chácara da minha mãe e na construção de um predinho em parceria com meu irmão que é engenheiro.
Francisco, o comandante em chefe do grupo, Marcos, Tiquinho e eu.
Desta vez não foi diferente, mas teve algo bastante novo: a presença de uma mulher na obra. Embora ela tenha se recusado a se deixar fotografar, a presença da Fátima 
deu o toque diferente à minha reforma. Esposa do Francisco, o empreiteiro e eleita por mim a vice líder do grupo, sua presença fez a diferença, principalmente nos cuidados em não provocar estragos em móveis,  no piso de madeira sintecado, ou no jardim.  Sensível, Fátima deu valor aos meus cuidados com cada pé de tempero da horta, aos vasos de orquídeas, aos paninhos bordados do varal e a outras delicadezas que valorizo bastante. Ao final foram praticamente dois meses na obra, e mantivemos um convívio camarada, mesmo nos momentos de maior aperto, quando  algum deles ficava pendurado em escadas enormes, para pintar paredes de uma casa de pé direito duplo, como foi o caso. Ainda assim, e mesmo com o calor dos infernos que está fazendo em Viçosa neste verão, jamais vi Fátima se estressar, ou demonstrar sinais de impaciência ou descontentamento. Serenidade foi a marca da presença dela na obra e eu, estressada ansiosa e estabanada, valorizei muito seu equilíbrio para que as relações (quase sempre conflituosas) entre os donos das obras e os trabalhadores não se desgastassem.
Outra figura importante também nesse processo foi a Helena, minha fiel escuderia. Juntamente comigo ficava na logística, fazia o café, ou o suco, não descuidava da água gelada e se encarregava da limpeza fina. E quando eu precisava me afastar da obra, ela assumia o meu lugar na supervisão dos detalhes e  no cuidado para que a rotina da casa não fosse muito comprometida por causa da obra.
Se a minha obra ficou pronta? Quase. Ainda restam uns remendinhos por terminar. Mas ter programado a obra para o final de ano não foi uma boa estratégia da minha parte. Enfim, deu pra passar o Natal com a casa pintadinha de novo, sem infiltrações nas paredes, ou umidade no muro, que  foi todo revestido de pedra. Agora é viajar sossegada pra curtir uma prainha e, na volta, pensar na revisão da parte elétrica que está merecendo. Antes, terminar de pagar as contas, que, como o previsto, agora devem se estender  por uns meses. 
Então ao escrever este post não deixo de me emocionar pensando nesses trabalhadores, meus irmãos brasileiros, que fazem a diferença no mundo, com o seu suor (literalmente), que ainda são pouco valorizados (embora, nesse aspecto tenha melhorado bastante),  que trabalham muitas vezes sem as condições ideais e, que ainda assim, raramente perdem o bom humor e a esperança. 
Com Luiz, o primeiro a dar por acabada a sua parte.
Finalizo com uma constatação que foi também um aprendizado. Eu que estudo a cultura das organizações, não pude deixar de apreciar e achar engraçado um código de conduta estabelecido entre os pedreiros. Minha filha mais nova me relatou que sempre que passava pelas obras aqui do bairro, eles "mexiam" com ela, - aquelas piadas e cantadinhas típicas dos trabalhadores de obras. Só que, assim que eles começaram aqui em casa, ela não ouviu mais nada. Ao contrário, quando ela passava por eles e dizia bom dia, ou boa tarde eles sempre respondiam de cabeça baixa e no maior respeito. Não é uma beleza a gente encontrar com pessoas tão bacanas e dignas como esses meninos? Aguardando aqui a promessa de que, depois do ano novo, eles voltam para os retoques finais, mando meu abraço e minha eterna gratidão a eles.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada Bérbara. Essa desconhecida é a arquiteta da família, não é?

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  2. Oi, Maria Inês:
    Voltei a ler o seu texto e volto a dizer: é muito bom.
    Continue escrevendo sobre esse tema!
    Boas férias. Beijos.

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