quinta-feira, 17 de maio de 2012

Escribo para mi. Para mi placer. Para mi vicio. Para mi propia condenacion.(Carlos Fuentes)

Morreu ontem, no México, aos 83 anos, o escritor Carlos Fuentes. Autor de um texto memorável intitulado O ELOGIO À INCERTEZA, um tributo à literatura e ao romance, do qual pincelei algumas frases e compartilho a seguir:

A ficção inventa o que falta no mundo, o que o mundo esqueceu, o que espera atingir e que talvez jamais atinja. Portanto, a ficção é uma maneira de se apropriar do mundo, de dar-lhe sua cor, seu gosto, seus sentidos, seus sonhos, suas noites em claro, a perseverança e até mesmo a tranqüilidade preguiçosa da qual ele tem necessidade para continuar a existir.

Temos consciência do perigo de que no início do século XXI, as ordens do dia dos homens se desloquem. O orçamento militar ultrapassa de longe os investimentos na área da saúde, da educação e do desenvolvimento. As demandas urgentes das mulheres, dos idosos, dos jovens foram deixadas ao acaso. Os crimes contra a natureza multiplicam-se. No céu, escreveu Borges, conservar e criar são verbos sinônimos. Na terra, tornaram-se inimigos.

O espaço se rendeu. Graças à imagem, podemos estar ao mesmo tempo todos os lugares instantaneamente. Mas o tempo se pulverizou, fragmentando-se em imagens que correm o risco de negar ao mesmo tempo a imaginação do passado e a memória do futuro, Podemos nos tornar escravos de imagens hipnóticas que escolhemos. Podemos nos transformar em alegres robôs e nos divertir até morrer.

A humanidade triunfará, e ela o fará porque, apesar dos acidentes da história, o romance nos diz que a arte nos restaura a vida, a vida que a história, em sua precipitação, desprezou. A literatura torna real o que a história esqueceu.

3 comentários:

  1. Muito bonito mesmo, mãe!
    Esse texto é sensacional. Não pude deixar de lembrar dele ao ler a notícia sobre a morte do Fuentes.

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  2. Fernanda Pônzio no meu blog é tudo de bom. Beijo.

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