quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Caminhando

 

Para renovar esperanças em tempos secos: amigos, natureza e poesia.

A escritora Dalva Maria Soares, antropóloga e professora escreve crônicas alegando que o faz “Para Diminuir a Febre de Sentir”. Já publicou dois livros que são preciosidades singelas. No dia a dia, brinda seus seguidores nas redes sociais com pequenos textos contendo sugestões de leitura e reflexões sobre o dia a dia sofrido das gentes pobres desse país tão rico. 

Os bulbos dos dendróbios, das celogines e das phaius, assim como a grama da mãe da Dalva,  pareciam sem vida há pouco mais de um mês. De repente, no meio da secura e do inverno persistente, mesmo com as fuligens trazidas pelo vento que espalha os sinais das queimadas frequentes nessa época do ano, em poucos dias, a florada surge exuberante, animadora. Assim será, repito alimentada pela esperança e pelo potente encanto  da natureza. Penso no pequeno texto de minha amiga Dalva que espalha generosamente sua poesia nas redes sociais, ao contrário de muitos que utilizam esses espaços para divulgar o ódio, o preconceito e a violência.

Seguimos resistindo, alimentados pela esperança e pela boa fé. A  força da amizade e da poesia nos anima e encoraja. Como já se disse: podem matar algumas flores, mas, não serão capazes de deter a primavera.





 “Todo ano era a mesma ladainha: mamãe com as mãos no queixo, da janela da cozinha, olhava desanimada para a grama do quintal estorricada pelo tempo da estiagem:

— É, desta vez a grama morreu mesmo. Não renasce mais não.

Que nada! Na primeira chuvinha do tempo das águas, contrariando a profecia de Dona Dulce, a grama rebrotava de novo, verdinha. E com ela vinha junto uma floresta de cogumelos, cada dia num canto diferente do quintal. Os cupins ganhavam asas e brotavam do chão em revoada e um ou outro pezinho de bem-me-quer germinava depois da semente hibernar por meses na quentura da poeira.

O tempo das águas não tarda a chegar. E com ele virá junto essa capacidade de renascimento da natureza. Que a gente rebrote junto quando esse tempo de seca passar, porque não há mal que dure pra sempre. 2 de outubro tá logo ali.” (Dalva Maria Soares, em Facebook, setembro, 2022).

 

 

 

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