Uma dança sincronizada de folhas, flores e sementes, movendo-se em sintonia com os ventos de agosto, vai deixando as árvores ora nuas, ora cobertas de cores e plumagens exuberantes. A aragem fria e o calendário registram a despedida do inverno.
Despindo-se pouco a pouco, árvores vão lançando ao solo suas folhas amareladas. Tão nuas aparentam uma secura que pode levar a supor que estejam mortas.
Troncos nus parecem mortos |
Parecem moribundas, os esqueletos pelados,
expostos à poeira e à pouca umidade do ar. Entretanto, não é o fim do caminho. Basta
um leve descuido do nosso olhar e elas se carregam em botões sutis, prestes a explodir em cores. As folhas caídas ao solo
vão decompor-se para tornar húmus fértil e realimentar o ciclo da vida.
Cássia Rosa |
Etitrina |
Aqui onde vivo, além dos Ipês, que são os mais aparecidos, nessa época do ano, juntam-se a eles as Eritrinas, as Paineiras e as Cássias cor de rosa formando o grupo das mais exibicionistas. Em pouco tempo o que antes eram galhos nus e sombras ralas, parecem esquecer as judiações do vento e da secura e passam a ostentar seus órgãos sexuais coloridos, excitantes. São as floradas exuberantes de agosto.
Paineira |
Depois essas lindezas fertilizadas em amor umas
com as outras, aquecidas pelos raios de sol e auxiliadas pelo vento caem por
terra indo juntar-se às folhas que lhes precederam, incorporando-se também ao
solo. Então as árvores lançam sementes aladas, ou não, que, ao movimento do ar,
explodem tornando-se promessas de vida.
Semente alada de paineira |
Exibicionistas que praticaram o ritual da
dança de agosto expeliram sementes, que repousam no ventre da mãe terra, ansiosas
pelas chuvas e pelos raios de sol até germinarem, estimuladas pelo calor
incipiente e pelas primeiras e esparsas chuvas da temporada.
Atrás de uma leve cortina transparente, setembro
está à espreita aguardando a primavera entrar em cena.
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Adorei
ResponderExcluirSempre uma poesia que nos encanta. Vai fazendo brotar, florescer na gente o encantamento que nos sustenta, frente a caminhada, as vezes tão árdua...
ResponderExcluirBernadeteLage, sua fiel e comovida admiradora, Querida Professora Inês!
ExcluirComo sempre, uma delícia ler suas crônicas que retratam com delicadeza as belezas da natureza que nos cercam!
ResponderExcluirSeguimos encantadas com a sua sensibilidade.
ResponderExcluirMuito obrigada, Maria.
Quanta sensibilidade!
ResponderExcluirParabéns, Maria Inês, pela leveza e beleza descritiva de seu texto. Gostoso de se ler. Abraços.
ResponderExcluirMaravilhosa a sua observação transformada em texto, amiga! Que sensibilidade ao observar o ciclo natural da vida e traduzir pra gente cheio de poesia. Você é craque! Forte abraço!
ResponderExcluirParabéns, Maria Inês! Emociono-me com suas crônicas. Obrigada por partilhar comigo sua sensibilidade. Beijo no coração!
ResponderExcluirParabéns pelo texto: muito delicado para tratar matéria tão plena: a natureza. Esta é inspiradora e capaz de despertar- nos para tudo que é mais simples, genuíno da essência divina em nós!
ResponderExcluirEscrever é uma arte divina. Muito lindo 😍
ResponderExcluirQue belo texto, irmã!
ResponderExcluirParabéns!
Que linda crônica prima querida!
ResponderExcluirLinda demais.🌹🌹🌹🌹
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