Logo cedo
estávamos na agência de turismo que havíamos procurado na noite anterior. Rapidamente
descobrimos que cumprir horários não era bem a praia das pessoas que
trabalhavam no local. A saída que estava programada para ser em torno de oito
da manhã, somente aconteceu uma hora e meia depois. O destino: Cachoeira do
buracão, uma das mais famosas da chapada, que fica a cerca de três horas da
cidade de Mucugê, onde estávamos hospedados.
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Mucugê na noite da nossa chegada |
Seguimos com
um guia até o município de Ibicoara, onde outro guia incorporou-se ao grupo que
além de nós quatro, contava com mais dois casais. Íamos em dois carros. O
percurso até o local, (já tínhamos sido avisados) seria bastante fragmentado. Primeiro
percorremos uma hora (cerca de 70km) em estrada asfaltada, até o município de
Ibicoara. Depois mais uma hora (em torno de 30 km) em estrada de chão em
condições precárias e com muita, muita poeira. Entramos no Parque Natural
Municipal do Espalhado. O calor era grande. Tivemos que nos proteger contra o sol escaldante. Daí seguimos
a pé por mais uma hora, até a descida que dá acesso ao canyon e à cachoeira.
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Início da trilha |
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Bromélia raio de sol, um dos símbolos da chapada |
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Orquídeas em todo o caminho |
Flores como orquídeas e bromélias em profusão; frutíferas como a maçaranduba,
o mocozinho e a mangaba que eu não conhecia. Caminhamos a pé por cerca de uma
hora, com pouca dificuldade.
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Rainha da Serra, trepadeira comum nos campos da chapada |
Aproximando-se
do final da trilha avista-se o lago maravilhoso. Trata-se da parte alta da
cachoeira, onde o rio caprichosamente empoça-se entre pedras, antes de entrar
no canyon e despencar os setenta metros que
formam a queda d água. Em seguida há um bom trecho de descida no meio de
pedras, em trilha irregular e difícil. Em duas partes, há escada de madeira,
dada a impossibilidade de acesso pelas
pedras. Chega-se ao interior de um canyon e já se vê imediatamente uma pequena
cachoeira, a do mato verde. Do lado contrário, vislumbra-se um enorme lago de
águas escuras e ouve-se o barulho forte das águas da cachoeira do buracão, que encontra-se
a uma distância de cerca de 50 metros.
Para ter acesso a ela é preciso atirar-se às águas e nadar contra a correnteza
por cerca de 15 a 20 minutos, a depender do preparo físico de cada um. Nesse
ponto me acovardei. Não tive coragem para tanto. Descansei alguns minutos e, mesmo contrariando meu
grupo, que me incentivava a prosseguir, retornei à parte alta da cachoeira, onde está
a lagoa maravilhosa.
Aproveitei do
meu jeito, fotografando plantas e animais, relaxando e contemplando, quase
sozinha, no meio da matinha que circunda o local. Mergulhei no lagoa de águas
mornas e escuras, cercado por pedras e de uma bonita vegetação. Ouvia e até via
as pessoas lá embaixo.
Depois fiquei
sabendo que a lagoa maravilhosa é chamada pelos guias locais e pelos mais
audaciosos de lagoa dos frouxos. Pode ser, mas esses também conseguem
inesquecíveis momentos; com menos adrenalina, pode ser, mas repletos de
possibilidades de contemplação com mais calma, sem a obrigação de vencer
desafios a todos os momentos.
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Mergulho na lagoa maravilhosa, a parte alta da cachoeira do buracão |
Descobri que,
assim como para o mineiro, tudo é pertinho, logo ali, para o baiano tudo é
fácil, facinho e não tem perigo. Antes de sair para a caminhada perguntei aos
guias e ao proprietário da agência sobre esse último pedaço do trajeto, o que
envolvia a flutuação e o acesso à cachoeira dentro do canyon. Todos afirmaram
que era facílimo, com o que definitivamente não concordo. Na verdade, não se
trata de flutuação, mas sim de um trecho em que é preciso nadar na direção
contrária à correnteza das águas. É bem verdade que isso é feito com
equipamentos adequados e com o acompanhamento de guias. No entanto, no meu caso
que não sou muito amiga de grutas e lugares fechados, a situação é um pouco
mais complicada.
Mesmo não
tendo adentrado a cachoeira do buracão, foi um passeio maravilhoso. A trilha é
linda e a lagoa maravilhosa, como o próprio nome diz é algo deslumbrante.
Retornamos no
final da tarde e ainda fizemos uma pequena parada no mirante da pedra redonda,
próximo a Ibicoara. Era quase noite e estávamos exaustos. Abrimos com chave de
ouro a estadia na chapada. No dia seguinte nova programação. Mas isso conto em
outra postagem. Até lá.
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