“Escreva-te: é preciso que seu corpo se faça ouvir”. *
O que faço com meu dia?
Com a angústia da Insônia,
Tendo sonhos recorrentes?
Intestino preso, refluxo,
Desassossego de correr mundo
O que faço com tanto medo?
Tenho que escolher destino
Para tudo que entorna de mim,
Essa vontade que transborda
Feito tempestade de restos
Trecos, pedaços, fragmentos
O que faço se sai grito,
Urro escrito, erro e tropeço?
Escrevo porque me assusto.
Com cólicas, sangue periódico.
Tantos medos desconhecidos.
Barrigão de oito meses
Com uma criança sentada,
Peito inchado, leite empedrado.
Há jeito para tudo isso?
Invento fazer um bordado
Sem risco, sem prévio traçado.
Abraço o perigo da falta de ensaio
Para ter o silêncio do corpo quebrado
Vou conviver com o ritmo precário,
Encarar a dança de improviso.
E aceitar o fracasso sentenciado.
Se ando atrás de uma rima
É pra sossegar essa menina
Que habita meu corpo cansado.
Que quer dança sem ter ritmo
E faz passos desengonçados.
Lançando escrita por linhas tortas
- Palavra inúteis, Letras mortas.
Livros mudam a vida |
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