Uma dança sincronizada de folhas, flores e sementes, movendo-se em sintonia com os ventos de agosto, vai deixando as árvores ora nuas, ora cobertas de cores e plumagens exuberantes. A aragem fria e o calendário registram a despedida do inverno.
Despindo-se pouco a pouco, árvores vão lançando ao solo suas folhas amareladas. Tão nuas aparentam uma secura que pode levar a supor que estejam mortas.
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Troncos nus parecem mortos |
Parecem moribundas, os esqueletos pelados,
expostos à poeira e à pouca umidade do ar. Entretanto, não é o fim do caminho. Basta
um leve descuido do nosso olhar e elas se carregam em botões sutis, prestes a explodir em cores. As folhas caídas ao solo
vão decompor-se para tornar húmus fértil e realimentar o ciclo da vida.
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Cássia Rosa |
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Etitrina |
Aqui onde vivo, além dos Ipês, que são os mais aparecidos, nessa época do ano, juntam-se a eles as Eritrinas, as Paineiras e as Cássias cor de rosa formando o grupo das mais exibicionistas. Em pouco tempo o que antes eram galhos nus e sombras ralas, parecem esquecer as judiações do vento e da secura e passam a ostentar seus órgãos sexuais coloridos, excitantes. São as floradas exuberantes de agosto.
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Paineira |
Depois essas lindezas fertilizadas em amor umas
com as outras, aquecidas pelos raios de sol e auxiliadas pelo vento caem por
terra indo juntar-se às folhas que lhes precederam, incorporando-se também ao
solo. Então as árvores lançam sementes aladas, ou não, que, ao movimento do ar,
explodem tornando-se promessas de vida.
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Semente alada de paineira |
Exibicionistas que praticaram o ritual da
dança de agosto expeliram sementes, que repousam no ventre da mãe terra, ansiosas
pelas chuvas e pelos raios de sol até germinarem, estimuladas pelo calor
incipiente e pelas primeiras e esparsas chuvas da temporada.
Atrás de uma leve cortina transparente, setembro
está à espreita aguardando a primavera entrar em cena.
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