O rio é
nossa mãe, disse o velho pescador. A bordadeira registrou as palavras que estão
expressas em um enorme estandarte
exposto na sede do Parque Estadual de Itaúnas no Espírito Santo,
distante apenas 30 km da divisa com a Bahia. Itaunas, cujo nome tem origem na língua
tupi-guarani, significa pedra negra, uma referência às formações rochosas
escuras do fundo do rio que banha a região.
 |
Bordados contam a história do lugar |
Famoso pela
bonita paisagem formada por suas praias, dunas, rios e riachos e pela tradição
do forró, o vilarejo turístico que leva o nome do rio, recebeu, por volta do
século XVII, colonos portugueses que chegaram ao local antes ocupado por povos
indígenas. Originalmente a vila inseria-se em meio a uma extensa vegetação constituída
por matas e uma pequena faixa de
restinga que a separava do mar, o que a protegia do avanço das dunas que se
movimentam constantemente com a ação dos ventos. Assim, existiu por cerca de
200 anos. Destruída a vegetação, entre as décadas de 1950 e 1970, as dunas
foram avançando e soterrando as casas e demais edificações do local. A cobiça
pela madeira e o desmatamento indiscriminado, que permeou toda a região norte
do estado do Espírito Santo, foram responsáveis pela tragédia. |
Rio Itaúnas que separa a vila do mar |
Resta hoje,
visível no local, apenas a casa do último
casal de moradores a deixarem a antiga vila. Eles viviam da pesca e do cultivo
de mandioca e de frutas nativas da região, como o caju, a pitanga e o coco da Bahia.
A moradia, a casa do Tamandaré, encontra-se em lamentável estado de
abandono, apesar de haver uma promessa de restauração por parte do poder
público do estado.
 |
Casa do Tamandaré: única casa restante da vila original |
Transformado em área de proteção ambiental, em 1991, com
a criação do Parque Estadual de Itaúnas, o local tornou-se uma unidade de
conservação e proteção integral dos recursos naturais. A criação foi
justificada pela ocorrência de grande concentração de sítios arqueológicos,
indicando que a região já era habitada por pelo menos 3 a 4 mil anos e porque as suas praias são importantes locais
de reprodução de tartarugas marinhas. O parque
tem também os objetivos de promover pesquisa científica, educação ambiental,
recreação em contato com a natureza e
turismo ecológico. |
O caminho da praia é enfeitado pela vegetação local |
A partir da
década de 1970, a vila foi sendo reconstruída do outro lado do rio Itaúnas e transformou-se
em um lugar bucólico e sossegado, constituído por casas simples, com ruas de
terra batida e que possui apenas cerca
de 2.000 moradores. Tornou-se um paraíso de amantes da natureza, pessoas que gostam
de caminhar e buscam praias bonitas, limpas e protegidas da especulação imobiliária.
Itaúnas é também uma referência nacional para os apreciadores do forró, que
procuram a região principalmente no mês de julho, quando ocorre o Festival
nacional do forró.
 |
O mar faz desenhos espetaculares na areia |