Graças
a Deus, com as leis de preservação ambiental, voltamos a ver bichos na
natureza. Tive uma infância na roça, convivendo com muitos animais: de tatu a
ouriço caixeiro. Passarinho de tudo que é jeito. Além, é claro dos bichos
domésticos, que faziam a farra da criançada.
Depois,
houve um tempo em que os bichos sumiram. Até os canarinhos da terra, tão
nossos, tão brasileiros, não eram mais vistos por aqui. A predação foi tanta
que praticamente foram dizimados em nossa região. Felizmente surgiram leis
rigorosas e a fiscalização foi efetiva. Soubemos de casos de pessoas que foram
presas por terem canários presos em gaiolas e pior, por levarem os coitados para rinhas
de brigas onde se agrediam até morrer. Difícil imaginar como tamanha crueldade
pode divertir alguém. Enfim, como dizem por ai, tem gente pra tudo.
Graças
a Deus, de uns tempos pra cá, ficou comum a gente voltar a ver animais
silvestres bem próximos do nosso convívio. Por aqui, além dos bandos de
canários da terra em nosso gramado, podemos acordar com a algazarra de macacos
e encontrar com capivaras durante a
caminhada. Jacus empoleiram à tardinha nas árvores da rua. No entanto, sabemos
que, para que esse convívio seja bastante saudável precisamos de algumas
regrinhas. E uma delas é: não alimente
os bichos com sua comida. Nada de biscoitos, pão velho, ou mesmo canjiquinha de
milho ou arroz.
Não
há necessidade disso. Para que os bichos sobrevivam, basta preservar a natureza que eles encontram fartamente nela tudo
o que precisam. Falo como leiga. Mas tenho o aval de pessoa entendida. Minha
filha é estudante de biologia, e atua em um grupo de pesquisa da UFV (Universidade Federal de Viçosa) que
tem feito estudos e comprovado os malefícios que causam aos animais
silvestres, essa mania que têm alguns de querer entupi-los com alimentos
humanos. Se em nosso organismo, que já vem se adaptando a alimentos
industrializados há anos, algumas dessas porcarias já provocam estragos, imaginem
o que fazem com os animais.
Dias
desses deparei com um vizinho dando sanduíche a um grupo de pequenos saguis que
aparecem na área de preservação ambiental que circunda o nosso bairro. O rapaz
tinha em uma das mãos o cachorro quente e, na outra um sachê de catchup aberto.
Não me contive e pedi-lhe
encarecidamente que não fizesse aquilo. Ele não me olhou com a cara muito boa,
mas na outra volta da caminhada, ele já
estava oferendo bananas aos bichinhos. Menos mal, porém ainda desnecessário, ou
melhor, inadequado, incorreto.
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Placa no PARNASO mostra os inconvenientes de alimentar animais silvestres Foto de Marcella Pônzio |
Há
poucos dias, minha filha fez uma viagem de estudos ao Parque Nacional da Serra
dos Órgãos (PARNASO), no estado do Rio de Janeiro. Lá ela fotografou uma placa que
explica muito bem, essa questão que estou abordando. Estou reproduzindo a foto
com a esperança de que pelo menos uma pessoa a leia e conscientize-se do mal
que há nesse hábito bobo de querer dar comida aos bichos que vivem soltos na
natureza.
Por
fim, não posso deixar de constatar como somos, - os humanos – incoerentes.
Grande parte dos animais que domesticamos ao longo de nossa história, vive
abandonada pelas ruas. Cães e gatos que o digam. E certamente o fazem, só que
nós, ignorantes, não os entendemos. No
entanto, muitas pessoas continuam tentando domesticar bichos que vivem soltos e
felizes na natureza.
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