Uma coisa chata que anda virando mantra no mundo moderno, principalmente na internet, é esse discurso de que temos que
sorrir e ser felizes a qualquer custo. Ainda mais com esse calor todo que anda
fazendo e que já deixa quase todo mundo assim meio irritado, esse lenga-lenga torra a paciência. Literalmente. Tem dias que a gente anda que é uma tristeza só.
Inútil tentar nos transformar em máquinas que obedecem a comandos com um toque de botão. Nessas horas de banzo o que a gente mais quer é
ficar quieto, talvez ouvindo uma música bem triste, como aquela, por exemplo, que
diz: “Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”¹.
Tenho uma irmã que perdeu abruptamente seu caçula de apenas vinte
anos em um episódio inaceitável de violência gratuita. Há poucos dias, uma amiga também perdeu uma filha igualmente na faixa dos vinte, e de maneira irresponsável e leviana.
O que dizer a essas mulheres, ou a milhares de outras pessoas que estão profundamente
tristes pela perda de um grande amor, por uma saudade profunda, ou pelo acúmulo
de pequenas tristezas do dia a dia? Por favor, sem essa conversa de que devem
sorrir e levar a vida saltitante, que a alegria só faz bem à saúde.
Diante de uma grande tristeza, talvez
o melhor seja não dizer nada, ou falar o mínimo. Deixar que cada um viva a sua
dor como acha melhor. Pouca coisa pode ajudar. Talvez uma visita rápida, se a
pessoa quiser, um abraço bem apertado. Mandar flores bem bonitas, uma
caixa de bombons dos mais gostosos, um livro de poesias, ou um filme de Charles
Chaplin.
Flores bonitas atenuam a tristeza |
¹ Nelson Cavaquinho, Guilherme De
Brito, Alcides Caminha
em A flor e o espinho)
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