Bem vindo à minha casa virtual. Aqui você encontra conversas sobre jardinagem, literatura, artes e artesanato, fatos do cotidiano e um pouco de administração e gestão de pessoas. Sinta-se convidado a participar delas. Como dizemos em Minas: "Caba de chegar que a casa é sua. É sempre bom trocar um dedinho de prosa".
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
DOIS ANOS DO BLOG
Hoje o mariaidasaudade está fazendo dois anos. Não. Não fiz um balanço do que foi feito nesse período. Percebi isso agora ao abrir o blog, por puro acaso. Embora às vezes possa ter cara de sério, isso aqui é apenas uma brincadeira, um espaço livre para eu expor minhas ideias e opiniões. Pitacos, como foi dito desde o início. E que encontra-se aberto a receber a opinião dos que por aqui passeiam. A você visitante, que aparece regular ou esporadicamente, obrigada pela visita. Àqueles que se dão ao trabalho de deixar um comentário, gracias em dobro. Daqui a pouquinho vamos dar uma cara nova ao blog, mantendo a sua essência, mas tentando tornar o espaço um pouco mais alegre e divertido. Beijos e até a próxima.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Dia da Saudade
Dizem
que hoje é o dia da saudade. Que coisa, né?, tem dia pra tudo. Embora eu não
consiga imaginar o que, penso que isso deve ter sido instituído para vender
alguma coisa.
Mas
com o blog com esse nome, passei o dia matutando sobre o que escrever e fiquei
fazendo reminiscências sobre o que me traz muita saudade. Não, não é da infância,
nem de pessoas queridas que já se foram, ou de um grande amor que guardo a
minha maior saudade, mas de textos e livros que li há muito tempo e que lia com
outros olhos. Textos que hoje considero
banais, ás vezes até mesmo bregas, mas que, da primeira vez que os li me
deixaram tão encantadas que nunca pude esquecê-los o que me provoca uma enorme
saudade. Nem sei se a saudade será dos textos ou de mim, daquela pessoa mais
crédula, muito mais romântica e simples, que nunca mais serei. Acho que é disso sim, que sinto essa enorme saudade. Os textos são os meios de chegar, mesmo que momentaneamente,
a essa pessoa que fui e da qual certamente guardo significativos resquícios.
Embora
ainda goste muito da poesia da Cecília Meirelles, é dela, um dos textos a que
me refiro, que já me encantou muito, mas
que hoje me desperta grande saudade.
A
Arte de Ser Feliz (Cecília Meirelles)
...
“Houve
um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta
mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava
quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias.
Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a
entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças
tinham tal expressão no rosto e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis,
que participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me
sentia completamente feliz.
Houve
um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita
de giz. Perto da janela havia um jardim quase seco. Era numa época de estiagem da
terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre
homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água
sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para
que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas para o homem, para as
gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente
feliz.
Às
vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro
nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam o
muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas
brancas, duas a duas, como refletidas no espelho no ar. Marimbondos que sempre
me parecem personagens de Lope de Veja. Ás vezes, um galo canta. Ás vezes, um
avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu me sinto
completamente feliz. Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que
estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que
só existem diante das minhas janelas, e outros finalmente que é preciso
aprender a olhar, para poder vê-las assim”.
Estrato do texto A Arte de
Ser Feliz. Disponível em: http://demogidascruzes.edunet.sp.gov.br/LP/Aart.pdf
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Não Alimente Animais Silvestres
Graças
a Deus, com as leis de preservação ambiental, voltamos a ver bichos na
natureza. Tive uma infância na roça, convivendo com muitos animais: de tatu a
ouriço caixeiro. Passarinho de tudo que é jeito. Além, é claro dos bichos
domésticos, que faziam a farra da criançada.
Depois,
houve um tempo em que os bichos sumiram. Até os canarinhos da terra, tão
nossos, tão brasileiros, não eram mais vistos por aqui. A predação foi tanta
que praticamente foram dizimados em nossa região. Felizmente surgiram leis
rigorosas e a fiscalização foi efetiva. Soubemos de casos de pessoas que foram
presas por terem canários presos em gaiolas e pior, por levarem os coitados para rinhas
de brigas onde se agrediam até morrer. Difícil imaginar como tamanha crueldade
pode divertir alguém. Enfim, como dizem por ai, tem gente pra tudo.
Graças
a Deus, de uns tempos pra cá, ficou comum a gente voltar a ver animais
silvestres bem próximos do nosso convívio. Por aqui, além dos bandos de
canários da terra em nosso gramado, podemos acordar com a algazarra de macacos
e encontrar com capivaras durante a
caminhada. Jacus empoleiram à tardinha nas árvores da rua. No entanto, sabemos
que, para que esse convívio seja bastante saudável precisamos de algumas
regrinhas. E uma delas é: não alimente
os bichos com sua comida. Nada de biscoitos, pão velho, ou mesmo canjiquinha de
milho ou arroz.
Não
há necessidade disso. Para que os bichos sobrevivam, basta preservar a natureza que eles encontram fartamente nela tudo
o que precisam. Falo como leiga. Mas tenho o aval de pessoa entendida. Minha
filha é estudante de biologia, e atua em um grupo de pesquisa da UFV (Universidade Federal de Viçosa) que
tem feito estudos e comprovado os malefícios que causam aos animais
silvestres, essa mania que têm alguns de querer entupi-los com alimentos
humanos. Se em nosso organismo, que já vem se adaptando a alimentos
industrializados há anos, algumas dessas porcarias já provocam estragos, imaginem
o que fazem com os animais.
Dias
desses deparei com um vizinho dando sanduíche a um grupo de pequenos saguis que
aparecem na área de preservação ambiental que circunda o nosso bairro. O rapaz
tinha em uma das mãos o cachorro quente e, na outra um sachê de catchup aberto.
Não me contive e pedi-lhe
encarecidamente que não fizesse aquilo. Ele não me olhou com a cara muito boa,
mas na outra volta da caminhada, ele já
estava oferendo bananas aos bichinhos. Menos mal, porém ainda desnecessário, ou
melhor, inadequado, incorreto.
![]() |
Placa no PARNASO mostra os inconvenientes de alimentar animais silvestres Foto de Marcella Pônzio |
Há
poucos dias, minha filha fez uma viagem de estudos ao Parque Nacional da Serra
dos Órgãos (PARNASO), no estado do Rio de Janeiro. Lá ela fotografou uma placa que
explica muito bem, essa questão que estou abordando. Estou reproduzindo a foto
com a esperança de que pelo menos uma pessoa a leia e conscientize-se do mal
que há nesse hábito bobo de querer dar comida aos bichos que vivem soltos na
natureza.
Por
fim, não posso deixar de constatar como somos, - os humanos – incoerentes.
Grande parte dos animais que domesticamos ao longo de nossa história, vive
abandonada pelas ruas. Cães e gatos que o digam. E certamente o fazem, só que
nós, ignorantes, não os entendemos. No
entanto, muitas pessoas continuam tentando domesticar bichos que vivem soltos e
felizes na natureza.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
DRACENA TRICOLOR
Há bastante tempo não falamos de jardins, o que é uma
pena, pois esse tema costuma render boa conversa. Nessa época do ano, quando
chove bem por aqui e o sol brilha com bastante intensidade, os jardins costumam
ficar muito bonitos, embora algumas espécies sintam bastante com o calor, como
é o caso de boa parte das orquídeas e bromélias.
Tem gente que pensa que planta bonita e digna de
estar em belos jardins tem que florescer, pois somente uma bela florada é capaz
de enfeitar um jardim. Trata-se de um
engano, pois diversas espécies, embora não floresçam, ou tenham floração
insignificante são capazes de fazer a diferença acrescentando cores e formatos
interessantes e valorizar qualquer jardim. Especialmente se forem combinadas
adequadamente e dispostas de maneira a destacar o que possuem de melhor, como folhagens exuberantes, formatos esculturais, ou outros atributos.
Poderia citar muitas plantas que
possuem essas características, como os crótons, os sagus, as nolinas, e as
dracenas. É nessas que me concentro hoje. Menciono especialmente a Dracena tricolor, ou dracena de Madagascar,
seu país de origem. Trata-se de um arbusto que pode atingir até 3 metros ou um
pouco mais, mas que fica especialmente bonita se for sendo conduzida de forma a
adquirir um formato de candelabro, com fartura de galhos laterais. É uma planta
que prefere sol pleno, mas que tolera meia sombra. Nessa condição costuma ficar
ainda mais colorida, com suas folhas com listras em três cores, o que justifica o seu nome
popular. Quanto às regas, em períodos de seca, apreciam ser molhadas pelo menos
duas vezes por semana.
Dracena tricolor em composição com estrelitzias e bromélias |
A dracena tricolor fica bonita
também em vasos em varandas e áreas externas, porém raramente se adapta a
ambientes internos. No caso de ser cultivada em vasos, necessita reposição de
nutrientes com maior frequência. Humus de minhoca, e esterco de galinha
costumam provocar bom efeito na planta, principalmente se forem misturados com
uma colher de adubo próprio para folhagens. Estando em vasos, a dracena deve ser regada pelos menos três vezes por semana.
Colorida e fácil de cuidar, a
dracena tricolor, mesmo quando transplantada já adulta, necessita de certo tempo
para atingir a sua plenitude. Mas vale a pena ter paciência e esperar um pouco,
pois a beleza que um exemplar adulto, ou um conjunto deles oferece é sempre
motivo de admiração.
sábado, 18 de janeiro de 2014
NOTÍCIA DO DIA
O poeta é um fingidor
Finge
tão completamente
Que chega
a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
(Fernando
Pessoa, Autopsicografia. Em: O Eu Profundo e os Outros Eus. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
ITA CORUMIM
Parque
Estadual da Pedra Menino (Ita corumim, na linguagem dos índios), ou Itacolomi
como os exploradores o batizaram, é uma área de proteção ambiental de propriedade do
Estado de Minas Gerais, que tenta preservar parte do ecossistemas natural da região de Ouro Preto e
Mariana. Possui relevância ecológica e histórica, sendo aberto à visitação e à
pesquisa científica.
Vegetação exuberante |
Há
muito tempo, Minas Gerais era uma enorme selva, repleta de árvores frondosas de muitas espécies onde viviam onças
pintadas, jaguatiricas, capivaras, tamanduás, tatus, lobos, macacos, cobras de tamanhos variados, preguiças e pássaros de várias cores e muitas
vozes. A região era habitada por povos livres de diversas tribos e que deram
sonoros nomes a lugares, montanhas e rios, como Cariri, Coropoxó, Guainá, Maxacali, Sabarabuçú e muitos outros. A região
era conhecida como Sertão dos Cataguases (XAVIER, 2009)¹. Então, o Parque tenta
preservar um pedacinho de tudo isso.
Mina d´água na trilha |
Como
se sabe, as expedições de antigamente orientavam-se pelos astros e pelos
acidentes geográficos. Quando os primeiros grupos encontraram metais e pedras
preciosas, em um riacho chamado Tripui, na região que em que hoje estão as
cidades de Ouro Preto e Mariana, os
exploradores guiavam-se pelo pico Ita Corumim (pedra menino).
Lindos os samambaiaçus |
É
triste saber que resta tão pouco de nossas matas e bichos e que até mesmo os
nomes dos locais e a topografia de boa parte do Estado tem sido tão modificados.
Como nos disse Drummond, referindo-se à
sua cidade natal também devastada: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói”
Divagações
à parte, falemos sobre o Parque Estadual do Ita Corumim, como o chamariam nossos ancestrais. É,
como disse, uma tentativa de preservar parte da riqueza natural da região, uma área bacana de ser conhecida. Aliás, toda
reserva ecológica merece ser visitada, sendo uma oportunidade interessante de
estar mais próximo à natureza. Pena que muitas delas não estejam cuidadas como
deveriam.
No
caso do parque do Ita Corumim, pudemos apreciar uma linda vegetação onde
predominam quaresmeiras, samambaiaçus e candeias.
Vimos também bromélias e até orquídeas, porém
poucas, em nossa caminhada de cinco quilômetros parque acima. Quanto aos
bichos, estão sumidos, aparecem apenas nos painéis explicativos do centro de
visitantes. A trilha de acesso ao centro está bem conservada e sinalizada, apesar de
conter placas pretensamente educativas, que deseducam como uma que expressa: ”aqui
homem e natureza vivem em harmonia”, como se o homem fosse uma entidade
separada da natureza. Apesar desse e de outros probleminhas como informações
precárias na portaria, vale a pena ir. No nosso caso, por desinformação, não
nos aventuramos na trilha de seis km que dá acesso ao pico, porque fizemos o
caminho ao centro de visitante a pé, num trajeto de cinco km, o que poderia ter
sido feito de carro, preservando nossas energias para subir o pico. Esperamos
fazer isso numa próxima visita. Como também já disse, voltar a Ouro Preto
sempre vale a pena e ao parque também. Uma visita somente é pouco para apreciar
tudo que se pode ver por ali.
Orquídeas no caminho |
Por
fim, uma explicação: disse no post anterior que seria minha filha quem
redigiria esse texto sobre a nossa visita ao Ita Corumim, mas estando ela
assoberbada no período de provas, ainda não foi dessa vez que o blog contou com
sua preciosa colaboração.
1 XAVIER, Angela L.. Tesouros, Fantasmas e Lendas de Ouro preto. 2009.
1 XAVIER, Angela L.. Tesouros, Fantasmas e Lendas de Ouro preto. 2009.
domingo, 12 de janeiro de 2014
Tesouros de Minas Gerais
Morar próximo a
Ouro Preto é muito bom, porque é fácil redescobrir esse tesouro das Minas
Gerais. Além de relembrar passagens importantes da nossa história e encantar-se
frente ao maior conjunto arquitetônico do barroco brasileiro, é sempre possível
vivenciar momentos incríveis na antiga Vila Rica. Em diversas ocasiões ocorrem manifestações culturais e religiosas de rara beleza e enorme significado para os mineiros.
Dessa vez fomos à
cidade com o objetivo de conhecer o Parque Estadual do Itacolomi que fica encostadinho. Valeu o passeio, que pretendo relatar aqui, por intermédio de texto de
minha filha que é estudante de biologia e apaixonada por áreas de preservação
ambiental. Mas, além dessa visita que foi super bacana, fomos surpreendidas pela
magnífica festa do “Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia”.
Mesmo assim, extenso e pomposo, o nome da festa não expressa toda a sua
grandeza. A programação foi vasta e teve
início no dia 05 de janeiro. Pudemos ver hoje, o encerramento da festa que
contou com a participação de grupos e guardas de Congados, Caboclos e Moçambiques de diversas partes do Estado.
Grupo de Caboclos, cores e alegria |
Os cânticos são variados. “Oh, violeiro, quem te deu essa viola? – Foi São Benedito, foi Nossa Senhora”. A profusão de cores e sons é impressionante, mas há alguns elementos comuns em praticamente todos os grupos. Os estandartes abrindo os cortejos, ( ah, como eu me encanto com eles!); a presença de rei e rainha, os tambores enfeitados com fitas e, para minha grande alegria, uma significativa presença de crianças em praticamente todos os grupos, aumentando a possibilidade de que essa linda tradição mineira seja preservada.
Reis e Rainhas |
Estandartes, uma lindeza |
Não
sou uma folclorista, muito menos estudiosa das tradições mineiras, apenas apaixonada por essas festas culturais e religiosas, que, na minha infância na pequena Guaraciaba, apareciam esporadicamente. Ao que parece essa manifestações estão ressurgindo em praticamente todo o Estado, com um vigor e entusiasmo redobrados. Penso que Ouro Preto não poderia ser melhor lugar para tais encontros, pois sendo visitada por gente de todo o mundo, aumenta a possibilidade da tradição ser preservada.
Crianças em vários grupos |
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