sábado, 30 de novembro de 2024

Recortes e Retalhos


Fez-se carne o verbo:

Corpo.

De palavras feito.

Imperfeito.

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Escrevo.

E me liberto do medo.

do velho segredo.

Andarei desnuda

Em praias povoadas.


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Nesse turbilhão de palavras,

Barulhos, notícias, pedidos, 

Compromissos, zumbidos

Sigo à procura da poesia

Pepita que brilha

Entre o desejo e a lama

Ela permanece escondida.

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Se Picasso já pintava
Cinco telas num só dia
Mesmo com poucas palavras
Saio a fazer poesia.
Pegando pedaços e cacos
De uma louça quebrada
Tentando fazer com as letras
Um gaudiano mosaico.
Ou com bordados no pano
Encarnar Bispo do Rosário.

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Enquanto procuro na areia
Seixos rolados,
Lascas de malacacheta.
Encontro poesia e vida
em um ovo de lagartixa.

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Entre matos e pedras
Dias e dias
Noites de agonia
Pesadelos
Nem poemas, nem alegria
Um bloco de rocha prostrava
Irremovível.
O sol o beijava de dia.
À noite o sereno umedecia
Um ralo musgo se formava
Com folhas secas quebradas
Que o tempo enegrecia.
E no silêncio da madrugada
Pequena semente nascia 
À espera do sol que viria 
Para energizar sua vida.
 

Um comentário:

  1. Bendita inspiração desvendando mistérios com sutileza de alma 🥰…

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