segunda-feira, 31 de julho de 2023

Viagens - ITAÚNAS - ES

O rio é nossa mãe, disse o velho pescador. A bordadeira registrou as palavras que estão expressas em um enorme estandarte  exposto na sede do Parque Estadual de Itaúnas no Espírito Santo, distante apenas 30 km da divisa com a Bahia. Itaunas, cujo nome tem origem na língua tupi-guarani, significa pedra negra, uma referência às formações rochosas escuras do fundo do rio que banha a região.







Bordados contam a história do lugar
Famoso pela bonita paisagem formada por suas praias, dunas, rios e riachos e pela tradição do forró, o vilarejo turístico que leva o nome do rio, recebeu, por volta do século XVII, colonos portugueses que chegaram ao local antes ocupado por povos indígenas. Originalmente a vila inseria-se em meio a uma extensa vegetação constituída por  matas e uma pequena faixa de restinga que a separava do mar, o que a protegia do avanço das dunas que se movimentam constantemente com a ação dos ventos. Assim, existiu por cerca de 200 anos. Destruída a vegetação, entre as décadas de 1950 e 1970, as dunas foram avançando e soterrando as casas e demais edificações do local. A cobiça pela madeira e o desmatamento indiscriminado, que permeou toda a região norte do estado do Espírito Santo, foram responsáveis pela  tragédia.

Rio Itaúnas que separa a vila do mar

Resta hoje, visível no local, apenas  a casa do último casal de moradores a deixarem a antiga vila. Eles viviam da pesca e do cultivo de mandioca e de frutas nativas da região, como o caju, a pitanga e o coco da Bahia. A moradia, a casa do Tamandaré,  encontra-se em lamentável estado de abandono, apesar de haver uma promessa de restauração por parte do poder público do estado.

Casa do Tamandaré: única casa restante da vila original

Transformado em  área de proteção ambiental, em 1991, com a criação do Parque Estadual de Itaúnas, o local tornou-se uma unidade de conservação e proteção integral dos recursos naturais. A criação foi justificada pela ocorrência de grande concentração de sítios arqueológicos, indicando que a região já era habitada por pelo menos 3 a 4 mil anos e  porque as suas praias são importantes locais de reprodução de tartarugas marinhas. O parque tem também os objetivos de promover pesquisa científica, educação ambiental, recreação em contato com a natureza e  turismo ecológico.

O caminho da praia é
enfeitado pela vegetação  local

A partir da década de 1970, a vila foi sendo reconstruída  do outro lado do rio Itaúnas e transformou-se em um lugar bucólico e sossegado, constituído por casas simples, com ruas de terra batida e que possui apenas  cerca de 2.000 moradores. Tornou-se um paraíso de amantes da natureza, pessoas que gostam de caminhar e buscam praias bonitas, limpas e protegidas da especulação imobiliária. Itaúnas é também uma referência nacional para os apreciadores do forró, que procuram a região principalmente no mês de julho, quando ocorre o Festival nacional do forró.








O mar faz desenhos espetaculares na areia


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